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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

CALE-SE - FESTIVAL DE TEATRO 2008 na recta final


O Festival Nacional de Teatro “CALE-se”, na sua segunda edição, organizado pelo Cale Estúdio Teatro, com o patrocínio da Delegação Regional da Cultura do Norte, entra na recta final. Dos oito grupos participantes, faltam apenas três apresentarem as suas produções, duas delas a concurso pela disputa de um dos oito Prémios CALE. A apresentação dos espectáculos mantém-se na Associação Recreativa de Canidelo, em Vila Nova de Gaia, com início marcado para as 21.45 horas.Eis a agenda:

1 Março - 21.45 horas

Participação especial de Grupo de Teatro Contra-Regra (Escola Sec. Inês de Castro – V. N. Gaia)“A VERDADEIRA HISTÓRIA DE ANDREIA BELCHIOR”OPSIS em Metamorphose (Cabeção, Mora)

8 Março - 21.45 horas

“ROMEU & JULIETA”Grupo de Teatro Contra Senso (Lisboa)

15 Março - 21.45 horas

“UMA VIAGEM PARA LÁ DO FIM”Companhia de Teatro Poucaterra (Entroncamento)

SESSÃO DE ENTREGA DE PRÉMIOS E ENCERRAMENTO DO “CALE-SE 2”

VARIAÇÕES À BEIRA DE UM LAGO


TMA estreia
Variações à beira de um lago
de David Mamet
encenação de Carlos Pimenta
música original de Mário Laginha
com André Gomes e João Ricardo


A Companhia de Teatro de Almada estreia na próxima Quinta-feira 28, pelas 21h30, o espectáculo Variações à beira de um lago, de David Mamet, com encenação de Carlos Pimenta, música original de Mário Laginha, cenário de João Mendes Ribeiro, vídeo de Alexandre Azinheira, e interpretação de André Gomes e João Ricardo. O espectáculo estará em cena na Sala Experimental do Teatro Municipal de Almada até 30 de Março, de Quarta a Sábado às 21h30 e Domingos às 16h00 (à excepção de Sexta 21 de Março, em que não há sessão).

Variações à beira de um lago, escrita quando David Mamet era ainda um jovem dramaturgo de 28 anos, usa a mesma técnica dramatúrgica de Pinter — que consiste em esconder as sensações por detrás das palavras e usar a comunicação para pôr em causa o próprio acto de comunicar. Dois velhos judeus quezilentos sentam-se num banco em frente ao Lago Michigan e conversam tanto acerca dos hábitos dos patos, como de outros temas dos quais não sabem absolutamente nada, embora disponham de uma infinita capacidade de especulação cómica para discuti-los. O que acaba por prevalecer nesta peça de teatro é a evidência da amizade que une estes dois homens, o medo que têm da solidão, e a consciência do fim inevitável das suas vidas que se esgotam.


David Mamet nasceu em Chicago em 1947. No início da sua carreira foi actor e encenador. Enquanto escritor obtém os primeiros sucessos com a chamada “Trilogia de Chicago”: Variações à beira de um lago (1976), Sexual perversity in Chicago e American Buffalo. De entre os inúmeros prémios recebidos pelo seu trabalho enquanto argumentista, novelista, poeta e ensaísta destacam-se: o Society of West End Theatre Award (1983), o Pulitzer Prize (1984), o Dramatists Guild Hall-Warriner Award (1984) e o American Academy Award (Óscar), em 1986. David Mamet escreveu, até à data, vinte e duas peças de teatro, catorze argumentos para cinema, seis ensaios, duas novelas e um livro para crianças.

TEATRO ARADO apresenta

AS HISTÓRIAS DO SR. KAUNER

Comemorando o Dia Mundial do Teatro, o TEATRO ARADO vai apresentar no Cine-Teatro Brazão, em Valadares, Vila Nova de Gaia, de 27 a 29 de Março, pelas 21,45 h, a sua nova produção

AS HISTÓRIAS DO SR. KEUNER

Poema de E. E. CUMMINGS


“fundemos uma revista
que se lixe a literatura
queremos uma coisa com sangue na guelra
piolhosa com pura
fedendo com absoluta
e destemidamente obscena
mas deveras limpa
estão a ver
não estraguemos a coisa
façamos a coisa a sério
qualquer coisa de autêntico e delirante
percebem qualquer coisa de genuíno como uma marca
numa retrete
agraciada com gana e esganada
com graça”
apertem os tomates e abram a cara


E. E. Cummings

(originalmente publicado em no thanks, de 1935), na tradução de
Jorge Fazenda Lourenço para a edição bilingue xix poemas, da
Assírio & Alvim

Passe os olhos pela Revista OBSCENA, in http://www.revistaobscena.com/


MORREU RUBENS DE FALCO


Actor brasileiro, 76 anos, faleceu em São Paulo

O actor brasileiro Rubens de Falco morreu esta sexta-feira (22/02/08), aos 76 anos, em São Paulo, vítima de uma paragem cardíaca, divulgaram fontes hospitalares.


Rubens estava há cerca de dois anos internado no Centro Integrado de Assistência ao Idoso (CIAI), na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC). Rubens de Falco teve diversas actuações na televisão, mas celebrizou-se com a personagem de Leôncio, na novela "Escrava Isaura" (1976), protagonizada pela actriz Lucélia Santos. No início da carreira, participou das actividades dos Jograis de São Paulo, ao lado de nomes como Armando Bogus e Ruy Affonso. De marcantes actuações no teatro, participou, entre outras peças, na montagem original de Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade, em 1963 no TBC). Rubens teve grande reconhecimento da crítica e do público ao começar a actuar na televisão, sendo frequentemente contratado para papéis em telenovelas. Leôncio, o senhor algoz da protagonista de Escrava Isaura, um dos maiores vilões de sempre da teledramaturgia, é considerado o maior papel de Rubens em TV. Na telenovela, Rubens foi por duas vezes imperador - Maximiliano em A Rainha Louca (1967) e Francisco José em A Última Valsa (1969) -, além de outros personagens de sucesso como o misterioso Agenor em O Grito (1975); Samir Hayala em O Astro (1978); Roberto Steen, o protagonista masculino de A Sucessora (1978); o poderoso Daniel em Gaivotas (1979) e o Barão de Araruna na primeira versão da novela Sinhá Moça (1986).



BABINE em digressão


«Uma narrativa escrita, mas também uma poderosa narrativa visual. Assim é a versão de "Babine, o parvo" que o teatro Art'Imagem leva amanhã ao público de Paredes de Coura. O texto de Lev Tolstoy foi encenado de forma a recriar a mítica alma russa, aliando ao trabalho dos actores suportes audiovisuais que permitem acompanhar a viagem da personagem central de uma forma mais próxima da realidade.Peça estreada em 2006, "Babine, o parvo" será também levada a São Paulo, no Brasil. É com este espectáculo que a companhia Art'Imagem participa na primeira edição do Festival Ibero-Americano de Teatro, a 3 de Março. Seguem-se apresentações em mais três cidades do Estado de São Paulo.Babine, um parvo que pretende correr a Rússia para ver o mundo e dar nas vistas, tem alguns problemas em fazer amizades. Não encontra as palavras certas e só se mete em complicações, mesmo depois de ser devidamente aconselhado por quem lhe é próximo. Babine é também um parvo que acaba por concluir que tem de pensar pela própria cabeça. E, no fim, continua vivo.Esta produção inclui duas narrativas audiovisuais que acompanham o texto uma com filmes e slides, outra que recorre às pinturas de Marc Chagall, Wassily Kandinsky e Kazimir Malevich. Desta forma, é dirigida tanto a crianças como ao público adulto. A sessão de amanhã, no auditório de Paredes de Coura, está marcada para as 15 horas.Com dramaturgia e encenação da responsabilidade de José Leitão, a peça é interpretada por Anabela Nóbrega, Ângela B. Marques, Pedro Carvalho e Valdemar Santos. O novo projecto da Art'Imagem, "Cantata para o honorável bandido chileno Joquín Murieta", estreia no dia 26 de Março, na Maia, por ocasião do festival "Primavera do Teatro". Será também um dos espectáculos do "Fazer a Festa", entre 25 de Abril e 4 de Maio, na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto».


ISABEL PEIXOTO, in JN 23 de Fevereiro de 2008

terça-feira, fevereiro 26, 2008

«ART'IMAGEM» NO PARQUE NASCENTE


TEATRO ART’ IMAGEM apresenta

“projecto 52 cenas in-visíveis” no C.C. Parque Nascente


No âmbito da programação idealizada pelo Centro Comercial Parque Nascente intitulada “365 dias de animação”, o TEATRO ART’ IMAGEM irá apresentar durante o mês de MARÇO, às quintas-feiras, pelas 20:30, na praça da restauração do centro comercial Parque Nascente

dia 6 Março: As Árvores também respiram !
Imagine que está a jantar ou a passear e é surpreendido ao ver árvores que se movem e respiram !... Imagine também que essas árvores, além de declamarem poesia e produzirem melodias silenciosas, lhe oferecem frutos !.... Esta performance só é possível acontecer no Parque Nascente, onde a imaginação e a criação não tem limites !
dia 13 Março: Salão In-Estética de Madame Gaby
Duas cabeleireiras tresloucadas e fofoqueiras invadem o Parque Nascente com as mais actuais criações estilísticas. É a oportunidade para os mais descabelados ficarem bem atados e os cabelos mais teimosos ficarem bem jeitosos ! O seu look irreverente não vai deixar ninguém indiferente...
dia 20 Março: Mulher Executiva que sonha ser Bailarina
Uma mulher opta por uma carreira de sucesso mas... o seu sonho sempre foi ser bailarina.
A sua cabeça vive dividida entre os negócios e a música que ecoa, levando o seu corpo a movimentos consecutivos pois a dança vive dentro de si. Ela vive num mundo muito próprio... de impulsos incontroláveis !
dia 27 Março: O Capuchinho Vermelho, a Avózinha, o Lobo e talvez o Caçador !
Uma divertida estória adaptada a partir de uma versão dos Irmãos Grimm de um conto transgeracional.
O Capuchinho Vermelho é assim representado por quatro actores numa criação muito livre, que valoriza essencialmente a plástica e a interacção com o público...

Relembra-se que o “projecto 52 cenas in-visíveis” é um formato in door que utiliza as mais variadas técnicas teatrais que vão do teatro físico, à pantomima passando pelo teatro invisível ou pelo teatro móvel, aliadas às técnicas de clown ou ainda à performance e instalação. Com esta palete de linguagens e estéticas pretende-se cativar, surpreender e divertir desde os mais novos até aos mais velhos ou o mais distraído dos espectadores, apostando no inesperado e no insólito, no cómico ou no dramático, no belo e no grotesco, no real e no imaginário. Neste projecto participam artistas de diversas áreas (actores, músicos, artistas plásticos e designers).

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O TEATRO NA ANTIGUIDADE - 4 (continuação)

Mapa da Mesopotâmia
Primeiras manifestações teatrais nas civilizações da Antiguidade
Mesopotâmia




Foi graças à chegada dos Sumérios à Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. que despontou a literatura naquela região. Por isso é comum dizer-se que A História começa na Suméria, precisamente o título da obra mais conhecida de Samuel Noah Kramer.
As múltiplas criações literárias sumérias indiciam uma preocupação clara de registo dos avanços do conhecimento obtido pelo seu povo e é na sua literatura que encontramos os primeiros paralelos bíblicos, como a luta entre dois irmãos, a crença na moldagem em barro do primeiro homem, a descrição de um Dilúvio que dura sete dias e sete noites e para o qual Utnapischtim, o «primeiro Noé», se precavê por ordem do deus Ea, construindo uma barca.
É também na literatura suméria que pode ver-se a primeira narrativa da ressurreição, a concepção de um paraíso e de um inferno de onde se não regressa, ou mesmo um código legislativo, as leis de Ur-Nammu,
Ur Nammu (2113-2095)

primeiro rei da 3.ª dinastia de Ur (2112-2003 a.C.), elaborado, portanto, antes do célebre Código de Hamurábi e igualmente anterior ao Decálogo de Moisés.
Nos muitos textos já descobertos e outros que continuam a aparecer ou a serem decifrados, podem ver-se imensos provérbios e fragmentos de textos épicos, bem como as disputas literárias, sobretudo estas últimas, pela forma dialogada que opõe os conceitos dos contendores, indiciando já o embrião de um desenvolvimento que mais tarde daria lugar à produção de obras poéticas de conteúdos mitológicos e épicos de grande envergadura estilística e intelectual.
A prova da imensa riqueza e diversidade criativa da sua literatura ficou bem patente após a descoberta da biblioteca do monarca assírio Assurbanípal (668-627 a.C.), na cidade de Nínive, na margem esquerda do rio Tigre, rigorosamente organizada, e que foi a mais antiga biblioteca da humanidade, tendo chegado até nós cerca de 25.000 placas e fragmentos.
Assurbanipal


Embora nada se conheça sobre a existência de teatro na Mesopotâmia, sabe-se que teve uma literatura muito desenvolvida, sobretudo em obras de culto religioso, onde aparecem já diálogos, tal como se pode ver na célebre epopeia de Gilgamesh.


Gilgamesh


São bastantes as afinidades entre lendas e versões dos deuses mitológicos sumérios e aquelas que mais tarde viremos a encontrar, tanto no Velho Testamento como na própria mitologia grega, revelando-nos a inegável influência e difusão da cultura suméria.
Os estudos e as descodificações da escrita encetadas por investigadores estão longe de estar concluídas, tal a profusão de vestígios arqueológicos que repousam ainda nos laboratórios além dos que continuam ainda hoje a ser descobertos, pelo que não é de admirar que mais cedo do que se pensa, venhamos a possuir novos e importantes referências. Tal como nada nos impede de pensar que trechos do Gilgamesh (e de outras obras) tivessem sido representados.


Fragmento da epopeia de Gilgamesh


FERNANDO PEIXOTO

terça-feira, fevereiro 12, 2008

ART'IMAGEM APRESENTA BABINE, O PARVO



Teatro Art’ Imagem apresenta Babine, o parvo na Quinta da Caverneira, Águas Santas

Maia de 16 a 22 de Fevereiro



Esta temporada de representações insere-se num protocolo de colaboração cultural entre a Câmara Municipal da Maia e o Teatro Art' Imagem com vista à dinamização do auditório da Quinta da Caverneira
Sendo um espectáculo para todos, a temporada contempla sessões para o público em geral e sessões para grupos escolares:
para o público em geral: dia 16, sábado, às 21h30 / dia 17, domingo, às 16h00 / dia 22, sexta, às 21h30
para grupos escolares: do dia 18 ao dia 22, com sessões diárias às 10h00 e às 14h30.
Inf e bilheteira: 22 208 40 14 ou 96 020 88 19

Localização da Quinta da Caverneira: perto da Escola Secundária de Águas Santas). Sentido Alto da Maia-Areosa, Rua D. Afonso Henriques, virar à direita para Rua João XXIII (Banco BPI na esquina) e depois virar na 1ª à direita (rua de sentido único que termina em frente ao portão principal da Quinta).

“BABINE, o parvo” é da autoria de León Tolstoi, com tradução de Luíza Neto Jorge, encenação de José Leitão, interpretação de Anabela Nóbrega, Ângela B. Marques, Pedro Carvalho e Valdemar Santos, música de Carlos Adolfo, vídeo de Paulo Martins e figurinos de Fátima Maio.
Sobre o espectáculo:
A encenação pretendeu recriar a atmosfera de uma mítica “alma russa”, desde a música às danças e guarda-roupa, criando-se uma variedade de jogos teatrais para acompanhar um texto minimalista e repetitivo, como sempre acontece com estas histórias de exemplo. (Um parvo houve por bem / Ir correr a Rússia a fundo / Para ver se via o mundo / E dar nas vistas também..)"
Em paralelo com o jogo de actores, desenrolam-se duas diferentes narrativas audiovisuais: a primeira, com pequenos filmes e slides onde desfilam cenários, lugares e situações por que passa Babine na sua viagem pela paisagem e história russas; a segunda, partindo das pinturas de Chagall, Kandinsky e Malevich, para se chegar à criação de um ambiente encantatório, levando os espectadores a acompanhar a acção como estivessem a vê-la através de um caleidoscópio. (E lá vai Babine de terra em terra, calcorreando os vastos caminhos da Rússia que, como todos sabem, não é só um país mas muitos países juntos, à procura de outros lugares e gentes passando pelas mais inesperadas situações).
O nosso herói quer fazer novas amizades mas nunca encontra as palavras certas para que os desconhecidos aceitem de bom grado a sua presença, dizendo sempre coisas inconvenientes e desadequadas ao momento. A sua mãe, mulher e irmã estão sempre a pregar-lhe sermões e a dar-lhe conselhos, depois de cada situação desagradável por que passa. Babine toma nota deles para segui-los mais tarde. Só que os utiliza em situações diferentes e que requeriam outros procedimentos, gerando novas complicações...
Mas, à sua custa, Babine, acaba por entender que tem de saber pensar pela sua própria cabeça. E ao contrário da história popular que acaba com a sua morte, pode dizer no final “ontem fui parvo, pois fui, não o serei nunca mais” e continuar vivo.
Para esta peça que vos apresentamos, convocamos León Tolstoi, um nome maior da Literatura Universal e Luíza Neto Jorge, uma voz singular da nossa poesia contemporânea. “Babine, o Parvo”, sendo de poucas palavras, é um espectáculo quase bilingue, com textos falados em russo, em homenagem à história, cultura, literatura e língua russa e também às comunidades imigrantes que connosco vivem e trabalham. Um pretexto também para falar de acontecimentos históricos, movimentos e personalidades artísticas do teatro e do cinema, da música e da dança, da pintura e da literatura, que influenciaram o mundo em que vivemos


Teatro Art' Imagem

Rua da Picaria, 89, 4050-478 PortoT. 22 208 40 14 - F. 22 208 40 21E

UMJ PORTO CAMILO


A Companhia Teatral de Ramalde, da Associação 26 de Janeiro, estreia no próximo Sábado, 16 de Fevereiro, pelas 21,45 h., na sua sala, à R. de Requesende, 194


UM PORTO CAMILO


Trata-se de uma espectáculo baseado na obra de Camilo Castelo Branco, O QUE FAZEM MULHERES, numa adaptação e encenação de Alfredo Correia.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

O TEATRO NA ANTIGUIDADE (Continuação - 3)




«O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel» - PLATÃO


O teatro primitivo


O problema das origens do teatro é uma questão ainda hoje polé­mica e para a qual se encontram múltiplas explicações, muitas delas no domínio da mera especulação, quer porque o teatro é bem anterior à escrita, quer porque se trata duma arte que usando embora o ser humano como veículo primeiro da emissão­-recepção do momento criador, utiliza como acessórios o instante e o material perecível.
Na fase que antecede a escrita, apenas nos é possível detectar o local ou locais onde ele seria representado, e mesmo neste caso, através da via da tradição oral, também ela um registo falível, mais tarde gravado em documentos escritos e, logo, redigidos em consonância com o que se ouviu e... com o que se imaginou.
Os historiadores do teatro contraíram, porém, uma dívida para com a Antropologia Cultural. É que graças a esta disciplina do conhecimento e aos estudos da Etnografia Comparada é hoje possível, com relativa garantia, perce­bermos como teria surgido o teatro.
Provavelmente teremos de remontar aos rituais do homem «primiti­vo» quando, em redor do fogo, dançando e gesticulando, implorava o favor das di­vindades totémicas para o êxito na caça, para os bons auspícios dos recém-nasc­idos, para uma «vida» tranquila após a morte. E mais tarde, colocando mesmo disfarces, usando máscaras, fazendo mímica, comunicando algo como expressão co­lectiva do clã ou da tribo, individualizando-se no seio da comunidade, «vestindo» uma identidade de circunstância tornava-se, sem o saber, o primeiro actor da história do teatro.



«Era uma vez uma época em que o mundo mergulhara num estado de torpeza moral. As pessoas tinham-se tornado escravas de paixões irracionais. Era preciso encontrar um novo meio (“não apenas edificante mas também agradável aos olhos e aos ouvidos”) capaz de resgatar a humanidade. Por isso Brahma, o Criador, combinou elementos dos quatro Vedas (textos sagrados) para criar um quinto texto, o Veda da representação teatral. Como os deuses não eram capazes de praticar a disciplina do teatro, o novo Veda foi transmitido a Baratha, um ser humano. E Baratha, com a ajuda dos seus cem filhos, bem como de vários dançarinos celestes enviados por Brahma, encenou a primeira peça. Os deuses concorreram entusiasticamente para dotar a nova arte de um máximo de expressividade.
A peça representada por Baratha narrava a história do conflito entre os deuses e celebrava a vitória final destes. Deuses e humanos ficaram encantados com o espectáculo. Mas os demónios, que faziam parte do público, ficaram profundamente chocados. Interromperam, pois, a representação teatral e utilizaram os seus poderes sobrenaturais para paralisar a palavra, os movimentos e a memória dos actores. Em resposta, os deuses atacaram os demónios e mataram alguns deles.
Seguiu-se uma luta violenta. Então, Brahma, o Criador, aproximou-se dos demónios para lhes falar. O Teatro, explicou ele, é a representação do estado dos três mundos. Incorpora os fins éticos da vida — o espiritual, o secular e o sensual —, suas alegrias e tristezas. Não há sabedoria, arte ou emoção que nele não se possa encontrar. (Templo de Baratha na Índia)
Depois pediu a Baratha para o espectáculo prosseguir».

(Excerto do texto que o dramaturgo indiano Girish KARNAD escreveu para o Dia Mundial do Teatro de 27 de Março de 2002).


FERNANDO PEIXOTO

ENTRE A PIEDADE E A INDIGNAÇÃO - UM CASO DE PLÁGIO !


Plágio ((do Lat. plagiu << Gr. plágios, oblíquo, indirecto, astucioso)
substantivo masculino
o m. q. plagiato; cópia fraudulenta do trabalho de outrem que um autor apresenta como sua>

Já fatigado, parei. Não, não estava cansado pela observação feita, mas pelo crescer de indignação que me invadia. Mas passemos ao cerne da questão.
Ao passar os olhos por uma pequena obra (cerca de 90 páginas) que se assumia como ajuda para a técnica do actor, assaltou-me a estranha sensação de déjà vu!
Esta obra era da «autoria» de um amigo meu!
Busquei, então, obras que tratavam da mesma matéria. E encontrei
Cerca de 30 anos antes, um notável poeta e combatente antifascista, que se vira obrigado ao exílio, (infelizmente já falecido) publicara uma obra sobre o mesmo tema e com título semelhante.
Fui lê-la: lá estava a explicação:
Grande parte da obra do meu «amigo» fora COPIADA daquela. E onde, na original, aparecem citações com aspas e mesmo referências a outros autores de que se serviu, nesta cópia grosseira e oportunista essas citações e referências foram simplesmente banidas. Páginas e páginas inteiras foram literalmente copiadas e só não as contabilizei porque cheguei a uma altura em que já não aguentava mais a DESILUSÃO e o DESGOSTO!
É que com amigos assim, que cobram publicações com o trabalho alheio, já não preciso de inimigos!
Perguntar-me-ão: então não divulgas os nomes?
Não. O plagiado já faleceu. O plagiador, já entrado na idade, felizmente está vivo e passeia-se por aí com o ar mais feliz deste mundo.
Ele que continue pavoneando-se. Talvez a consciência o morda, um dia.
Mas não mais voltarei a olhá-lo com os olhos de antigamente.

FERNANDO PEIXOTO