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quarta-feira, março 12, 2008

OS 300 ANOS DE GOLDONI EM PORTUGUÊS


Prolongaram-se entre nós por 2008 as comemorações do tricentenário de nascimento do dramaturgo Carlo Goldoni (Veneza, 25 de Fevereiro, 1707 – Paris, 6 de Fevereiro, 1793), reformador do teatro italiano na transição da tradicional commedia dell’arte (da qual foi expoente maior, com peças como o canónico Arlequim, Servidor de Dois Amos) para um novo teatro, de recorte ‘humanista’ e ‘realista’, destinado a um também novo público, de burgueses estabelecidos entre a arraia miúda dos campielli e a aristocracia. As criações do Ano Goldoni (centrado nos teatros nacionais) incidiram em Fevereiro 2007 e Fevereiro 2008, com duas co-produções do Teatro D. Maria II/ Teatro dos Aloés/Centro Dramático de Évora, das peças Criadas para todo o Serviço e A Guerra, em admiráveis traduções de José Colaço Barreiros (a primeira com chancela do Dona Maria, a segunda inédita em livro, por falta de verba ou de interesse), encenadas por José Peixoto (Teatro dos Aloés), com elencos das entidades produtoras. O Teatro São João (TNSJ) apresentou, também a fechar e apenas no Porto, uma magnífica encenação do grande criador italiano Giorgio Barberio Corsetti (co-autor da cenografia, com Cristian Taraborrelli) para O Café. Esta produção utilizou o texto traduzido por Fernando Mora Ramos e Isabel Lopes, do Teatro da Rainha, já editado na nova colecção Campo das Letras/TNSJ.
Criadas para todo o Serviço, estreado no Teatro Garcia de Resende, em Évora, passou pela capital na sala da Politécnica há ano e pouco; A Guerra, após carreira no TNDMII, chega aos Recreios da Amadora neste início de Março. Ainda em Fevereiro e também à Politécnica, levou o Teatro das Beiras Molière, estreado na Covilhã, encenado por Gil Salgueiro Nave (não vi). De A Guerra digo ser excelente texto teatral e duma espantosa actualidade – talvez o melhor exemplo da aproximação entre Goldoni e Brecht, defendida por especialistas como um Giorgio Strehler. O espec-táculo foi montado, porém, sem meios nem condições de produção, padecendo de amadorismos, da leitura cénica à direcção de actores, à iluminação – o que não honra currículos como os do encenador José Peixoto (estagiário com Strehler no Piccolo Teatro di Milano, já encenara Il Campiello no ex-CDIAG/Malaposta, que dirigiu) e do iluminador Carlos Gonçalves. Entre ambas as produções e de pior qualidade revelou-se Goldoni Terminus, antestreado em Julho no TNDM II. Espectáculo multinacional muito abaixo de padrões mínimos de qualidade, embora destinado à Bienal de Veneza, que celebrou a efeméride. Direcção do franco-italiano Toni Cafiero, textos encomendados a Edoardo Erba (italiano), Rui Zink (português) e Tena Stivicic (croata), variações sobre aventuras de personagens de Goldoni.



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