Eis um espaço de partilha para gente que se interessa por teatro e outras artes. Podemos e devemos partilhar: fotos, reflexões, críticas, notícias diversas, ou actividades. Inclui endereços para downloads. O Importante é que cada um venha até aqui dar o seu contributo. Colabore enviando o seu texto ou imagem para todomundoeumpalco@gmail.com

quinta-feira, junho 15, 2006

comentário inconveniente


Dr. RosKoff:
Este texto, rosquofe, é verrinoso q.b.!
Quero mais, para poder entabular um estudo de psicologia comparada entre a patafísica e a psicose literária pimba.
Portugal sairá fortalecido com a evolução reflexiva das soturnas e mediáticas ligações entre o Arquitecto e o Imperador.
E o Tarot agradece.

terça-feira, junho 13, 2006

TEATRO


O Arquitecto e o Imperador da Assíria é uma peça de teatro do escritor espanhol Fernando Arrabal, autor do teatro e criador do movimento pânico, com o autor chileno Alejandro Jorodowsky. De passagem pela nossa cidade nestes últimos dias o Dr. Markos Rosskoff, conhecido Patafísico e amigo pessoal de Arrabal, lembrou alguns excertos deste texto… logicamente alterados patafisicamente no essencial do diálogo entre o Arquitecto e o Imperador

Arquitecto: (para o imperador) Gostas da nossa nova avenida?

O Imperador: (radiante) A nossa avenida e bela!

(ambos cantam em uníssono a canção A nossa avenida é bela)

Canção: (pode ser acompanhada com musica brechtiana)

“A nossa avenida é bela… é bela … é bela

É bela a nossa avenida… avenida … avenida

É nossa … é nossa … é nossa”

O Imperador: Não falta nenhuma pedra?

O Arquitecto: Não tudo está no seu sítio!

O Imperador: E a floresta?

O Arquitecto
: As árvores não deixam ver a floresta!

O Imperador: (canta só)

Canção (pode ser acompanhada pelo silencio, só pelo silencio)

“A nossa floresta é bela…
É bela a nossa floresta…
É nossa… é nossa”

O Arquitecto: E o espelho de aguas?

O Imperador: A fonte!

O Arquitecto: (sábio) Tantas vezes vai o cântaro à fonte que…

O Imperador: (pegando numa cadeira pressa à chão) E estas cadeiras que lembram o circo?

O Arquitecto: (sábio) Para ver a palhaçada!

O Imperador: (assinalando com o dedo a distancia) E aquelas árvores em macetas!

Arquitecto: (sábio e displicente) Miragens de Madrid ou do Prado!

O Imperador: (sardónico) E o cavalo gira ou não gira?

Arquitecto: (fod…) Claro que gira carago! Estou farto dessa conversa, isso deveria ter sido em 2001!

O Imperador
: Como assim?

Arquitecto: Vamos pólo numa base giratória e com uma ventoinha no rabo assim gira para um lado e para o outro!

(pausa dramática)


O Imperador: (pensativo) Ontem Tive um sonho…sonhei que era reeleito com maioria mais que absoluta!

O Arquitecto: (ri) Mas a sua excelência não precisa de maiorias, sois IMPERADOR!

O Imperador: (ri) é verdade, deve ter sido um pesadelo!

O Arquitecto: (pensativo) ontem tive um sonho… sonhava com uma cidade de pedra, toda ela de pedra, com avenidas de pedras, casas de pedra, árvores de pedra, rios de pedras, pássaros de pedras e fogo, fogo incendiando-se, de pedra…! Um sonho pós-moderno neolítico!

O Imperador: Que belo sonho!

O Arquitecto: (triste e pensativo) Mas acordei…!



(caem do céu pedras e árvores, que acabam por soterrar ambas figuras, no fim ainda se ouve a primeira canção “ A nossa avenida é bela”)