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segunda-feira, fevereiro 20, 2006

ALUNOS DE TEATRO DA ESAP EM ALIJÓ



Os alunos do Curso Superior de Teatro subiram ao Palco do Teatro Auditório Municipal de Alijó na passada sexta-feira, 13 de Janeiro.
Os alunos do 1.º Ano do Curso Superior de Teatro da ESAP levaram à cena a peça O Fabricante de Máscaras, da autoria do famoso mimo francês Marcel Marceau, numa bela encenção de Roberto Merino, encenador, professor e director de curso da ESAP.
O espectáculo adquiriu uma beleza surpreendente: a gestualidade dos actores em palco, aliada às máscaras e ao belíssimo desenho de luzes proporcionou momentos de grande beleza estética.
Espectáculo de características pouco usuais entre nós, O Fabricante de Máscaras revela como a comunicação ultrapassa as meras barreiras da língua quando convergem em cena outras linguagens, também elas dotadas da expressividade necessária para o entendimento entre os homens. Aliás, há muito da matriz original do teatro neste espectáculo.
Segundo a crítica publicada localmente, aquando da apresentação, «esta forma diferente de representação surpreendeu positivamente os espectadores, que se mostraram agradados por assistirem a uma peça sem diálogos, onde a mensagem se fez passar pelos movimentos dos actores e pelos sons que encheram o palco.Foi sem dúvida um bom exercício, prometendo uma grande carreira para estes jovens actores que agora iniciaram o Curso Superior de Teatro, demonstrando também que esta invulgar abordagem da arte do palco passa bem para públicos do interior, também sensíveis a esta forma de cultura».
Para nós, que diariamente acompanhamos estes alunos e a sua extrema dedicação ao teatro, é mais um motivo de grande satisfação e apenas lamentamos não possuir nenhuma imagem em arquivo para podermos ilustrar um ou outro dos maravilhosos momentos a que assistimos quando vimos o mesmo espectáculo no Teatro Sá da Bandeira.
Isto fica como alerta para futuras iniciativas, lembrando que será a ESAP a primeira interessada em difundir estes belos trabalhos dos seus alunos.
Que este alerta não caia em «saco roto» e sirva ainda para lembrar que tem havido outras interessantes iniciativas como o espectáculo Shakespeare Vagabundo ou o Hamlet, peça representada pelos alunos do mesmo curso de Teatro da ESAP no FITEI de 2005 e que mereceu os maiores encómios do crítico Carlos Porto.
Na época da comunicação e dos media, importa que não deixemos passar em silêncio estes factos que podem ser bem a base do futuro do teatro em Portugal.
FERNANDO PEIXOTO

domingo, fevereiro 19, 2006

TEATRO

Publicado em http://www.locurapoetica.com/teatro/teatro.htm

Para Marcelo Romano, con la admiración del autor
Hacer teatro, no es
dejar la vida correr,
cruzar los brazos, vivir,
dejar correr el marfíl;
y si a veces se dice sí,
muchas veces se dice no.
Aunque le cueste al actor
mantener el derecho al pan,
no duda en decir NO
cuando un NO es la verdad,
y mantiene la liberdad
de decir que no, que si,
por cuestión de dignidad,
porque el Teatro es así.
Porque el Teatro es la vida
y la verdad es su norte,
el actor desafía la suerte
y la mentira es vencida.
Pero en la lucha desigual
entre la verdad y la mentira,
si en unos desarma la ira,
en otros refuerza el Amor,
y en esta dicotomia
que es el Teatro, al final,
vence el Bien, que es la Verdad,
cae la Mentira, que es el Mal.
Y la máscara de la ilusión
com que el hombre se disfraza
queda postrada en el suelo
ante el humor de una farsa.
Siempre así fue y será
(es esa nuestra certeza)
porque el Teatro es la mañana
que dá vida a la naturaleza,
porque el Teatro es la alegría
de saber que vale la pena
transferir el día a día
para el amago de la Escena.
Y repleto de esperanza,
sereno, firme y seguro,
el actor es un niño
que cree en el futuro.
Y hace de la creencia un Amor
tan largo, grande y profundo,
que aun pobre, el Actor,
es el más rico del mundo!

FERNANDO PEIXOTO
Portugal

(Fernando Peixoto es Profesor de História del Teatro en ESAP - Escuela Superior Artística de Porto.
En la Universidad de Porto es investigador de História Contemporanea en el área de Política Institucional )

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

NOVIDADES


A
COMPANHIA TEATRAL DE RAMALDE
está disponível a partir do mês de Março, para levar este espectáculo em itinerância pelo País.
sua última produção, estreou no âmbito do AMASPORTO 2005

“A VIDA É UMA PEÇA DE TEATRO QUE NÃO PERMITE ENSAIOS. DANCE, CHORE, RIA, E VIVA INTENSAMENTE ANTES QUE A CORTINA SE FECHE E A PEÇA TERMINE SEM APLAUSOS”
(Charlie Chaplin)

NOVOS TEXTOS TEATRAIS


Amigos:
Já podem aceder a novos textos teatrais, procurando no site abaixo:

Tres nuevos textos teatrales en www.celcit.org.ar Tres nuevos textos teatrales, de lo mejor de la dramaturgia iberoamericana contemporánea, a tu disposición en la sección Publicaciones/Dramática Latinoamericana de www.celcit.org.ar ; desde allí podés bajarlos a tu PC, sin cargo alguno.Ya son más de 200 los textos publicados, procedentes de Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, España, Francia, México, Perú, Portugal, Puerto Rico, Uruguay, Venezuela... Los nuevos textos son:216. Agonía. Luis Miguel González Cruz (España)217. Caperucita a medianoche. Juan Martins (Venezuela)218. La buena vida. Ricardo Prieto (Uruguay)

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

O TEATRO NO BRASIL: de Anchieta a Manuel Botelho de Oliveira



A Companhia de Jesus é fundada por Inácio de Loyola em 1534. O seu principal objectivo é o de estender a fé cristã entre os povos do mundo a que as naus portuguesas e espanholas iam aportando. Além disso, em Portugal e Espanha procuravam controlar os estabelecimentos de ensino na mira de formarem quadros devidamente preparados para as tarefas da missionação.
O classicismo impusera múltiplos ditames culturais e estéticos e a sua influência é tão saliente que a produção literária e científica europeia faz-se maioritariamente em latim. O teatro, sobretudo entre as elites, adopta igualmente esta língua, como acontece em Portugal, quando o Colégio das Artes, em Coimbra, cai sob a alçada dos Jesuítas. Difunde-se a tragédia latina nos colégios sob o seu domínio em Évora, Coimbra, Santarém, Lisboa, Braga e Bragança, tanto mais que a Ratio Studiorum impunha aos alunos que falassem entre si e com os mestres sempre na língua de Virgílio, a mesma em que se representavam as tragédias e que servia como veículo de comunicação nas aulas entre professores e alunos.
A tragédia e a tragicomédia religiosa neolatinas assumem por vezes proporções de grande qualidade estética e literária, como o revela Claude-Henri Frèches a propósito da obra do padre jesuíta Luís da Cruz, que, entre outras, escreveu as tragicomédias Prodigus, Vita Humana, Sedecias, Manasses Restitutas, etc., e que é considerado por alguns estudiosos como um dos dramaturgos portugueses que melhor dominou a produção dramática em Latim.
A expansão comercial e de conquista, rumando aos portos do Oriente ou da América do Sul, transportava simultaneamente a espada e a cruz. Guerreiros, comerciantes e Jesuítas formavam o trio que partia à conquista de novos territórios, de novos mercados, mas também na busca incansável da conversão das almas para a fé cristã.
Grandes cultores do teatro, de resto recomendado pelo próprio Loyola nos seus Exercícios Espirituais, os Jesuítas foram os principais responsáveis pela sua difusão nas longínquas paragens onde aportavam as naus quinhentistas. Levaram-no com eles na Expansão, representaram-no nos mais recônditos lugares do mundo onde chegaram, nos séculos XVI e XVII, do Japão ao Brasil. E se nem sempre se preocupavam com o facto de os indígenas não perceberem a língua, o certo é que o rigor das encenações, a exuberância dos figurinos, a espectacularidade dos cenários, logravam, mesmo assim, tornar compreensíveis as mensagens que pretendiam fazer passar: tratava-se de temas religiosos tornados acessíveis através dos diversos recursos que utilizavam na forma espectacular como se apresentavam. Assim se percebe que orientais e ameríndios ficassem fascinados com as suas representações, mesmo quando não percebiam o que diziam.
Quinze anos após a sua criação, desembarcam no Brasil os primeiros jesuítas chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega. Vinham incumbidos pelo monarca D. João III de congregarem as populações autóctones em aldeamentos, uma forma de os fixar num dado território e assim poderem exercer sobre eles um acompanhamento mais próximo que permitisse a sua catequização.
A terceira equipa de missionários jesuítas chegou ao Brasil em 1553. Integrava-a um jovem espanhol, de 19 anos de idade, chamado José de Anchieta, que entrara aos 14 para o Colégio das Artes, em Coimbra, onde por certo terá assistido a representações de peças vicentinas, como se deduz das influências que demonstram as suas produções dramáticas.
O jovem Anchieta possuía já uma sólida formação cultural que aproveitava para verter nos seus trabalhos poéticos e epistolográficos, na sua sermonária e nos seus textos dramáticos.
Instalado no que mais tarde viria a ser S. Paulo, Anchieta bem cedo percebeu que pela via da representação teatral poderia muito mais facilmente atingir os seus objectivos de catequização, não se limitando aos povos indígenas, mas estendendo-a igualmente àqueles que por qualquer razão, incluindo o degredo, se encontravam na colónia. E deitou mãos à tarefa de redigir autos e outros textos dramáticos, utilizando uma mescla linguística de latim, português, castelhano e dialecto local que aprendera com o intuito de poder chegar mais perto e com maior eficácia à evangelização das populações autóctones.
As suas produções dramáticas beberam na tradição aprendida na Península Ibérica com os mistérios medievais, as moralidades, as representações das vidas de santos, como ponto de partida para fornecer os exemplos de conduta que permitiriam conduzir ao fortalecimento da fé e à salvação.
As efemérides religiosas, as chegadas de relíquias e as procissões que se organizavam constituíam o pretexto para as representações que chegavam mesmo a integrar actores índios no elenco, com os adultos interpretando líderes locais que se opunham à ocupação e as crianças encarnando personagens angélicas, tudo servido por uma profusão de efeitos cénicos verdadeiramente exuberantes, deslumbrando os olhos extasiados dos ingénuos espectadores.
As representações dos autos decorriam em regra nas aldeias indígenas e a elas assistiam tanto os índios já convertidos como aqueles que estavam ainda por evangelizar. Era sobretudo aqui que se recorria aos textos que integravam os dialectos. Havia ainda outras representações, destinadas ao público em geral e que se realizavam nas praças das cidades. Por vezes desenvolviam-se mesmo ao longo de um determinado percurso por onde se estendia o cortejo que transportava as imagens ou as relíquias sagradas.
Os textos, sob a forma de Autos, misturavam episódios cómicos e trágicos, conforme a intenção da mensagem que se pretendia transmitir e tanto utilizava personagens alegóricas (a «Vila» ou o «Governo», por exemplo), como figuras simbólicas (a «Ingratidão», o «Mundo») ou mesmo personagens históricas e sagradas.
Crê-se que a primeira obra de José de Anchieta terá sido representada pelo Natal de 1561 e era denominada Auto da Pregação Universal. O título advinha precisamente do facto de ser escrita em português, castelhano e tupi, incluindo a variante tupinambá.
Apesar da sua intensa actividade missionária e do empenhamento como medianeiro no conflito que opunha os Portugueses aos invasores franceses e aos índios tamoios seus aliados (Anchieta chegou mesmo a estar refém destes índios), a sua produção literária não pára e compõe de memória Da Bem Aventurada Virgem Maria, em 1563, um poema que só mais tarde viria a passar a escrito. Nesse mesmo ano é publicada, em Coimbra, a obra em latim intitulada Gestis Mendi de Saa. O seu labor não conhece paragens e o seu estudo não cessa. Estuda teologia e em 1567 é finalmente ordenado sacerdote.
Em 1577, representa-se em S. Vicente o seu Auto de Santa Úrsula. Logo no ano seguinte é nomeado superior dos jesuítas e nessa qualidade inicia uma verdadeira peregrinação pela costa brasileira, acompanhando a actividade das missões religiosas e fundando povoações como Guaraparim, Reis Magos ou Reritiba, entre outras.
À medida que se ia deslocando, ia escrevendo e organizando as suas representações nessas localidades. Mas é sobretudo quando se vê liberto da responsabilidade de superior provincial que a sua produção dramática conhece um maior impulso.
Dedica-se igualmente ao labor histórico, consumado em 1584 através da Informação do Brasil e de suas Capitanias.
No ano de 1587, no adro da capela de S. Lourenço, actual cidade de Niterói, representa-se o seu Auto de S. Lourenço, em homenagem ao santo martirizado pelos Romanos. O auto, em cinco actos, pretende homenagear o padroeiro local, mas vai mais longe. No primeiro acto descreve o martírio do santo às mãos dos Romanos. Mas no acto seguinte a intenção é já a de denunciar as maldades praticadas por demónios que visam destruir a aldeia, intento que irá ser contrariado pelos esforços conjuntos de S. Lourenço, de S. Sebastião e do Anjo da Guarda. E não é por mero acaso que os nomes dos demónios são precisamente os de chefes índios pertencentes à Confederação dos Tamoios, aliados dos Franceses e mortos no decurso das lutas que os Portugueses travaram para suster as tentativas francesas de ocupação, na década de sessenta. A peça decorre ainda com os demónios já vencidos a serem convidados pelo anjo para torturarem os imperadores romanos Décio e Valeriano, culpados da morte de S. Lourenço. A tirania era assim castigada precisamente por quem antes colaborara com os próprios inimigos.
A peça, repleta de anacronismos mas também de alegorias, não deixa de ser interessante pelos múltiplos recursos de que se serve. A realidade local está presente tanto pela inclusão de indígenas na representação de algumas personagens, incluindo um grupo de crianças que no último acto executa uma dança de louvor a S. Lourenço, como pela utilização de diálogos e vocábulos em línguas diversas como o português e o castelhano (o bilinguismo dirigia-se aos colonos portugueses e aos muitos espanhóis que então se encontravam no Brasil), o guarani, o tupi e o tupinambá. O acompanhamento musical, as danças e o recurso à prática do sermão (pregado pelas personagens «Temor de Deus» e «Amor de Deus») convergem para enriquecer a representação, conferindo-lhe uma grande diversidade de ritmo, de colorido e de movimento que naturalmente prendiam a atenção dos espectadores.
Por volta de 1585, assiste-se à representação de um outro Auto na aldeia de Guaraparim, no Espírito Santo, integralmente escrito na chamada língua «brasílica», um misto de dialectos locais. Mais uma vez os demónios pretendem dominar a aldeia, buscando a cumplicidade de um índio de nome Pirataraca, já falecido. Mas a alma de Pirataraca permanece fiel à fé cristã e acaba sendo ajudada por um anjo, salvando-se assim a aldeia do ataque inimigo. A preocupação nesta, como noutras peças, não se restringia apenas à difusão da fé. O seu intento era ainda o de condenar práticas tradicionais que colidiam com os valores cristãos, como a poligamia, o fumo ou a antropofagia.
Além das obras mencionadas, Anchieta escreveu ainda outras como Na Vila de Vitória, uma peça cujo intento era o de justificar a legitimidade de Filipe II como rei de Portugal, ou Na Visitação de Santa Isabel, seu derradeiro texto.
Para Décio de Almeida Prado, historiador do teatro brasileiro, permanecem dúvidas sobre a autoria de algumas das peças atribuídas a Anchieta. Mas, decorridos mais de quatro séculos, tal dúvida não se afigura como algo de importante. O certo é que o espólio dramático que lhe é atribuído constitui sem dúvida o verdadeiro nascimento de um teatro feito no Brasil e especialmente destinado aos seus naturais.
Com 60 anos de idade é já um homem fatigado. Mesmo assim, no ano seguinte (1595) Coimbra publica a sua famosa Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil.
Morre aos 63 anos de idade em Reritiba, no estado de Espírito Santo. O seu corpo foi a sepultar na cidade de Vitória, mobilizando um cortejo acompanhado por milhares de índios. Em sua memória, a cidade de Reritiba passou a denominar-se Anchieta, homenageando o missionário que João Paulo II beatificou em 1980.
Seria de esperar que o século XVII desse continuidade a esta produção teatral de tanta importância para a catequese jesuítica. Mas, se por um lado não surgiram homens vocacionados para esse género literário, há que reconhecer que as tarefas dos missionários eram agora bem mais necessárias na luta pela defesa dos índios contra os ataques sistemáticos que a exploração colonizadora desferia sobre as populações nativas.
A instabilidade social, militar e política do século XVII não era favorável ao desenvolvimento de actividades de cariz cultural. Um conjunto de lutas e de rebeliões, de guerras contra franceses e holandeses, de conflitos entre jesuítas e colonos, impediram que os homens da Companhia de Jesus pudessem dar continuidade à linha condutora de evangelização que caracterizara o século precedente. E o teatro jesuítico deixa, praticamente, de existir, sobrevivendo apenas em algumas manifestações quase exclusivamente confinadas ao interior dos colégios.
Sabe-se que esporadicamente, para celebrar algum evento cívico ou religioso mais significativo, se organizavam representações. Assim aconteceu em 1620, na Baía, com a representação de um Drama. Também se representavam comédias, como aconteceu no Rio de Janeiro, em 1641, para comemorar a Restauração da Independência de Portugal, mais tarde repetidas no Recife e no Maranhão, ou na Baía, em 1662, celebrando o casamento de Carlos II de Inglaterra com a princesa Catarina de Portugal.
Aquando da instalação da Província Franciscana da Imaculada Conceição no Rio de Janeiro, em 1678, terão ocorrido diversos festejos que integraram representações teatrais. Há ainda notícia da apresentação de um Auto de S. Francisco Xavier no Maranhão, em 1688.
Mas não haveria produção literária dramática no Brasil? É bem possível que alguns divertimentos parateatrais, ou mesmo representações de comédias tivessem sido criados por naturais da colónia. É provável que tal acontecesse dada a influência que o teatro espanhol assumiu no século XVII. E, por certo, o Brasil não estaria de todo imune a estas influências. Mas são muito escassos os registos disponíveis a este respeito.
Deste panorama sobressai o nome de Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), um baiano culto e poliglota, cultor exímio do barroco então em voga, que em 1705 vê publicadas em Portugal (os prelos eram proibidos na colónia) poesias e duas obras dramáticas redigidas em castelhano e enformadas pelo estilo espanhol, da comédia de capa e espada, textos que, provavelmente, nunca chegaram a ser representados: Hay Amigo para Amigo e Amor, Engaños, y Zelos.
FERNANDO PEIXOTO - In Teatro-Enciclopédia Didacta.Agualva-Cacém, 2005

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

TEATRO OBRIGATÓRIO: A NOVA UTOPIA



DESCULPEM-ME INVADIR NOVAMENTE ESTE BLOG, MAS DESTA FEITA QUERO TRANSCREVER AQUI UM COMENTÁRIO SOBRE UM ESPECTÁCULO MEXICANO DE ENORME IMPORTÂNCIA. VAI EM CASTELHANO E FOI PUBLICADO NAS NOTÍCIAS DO CELCIT Nº 319 DE 10 DE FEVEREIRO DE 2006:
MÉXICO. Proponen la obligatoriedad del teatro como la nueva utopía
Estrenarán montaje en el Centro Cultural Helénico.Alguien pudiera imaginarse que la asistencia al teatro fuese obligatoria, así como las consecuencias que eso implicaría. Pues esta es la cuestión en la que se profundiza de manera ''irónica y crítica", en el montaje Teatro obligatorio, según comenta el creador escénico David Psalmon. La obra será estrenada el sábado 11 en el Centro Cultural Helénico. Basada en tres textos del dramaturgo alemán Valentin Ludwig Fey, conocido como Karl Valentin (1882-1946), la puesta en escena ''es muy divertida y profunda a la vez", indica Psalmon. Es un montaje ''que provoca una serie de preguntas sobre el teatro y el arte en general, así como su posición y porvenir en las sociedades llamadas modernas". Asimismo, ''se ponen de manifiesto cuestiones que se callan en la comunidad teatral, por lo que quizá -añade el director- no falten las reacciones de muchos a quienes no les gusta que se les toque". Valentin fue un dramaturgo cuyo talento lo ha convertido ''en un auténtico clásico del repertorio cómico y cabaretero alemán de los años 20 y 30. Es un verdadero precursor del teatro del absurdo, ya que logró mucho antes que Ionesco y Beckett, esa fusión de la comicidad y de la tragedia cotidiana". Este autor, explica David Psalmon, ''es en Europa un referente. Su humor fue muy vanguardista y tuvo una influencia muy fuerte sobre Brecht". HERRAMIENTA DE TRANSFORMACIÓN. Ahora Psalmon retoma y conjuga tres textos de Valentin para crear el montaje Teatro obligatorio. Uno es La salida al teatro y los otros son dos cartas; Carta a un director de un teatro, en la que con ironía y sarcasmo hace una incisiva crítica a las autoridades e instituciones culturales. ''Lo que hemos hecho es recontextualizar esa carta a la realidad mexicana". La otra es lo que Psalmon llama ''El manifiesto", el cual tiene que ver precisamente con el teatro obligatorio y que ''es presentado por vez primera en México". En ese texto, ''el autor sostiene que la única manera de salvar al teatro es haciéndolo obligatorio, lo cual podría parecer un chiste; sin embargo, si se reflexiona de manera más profunda y en el contexto de nuestras sociedades llamadas modernas, el asunto cobra otra dimensión". El propósito del montaje, concluye el creador escénico, ''es proponer -como expresa uno de los personajes de la obra- que el teatro obligatorio sea como la nueva utopía. Ella dice que la nueva revolución no se hará con las armas, sino con el teatro, como una herramienta de transformación política, económica y social". Con el auspicio del Patronato de la Industria Alemana para la Cultura y el segundo Festival Internacional de las Artes de Mérida, así como las actuaciones de Enrique Arreola, Norma Angélica y Madeleine Sierra, Teatro obligatorio se estrenará este sábado a las 20:30 horas en La Gruta, del Centro Cultural Helénico, en avenida Revolución 1500, San Angel. Carlos Paul. La Jornada. 8 de febrero de 2006.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

BABINE pelo Teatro Art'Imagem



“Um parvo houve por bem
Ir correr a Rússia a fundo
Para ver se via o mundo
E dar nas vistas também…”

Adaptado de um conto de Leon Tolstoi, o Teatro Art´ Imagem apresenta a sua última produção no aniversário dos seus 25 Anos de Actividade Teatral, no pequeno auditório do Teatro Municipal Rivoli.

Este Babine, o Parvo é parente de todos os parvos do mundo que partindo a procura do conhecimento sofrem duras penas pela conquista do saber. Irmão do Pedro Urdemales ou o Pedro das Malas-artes, acabará por conquistar a verdade e o respeito da família depois de passar por muitas peripécias, como o rapazinho dos irmãos Grimm que partindo a procura do medo conquista o amor da filha do rei e um balde de agua fria.

Espectáculo musical emoldurado pela transparência videográfica que inspirada em Chagall, marca cromaticamente a viagem por uma Rússia primeiro e mais tarde pela historia da URSS.

Para todas as idades, falado em português e com frases que se repetem em russo o espectáculo poderá fazer as delícias do público que se identificará com esta personagem singular, intrépida e aventureira sem medo dos perigos mas também com ânsia de voltar para casa.

Com dramaturgia e encenação de José Leitão que soube muito bem neste espectáculo misturar os diferentes recursos de uma equipa jovem de actores e artistas plásticos e musicais, Babine o Parvo se recomenda pelos seus méritos próprios como espectáculo característico e na senda de uma companhia que luta há 25 anos pela continuidade e dignificação do teatro na cidade do Porto, nunca esquecendo os compromissos culturais e estéticos como os compromissos com a actualidade e o mundo contemporâneo como ficou claro nos últimos espectáculo Ratos e Homens e Netzarim/ Palestina.

Para aqueles como eu que amamos o cinema com a mesma paixão do teatro, não pode deixar de ser comovedora a ultima cena na qual Babine se afasta em direcção a um horizonte carregado de solidão, uma espécie de Charlot que desaparece na paisagem enquanto a luz esmorece.

Roberto Merino Mercado

Porto 6/02/06