Eis um espaço de partilha para gente que se interessa por teatro e outras artes. Podemos e devemos partilhar: fotos, reflexões, críticas, notícias diversas, ou actividades. Inclui endereços para downloads. O Importante é que cada um venha até aqui dar o seu contributo. Colabore enviando o seu texto ou imagem para todomundoeumpalco@gmail.com

domingo, outubro 04, 2009

Homenagem a Fernando Peixoto


Caros Amigos,

No próximo dia 31.10, pelas 21.30h, no Auditório Municipal de Gaia, a Associação das Colectividades de Gaia vai homenagear o meu pai, evocando todo o seu percurso de vida.

Será um espectáculo com música, teatro e poesia com textos de sua autoria.
Para reservar o seu convite, envie urgentemente um email para helena_peixoto@sapo.pt, com o número de convites que pretende reservar.

Melhores cumprimentos,




Helena Peixoto

segunda-feira, agosto 24, 2009

Faleceu Morais e Castro





José Armando Tavares de Morais e Castro (Lisboa, 30 de Setembro de 1939 - Lisboa, 22 de Agosto de 2009) foi um dos grandes actores e encenadores portugueses.
Actor experimental do Grupo Cénico do Centro 25 da Mocidade Portuguesa, enquanto estudante liceal. Estreia-se profissionalmente no Teatro do Gerifalto, dirigido por António Manuel Couto Viana na peça A Ilha do Tesouro (1956).
Em 1958 estreia-se na televisão em O Rei Veado de Carlo Gozzi, realizado por Artur Ramos. Ainda no Teatro do Gerifalto, integrou o elenco de variadas peças, como O Fidalgo Aprendiz de Francisco Manuel de Melo ou Os Velhos Não Devem Namorar de Afonso Castellau.
Em 1960 trabalha junto de Laura Alves. Em 1961 estreia-se na encenação, dirigindo no Cénico de Direito, O Borrão de Augusto Sobral, premiado no Festival de Teatro de Lyon desse ano. Estreia-se no cinema, com Pássaros de Asas Cortadas de Artur Ramos (1962).
Integrou o Teatro Moderno de Lisboa, de 1961 a 1965, participando em O Tinteiro de Carlos Muñiz ou Humilhados e Ofendidos de Dostoievski onde obtém grande sucesso. Neste período contracenou com actores como Armando Cortez, Fernando Gusmão, Carmen Dolores ou Ruy de Carvalho.
Em 1968 é co-fundador do Grupo 4 no Teatro Aberto, juntamente com Irene Cruz e João Lourenço e aí representou autores como Peter Weiss, Bertolt Brecht, Max Frisch, Peter Handke ou Boris Vian. Aí encenou também É preciso continuar de Luiz Francisco Rebello.
Em 1985 em faz a comédia Pouco Barulho, com Nicolau Breyner, passsando depois pela Companhia Teatral do Chiado, onde ao lado de Mário Viegas participou em À Espera de Godot de Samuel Beckett. Em 2004 a sua interpretação em O Fazedor de Teatro de Thomas Bernard com Joaquim Benite na Companhia de Teatro de Almada valeu-lhe a Menção Honrosa da Crítica. Foi ainda presença regular em novelas e séries, durante a década de 80 e 90. Popularizou-se como professor na série As Lições do Tonecas (1996/1998).
Morais e Castro era licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa (1964), exercendo também a advocacia. Foi ainda dirigente do Partido Comunista Português.
Faleceu a 22 de Agosto de 2009 no IPO de Lisboa vítima de cancro.
O Todo o Mundo é um Palco aplaude-o de pé.

sábado, agosto 08, 2009

Para recordar...

Morreu Raul Solnado...

Raul Solnado morreu este sábado aos 79 anos.


O actor estava internado no hospital Santa Maria e esta manhã, pelas 10h50m, foi confirmado o óbito.


Segundo informou o hospital, Solnado sucumbiu na sequência da evolução de um quadro clínico cardio-vascular grave, depois de ter sido operado à carótida, à três dias.


Raul Augusto Almeida Solnado, nasceu a 19 de Outubro de 1929, foi humorista, apresentador de televisão e actor.


Até à sua morte foi director da Casa do Artista, sociedade de apoio aos artistas situada em Carnide, Lisboa, que fundou juntamente com Armando Cortez, entre outros.


Solnado começou a trabalhar em 1947 no teatro amador, na Guilherme Cossul - uma colectividade que nunca esqueceu.


Em 1952 estreou-se «profissionalmente» num show no Maxime e a partir daí não mais parou: opereta, revista, teatro clássico, cinema, televisão. Fazendo rir e pensar.


No palco destacou-se como actor de mil faces, mas foi com as gargalhadas que Raul Solnado se tornou uma figura mítica do espectáculo.


Um génio do humor que conseguiu pôr Portugal a rir de uma guerra sem sentido (com famosa rábula «a guerra de 1908»), numa altura em que a guerra colonial era um assunto tabu. Gargalhadas que venceram uma guerra e que fizeram de Raul Solnado um recordista de vendas discográficas com um disco que nem canções tinha.


O êxito dos monólogos «a guerra de 1908» e «a história da minha vida» foi de tal maneira que superou as vendas de Amália Rodrigues.


Oito anos mais tarde, em 1969, com Carlos Cruz e Fialho Gouveia apresentou na RTP um programa inovador que se tornou um marco na programação televisiva: o «Zip-Zip». Na década de 60 criou de raiz e dirigiu o teatro Villaret.


Raul Solnado assinou assim um tipo de humor nunca visto em Portugal, um humor que esgotou bilheteiras nas principais salas de espectáculo.




O nosso aplauso de pé e um até sempre a um dos maiores actores portugueses.



quinta-feira, julho 30, 2009

Até Sempre Amigo...


Manuel Angelo Mota, um amigo e homem de teatro, partiu na passada segunda-feira (27 de Julho). O funeral realiza-se amanhã pelas 10 horas no cemitério de Santa Marinha em Vila Nova de Gaia. Em Janeiro de 2002, na altura em que completava 60 anos, Fernando Peixoto dedicou-lhe este acróstico que hoje aqui deixamos como homenagem.
ACRÓSTICO AO
M anuel: é o teu nome uma memória,
A travessando os palcos, bem gravada,
N uma firme e coerente trajectória
U nindo muita gente variada,
E rguendo, cena a cena, a oratória
L ivre, pelo Teatro derramada.
A rtista, construindo a sua história
N o Drama ou na Comédia trabalhada
G ritando a euforia da vitória
E ntre actos duma vida partilhada,
L utador incansável, bem conheces
O Amor dos amigos que mereces.
D ando-te sempre aos outros nada esperas
A lém das amizades mais sinceras.
F ormando actores, ergueste no tablado
O ndas de sonhos, ondas de ilusões,
N um mar encapelado de emoções
S em dar descanso ao corpo fatigado,
E stimulando os outros com lições,
C onstruindo nos outros sensações,
A que tu mesmo estavas vinculado.
M estre foste de actores, nesta viagem,
O rago do teatro de amadores,
T u que foste, de entre todos, dos maiores,
A ceita, hoje, de nós, esta Homenagem.
FERNANDO PEIXOTO - 19 de Janeiro de 2002









quinta-feira, julho 02, 2009

"O Leão e o Grilo" - Nova Apresentação


Estimado(a) Amigo(a),


O Grupo de Teatro "Bankuiteatro", constituído por Adolescentes e Jovens que integram a Secção de Teatro da Delegação do Norte do Clube GBES vai efectuar um espectáculo da Peça de Teatro "O Leão e o Grilo", da autoria de Fernando Peixoto e encenação de Francisco Santos, no Mini-Auditório sito na Rua Cândido dos Reis, 78, na Cidade do Porto, no próximo dia 05/07/2009 pelas 10h45.


O espectáculo é aberto a todos.


Contamos consigo!


Um abraço


Helena Peixoto

quinta-feira, junho 11, 2009

MAX E MILA


A Contacto vai estrear no próximo dia 12 de Junho, pelas 21H45, a sua 42ª produção teatral: "Max e Mila" de Volker Ludwig com adaptação e encenação de Manuel Ramos Costa. Max e Mila são irmãos de temperamentos muito distintos. Toleram-se com muita dificuldade e em consequência disso acham-se em constante conflito. Mila adora ver televisão. Max prefere as brincadeiras. A possibilidade de se tornarem amigos e cúmplices parece remota, até ao dia em que ambos conhecem Pedro, um rapaz não menos complicado, que acaba por dar a volta à situação...
É este o enredo, resumido, desta história de expressão realista que se destina a toda a familia
Não perca a oportunidade de se deslocar à Casa da Contacto, na Rua Dr. José Falcão, 237 para assistir às aventuras e aos sonhos destes três personagens. Mais informações em www.contactovar.com -
Contacto - Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar
Apareçam!!!















quinta-feira, maio 14, 2009

O LEÃO E O GRILO

Não sei bem precisar com que idade me lembro de ouvir a estória do leão e do grilo pela primeira vez. Deve ter sido muito cedo pois as primeiras recordações da minha infância já incluem esta estória em jeito de fábula. Consigo recordar com exactidão o meu pai a contá-la, a minha euforia quando integrei o grupo de crianças que a representaram pela primeira vez e uma experiência deliciosa que foi a minha participação na representação em teatro radiofónico. Foram, porém, escassas as vezes em que foi representada, apesar da importância da sua mensagem e do papel que poderia desempenhar na formação do carácter de uma criança.
Este leão e o grilo são a representação dos valores em que o meu pai me educou, enaltecendo a paz e o diálogo em detrimento do conflito. “A guerra só traz a dor, as guerras são sempre más, para o mundo ser melhor temos de viver em paz” ou “Mais forte que a força bruta é a força da razão…”, frases como esta tornam tão actual uma história que já tem quase trinta anos e constituem um alerta para a necessidade de educarmos crianças diferentes, que tenham na sua infância algo mais que jogos de computador e desenhos animados repletos de violência.
Este leão personifica o orgulho e a incompreensão que são a causa de tantas guerras. O grilo é todo aquele que, apesar de uma posição vitoriosa, não perde a sua humildade.


Trinta anos depois esta fábula repete-se no nosso quotidiano. No entanto, ver em cena esta peça desperta-me esperança, pois as crianças que hoje a verão serão homens e mulheres amanhã, quem sabe com capacidade decisória para mudar o mundo. É verdade que, tal como o meu pai quando criou esta peça, também eu acalento um sonho… poder ver crescer as minhas filhas num mundo em paz.
Ao Francisco Santos e aos jovens do Grupo Desportivo do Sindicato dos Bancários do Norte o meu agradecimento, por me trazerem um manancial de memórias de tempos tão felizes vividos com um homem extraordinariamente especial como o meu pai mas, sobretudo pela coragem de fazer renascer esta mensagem de paz e fraternidade a um mundo entorpecido por tantas guerras.

Sabemos das muitas horas necessárias para levar à cena um espectáculo como este, da necessidade de persistência e do espírito de sacrifício para fazer vingar um projecto assim, para todos vocês o meu aplauso de pé.
Parabéns!

Helena Peixoto

terça-feira, maio 05, 2009

O LEÃO E O GRILO


O Grupo de Teatro “Bankuiteatro”, constituído por Adolescentes e Jovens que integram a Secção de Teatro da Delegação do Norte do Clube GBES vai estrear no Auditório da Junta de Freguesia de Paranhos, da Cidade do Porto, sito na Rua Álvaro Castelões, 811/831, no próximo dia 10/05/2009 pelas 16h00, o seu novo espectáculo "O Leão e o Grilo".

Uma peça de teatro infantil da autoria de Fernando Peixoto e encenação de Francisco Santos.

Contamos com a sua presença no espectáculo da estreia da referida peça.

quinta-feira, abril 23, 2009

CONDECORAÇÃO A FERNANDO PEIXOTO


Dia 25 de Abril, pelas 10.30, no Pavilhão Municipal, junto ao Parque da Lavandeira em Vila Nova de Gaia, Fernando Peixoto vai ser condecorado a título póstumo com a medalha de Mérito Municipal Classe Ouro,por militância cívica.

ABRIL E... TU



Em Abril tu sentes a vontade
de erguer o rosto ao sol em desafio
Em Abril descobres a verdade
da esperança que te alaga como um rio
Em Abril há brilho nos teus olhos
e há também a firme decisão
de rasgar caminhos, de vencer escolhos,
de fazer de cada dia uma canção.
Em Abril
recuperas a confiança em ti próprio
e no povo a que pertences,
tu sabes, em Abril, que a vida avança
e sorris na certeza de que vences.
Tu lembras, em Abril,
a madrugada que vestiu as cadeias de euforia
e restituiu à voz amordaçada
a força canora da alegria.
Tu lembras, em Abril, o fim do medo
(o fim do medo!),
o fim da guerra ( o fim da guerra!),
o fim das prisões e do degredo
e o regresso do filho à mãe, à terra.
Tu lembras, em Abril,
a tortura, a fome, a opressão,
tu lembras, em Abril,
o fascismo, a ditadura
e o dia do fim da repressão.
Tu lembras, em Abril,
a claridade que rompeu de madrugada
em rostos mil
quando Grândola, a canção da liberdade,
tingiu de vermelho o céu de anil.

Tu saúdas, em Abril, o mundo novo,
tu saúdas, em Abril, a nova idade,
tu saúdas, afinal, todo este povo
que em Abril conquistou a liberdade.



FERNANDO PEIXOTO

sexta-feira, abril 17, 2009

ABRIL EM FLOR


Abril em Portugal é sinónimo de liberdade, de cravos e de esperança e é também o mês em que a Contacto produz e realiza o Abril em Flor um espectáculo multidisciplinar de música, poesia, teatro e dança que tem como principal objectivo recordar a revolução de 1974 que trouxe um novo rumo ao nosso país.
Este ano o convidado de honra será o Grupo de Baladas Nostalgia (de Espinho) e serão também apresentados dois sketches de teatro alusivos ao tema bem assim como leitura encenada de poemas sobre Abril e um número de dança / expressão corporal.
Motivos não faltam, e bons, para visitar a Casa da Contacto no próximo dia 24 à noite.


. Sexta Feira 24 de Abril às 21H45
. "Abril em Flor 2009 - Dia da Liberdade", direcção geral de Manuel Ramos Costa


. Oficina de Teatro da Contacto / Grupo de Baladas Nostalgia


. Local: Casa da Contacto, Rua Dr. José Falcão 237


Reservas através do 917458619 e/ou contacto.corrente@sapo.pt
Mais informações em anexo e também em http://www.contactovar.com/

Fernando Rodrigues

UM ESCANDALO!


Este ano o “Fazer a Festa” não se realiza no Porto!


O Teatro Art’ Imagem previa realizar a 28ª edição do “FAZER A FESTA – Festival Internacional de Teatro” na cidade do Porto (nos jardins do Palácio de Cristal, como tem sido hábito há mais de 15 anos) dos dias 25 abril a 3 de Maio.

Este Festival, organizado na cidade do Porto anual e ininterruptamente desde 1981, foi sempre reconhecido como de interesse municipal, tendo em 2001 recebido a Medalha de Ouro de Mérito Cultural atribuída por unanimidade pela vereação da C. M. do Porto.

Depois dos acontecimentos de 2006, que obrigaram o Teatro Art’ Imagem a levar a tribunal a C.M. Porto por incumprimento do apoio financeiro já acordado ao “Fazer a Festa” desse ano, a nossa companhia não teve qualquer apoio financeiro do município para a concretização da edição de 2007 do Festival.

Em 2008, após reunião com o Dr Gonçalo Gonçalves, vereador da Cultura da C.M. Porto, este, mostrando-se receptivo ao pedido de apoio financeiro aí formulado, reencaminhou-o para a empresa Porto Lazer EM.
Esta entendeu apoiar o Festival logística e financeiramente, o qual decorreu de 25 abril a 4 de maio 08.
O apoio financeiro foi de 15.000,00 (quinze mil euros), sendo o contrato de colaboração enviado para nossa assinatura a 13 de Outubro 2008.

Em 2009, de novo após reunião com o vereador da Cultura da C.M. Porto (que se mostrou receptivo a um apoio financeiro igual ao do ano anterior para a edição de 2009 do “FAZER A FESTA” e que, por nossa sugestão, ficou de considerar a hipótese de o mesmo ser aumentado para 20.000,00), o pedido transitou novamente para a Porto Lazer que a 16 de fevereiro 09 nos comunicou verbalmente que contássemos, pelo menos, com o mesmo apoio logístico e financeiro do ano anterior e que a hipótese do apoio financeiro ser aumentado para 20.000,00 não estava ainda posta de parte.

Entretanto, a data de julgamento da acção sobre a edição de 2006 do “FAZER A FESTA”, marcada para 24 março 09 (mas posteriormente adiada para o próximo dia 17 abril 09), foi objecto de notícia no “Jornal de Notícias” a 20 março 09.

A 25 de março 09, a pedido da Porto Lazer e com carácter de urgência, tivemos uma reunião com o Eng. Ricardo Almeida, onde nos foi comunicado que:
iria haver cortes percentuais no montante financeiro de vários eventos culturais, (entre outros, os festivais de teatro FITEI e FIMP) e que o “FAZER A FESTA” não teria qualquer apoio financeiro devido a dificuldades orçamentais.

Tal como afirmámos nessa reunião, cremos que esta cronologia de acontecimentos demonstra bem que este festival da cidade, organizado pelo Teatro Art’ Imagem, não está a ser equacionado da mesma forma que outros idênticos, o que nos leva a pensar que está a sofrer retaliações por parte do executivo camarário.



Nesta conformidade, a companhia considera não estarem reunidas as condições de seriedade, boa-fé e integridade para assinar um acordo com um parceiro que mais uma vez falta à palavra dada.

Assim, o Teatro Art’ Imagem entende que esta atitude da C.M. Porto (até porque a mesma não foi tomada face aos outros Festivais de Teatro da cidade), teria de ter uma resposta exemplar, não pactuando com uma atitude que, mais uma vez debilitando à última hora a organização do Festival, prejudica fortemente a actividade cultural da cidade e os munícipes portuenses que, ao longo de 28 anos, têm aos milhares acompanhado as várias edições do “Fazer a Festa”, património cultural da cidade.

Como forma de protesto para com a política cultural deste executivo, a qual não dignifica nem respeita os seus agentes culturais e artistas, não os tratando com seriedade e boa-fé, decidimos – excepcionalmente – realizar a edição de 2009 do Festival no concelho da Maia.
Uma vez que a programação do Festival estava já definida para os jardins do Palácio de Cristal, esta autarquia disponibilizou-nos “in extremis” as condições necessárias para a sua concretização, tendo a programação sido redimensionada para os novos locais onde decorrerá: os jardins e o auditório da Quinta da Caverneira, em Águas Santas (para os espectáculos dirigidos ao público em geral) e o Grande Auditório do Fórum da Maia (para os espectáculos dirigidos aos públicos escolares).

Esta edição de 2009 - um “Fazer a Festa” aqui ao lado (!) que irá acrescentará novos públicos aos públicos habituais do Festival… - só é possível graças tanto à compreensão das companhias de teatro participantes (e também àquelas que à última da hora não puderam estar presentes devido a um orçamento que foi fortemente abalado e às condições dos espaços teatrais disponíveis), como da Câmara Municipal da Maia, (concelho onde o Teatro Art’ Imagem desenvolve grande parte da sua actividade), que mais uma vez deu provas da relevância com que encara a Cultura e os seus artistas e agentes e, sobretudo, como procura dinamizar e solidificar a oferta cultural para os seus munícipes.

Esperamos que no próximo ano o “Fazer a Festa – festival internacional de teatro” volte aos jardins do Palácio de Cristal, seu “habitat” natural, em condições de dignidade que este ano não existiram.


O “Fazer a Festa”, o terceiro festival de teatro mais antigo do País, é um festival da cidade do Porto
e é aqui que o queremos continuar a realizar com todo o apoio da sua Câmara Municipal !

14 de Abril de 2009
A direcção do TEATRO ART’ IMAGEM

quinta-feira, abril 09, 2009

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL


NO ABRIL DOS SONHOS...VAMOS (RE) COMEÇAR!


SALÃO DA ASSOCIAÇÃO RECREATIVA DE CANIDELO, VILA NOVA DE GAIA,18 DE ABRIL, SÁBADO,21H 45M, ENTRADA LIVRE!


AJA Norte e TINO FLORES!


ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO (NÚCLEO DO NORTE)

segunda-feira, março 23, 2009

27 Março de 2009 - DIA MUNDIAL DO TEATRO



Augusto Boal.


O diretor brasileiro de renome mundial é o autor, este ano, da mensagem do Instituto Internacional do Teatro (IIT) elaborada em comemoração ao Dia Mundial do Teatro, celebrado em 27 de março. Inventor do Teatro do Oprimido e do personagem denominado “espect-ator”, Boal nos convida a subir no palco da vida para criar um mundo onde a dualidade opressores/oprimido será abolida.

MENSAGEM

Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida! Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de idéias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro! Não só casamentos e funerais são espetáculos, mas também os rituais cotidianos que, por sua familiaridade, não nos chegam à consciência. Não só pompas, mas também o café da manhã e os bons-dias, tímidos namoros e grandes conflitos passionais, uma sessão do Senado ou uma reunião diplomática – tudo é teatro. Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espetáculos da vida diária onde os atores são os próprios espectadores, o palco é a platéia e a platéia, o palco. Somos todos artistas: fazendo teatro, aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível: fazer teatro, ao contrário, ilumina o palco da nossa vida cotidiana.

Em setembro do ano passado fomos surpreendidos por uma revelação teatral: nós, que pensávamos viver em um mundo seguro, apesar das guerras, genocídios, hecatombes e torturas que aconteciam, sim, mas longe de nós, em países distantes e selvagens, nós vivíamos seguros com nosso dinheiro guardado em um banco respeitável ou nas mãos de um honesto corretor da bolsa quando fomos informados de que esse dinheiro não existia, era virtual, feia ficção de alguns economistas que não eram ficção, nem eram seguros, nem respeitáveis. Tudo não passava de mau teatro com triste enredo, onde poucos ganhavam muito e muitos perdiam tudo. Políticos dos países ricos fecharam-se em reuniões secretas e de lá saíram com soluções mágicas. Nós, vítimas de suas decisões, continuamos espectadores sentados na última fila das galerias. Vinte anos atrás, eu dirigi Fedra de Racine, no Rio de Janeiro. O cenário era pobre: no chão, peles de vaca; em volta, bambus. Antes de começar o espetáculo, eu dizia aos meus atores: "Agora acabou a ficção que fazemos no dia-a-dia. Quando cruzarem esses bambus, lá no palco, nenhum de vocês tem o direito de mentir. Teatro é a Verdade Escondida". Vendo o mundo além das aparências, vemos opressores e oprimidos em todas as sociedades, etnias, gêneros, classes e castas, vemos o mundo injusto e cruel. Temos a obrigação de inventar outro mundo porque sabemos que outro mundo é possível. Mas cabe a nós construí-lo com nossas mãos entrando em cena, no palco e na vida. Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele que a transforma!


Augusto Boal

CALE-SE 3


(Mensagem lida no espectáculo de encerramento do Festival CALE-SE)

Boa noite.
Chegamos ao fim da terceira edição do festival CALE-se com a satisfação de ter cumprido os objectivos a que nos propusemos: a divulgação de trabalhos de teatro não profissional, incentivando a sua qualidade através da atribuição de prémios de mérito – os Prémios CALE, que começam a ser a referência nacional que almejamos desde a primeira hora.
Conscientes da importância que o Teatro tem no desenvolvimento cultural e social dos jovens, também este ano insistimos na colaboração das escolas do concelho. Infelizmente essa colaboração ainda não foi se realizou nos moldes que idealizamos, apesar de destacar e agradecer a presença neste festival dos alunos de turmas do 8º ano da Escola Secundária Inês de Castro. Para muitos desses alunos, terá sido esta a primeira vez que pisaram um palco e esperamos, sinceramente, que isso possa marcar o seu caminho cultural, de preferência ligado ao Teatro. É nosso objectivo criar e fomentar o aparecimento de novos públicos, de nada melhor do que envolver os jovens para atingir tais premissas.
As falhas que lamentavelmente não conseguimos ultrapassar – e há sempre falhas! – vamos encará-las como um novo desafio, que, esperamos vencer na próxima edição do CALE-se. Tal como no palco, as dificuldades da vida e concretamente as dificuldades na organização de um evento destes só se podem ultrapassar com determinação e trabalho. E isso, nós orgulhamo-nos de ter…
Falando em dificuldades, uma semana antes do arranque desta edição, escrevi no texto de abertura do programa de sala, que a crise que Portugal atravessa poderia ser de bom agoiro para o Teatro de Amadores... mal sabia eu que, dois ou três dias mais tarde me comunicavam que tinha sido despedido, juntamente com 120 colegas. Peço desculpa por estar a falar disso, mas se o faço é porque quero realçar que, hoje, com a minha vida virada a 180º, não mudaria uma linha sequer desse texto e dessa convicção, de que a crise – em muitos casos, como sabem, uma “pseudocrise” – pode ser uma alavanca para o despertar de uma nova consciência do que deve ser o associativismo, cultura onde se insere o Teatro de amadores.
Tentamos trazer ao “Cale-se 3” uma selecção de espectáculos que, dentro das 35 candidaturas recebidas, nos pareceram ser o mais adequados ao espírito deste festival; quero, desde já, deixar uma palavra pública de agradecimento aos grupos participantes e dizer-lhes que, foi com muito agrado que os recebemos. Estamos num festival competitivo e sabemos que todos gostam de ganhar, mas queríamos que encarassem a vossa participação como um ganho, assim como foi para nós, uma mais-valia termos assistido aos vossos espectáculos, permitindo-nos conhecer diferentes maneiras de ver e de interpretar o Teatro. A decisão dos prémios, tenho dito repetidamente, é sempre uma escolha subjectiva, pois depende de quem está a fazer a avaliação dos espectáculos. E, concordemos ou não, são as escolhas de três pessoas destacadas para o efeito.
Premiados ou não, o fundamental é os grupos reflectirem sobre a importância da qualidade das produções que apresentam a público, pois quem está desse lado, assim o exige. E nós devemos isso ao público que escolheu sair de casa para estar aqui, que escolheu ver Teatro, que escolheu ver os vossos espectáculos. Se essa reflexão for feita, estará cumprido talvez o objectivo mais importante deste festival e todos sairão vencedores.

Não posso acabar sem fazer os devidos agradecimentos a quem nos ajudou e apoiou. E todas as ajudas são imprescindíveis para realizar o “Cale-se”: os apoios das várias lojas comerciais, dos restaurantes e dos nossos parceiros, que, apesar do muito pouco que às vezes possa parecer a sua ajuda, são no seu conjunto contributos fundamentais para tornar tudo isto possível. A todos, sem excepção, o nosso profundo obrigado.
Por fim, obviamente, devemos um caloroso agradecimento a todos vós, público, pois de nada adianta o nosso trabalho, actores e técnicos ou organizadores destes eventos, se vocês não estivessem aqui.
Passaram por esta sala desde 17 de Janeiro, 1260 pessoas, traduzindo-se numa média de 140 espectadores por sessão.
Obrigado.

Cândido Xavier (21 de Março 2009)

ENCERRAMENTO CALE-SE 3 - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO


VENCEDORES DOS "PRÉMIOS CALE"

Por deliberação do júri – composto por Salvador Santos (administrador do Teatro Nacional de S. João), Fernando Rodrigues (presidente da Contacto - Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar) e Cândido Xavier (director do festival "CALE-se") – foram atribuídos no passado sábado, na grande festa de encerramento do festival "CALE-se", os Prémios CALE 2009, para destacar os melhores desempenhos nas oito categorias a concurso na terceira edição do certame:




MELHOR GUARDA ROUPA
Espectáculos nomeados:
"Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
"A bengala" – Ultimacto" Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
VENCEDOR: MARTA BALDAIA, autora dos figurinos do espectáculo "Nem tudo começa com um beijo", do grupo Sol d'Alma

MELHOR DESENHO DE LUZ
Espectáculos nomeados:
"Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
" Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
"Os outros" – Cegada Grupo de Teatro
VENCEDOR: RENATO SANTOS e JOSÉ TELES, do espectáculo "Os outros", do Cegada Grupo de Teatro

MELHOR SONOPLASTIA
Espectáculos nomeados:
"Camila Baker" – Loucomotiva
" Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
VENCEDOR: ADELINO RODRIGUES, no espectáculo "Camila Baker", do grupo Loucomotiva
Foi ainda atribuída uma Menção de Mérito a Rui M. Silva e Rui Pinheiro, pelo desempenho no espectáculo " Da ocidental praia lusitana…", do grupo AJITAR

MELHOR CENOGRAFIA
Espectáculos nomeados:
"O albergue" – Os Plebeus Avintenses
"Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
"Camila Baker" – Loucomotiva"Os outros" – Cegada Grupo de Teatro
VENCEDOR: MARTA BALDAIA, autora dos figurinos do espectáculo "Nem tudo começa com um beijo", do grupo Sol d'Alma

MELHOR INTERPRETAÇÃO MASCULINA
Nomeados:
Guilherme Ruano, em "Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
Marco Paulete, em "Camila Baker" – Loucomotiva
Luís de Melo, em "Camila Baker" – Loucomotiva
Luíz Tomaz, em "A bengala" – Ultimacto
VENCEDOR: LUÍS TOMAZ, pelo seu desempenho no espectáculo "A bengala", do grupo Ultimacto

MELHOR INTERPRETAÇÃO FEMININA
Nomeadas:
Sílvia Cruz, em "O albergue" – Os Plebeus Avintenses
Ana Filipa Cardoso, em "Camila Baker" – Loucomotiva
VENCEDORA: ANA FILIPA CARDOSO, pelo seu desempenho no espectáculo "Camila Baker", do grupo Loucomotiva

MELHOR ENCENAÇÃO
Espectáculos nomeados:
"Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
"Camila Baker" – Loucomotiva
"A bengala" – Ultimacto" Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
VENCEDOR: RUI M. SILVA, autor da encenação do espectáculo " Da ocidental praia lusitana… por (impensáveis) mares nunca antes navegados", do grupo AJITAR

MELHOR ESPECTÁCULO
Espectáculos nomeados:
"Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
"Camila Baker" – Loucomotiva
" Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
VENCEDOR: "CAMILA BAKER", apresentado pelo grupo Loucomotiva, de Taveiro (Coimbra)

PRÉMIO DO PÚBLICO
Este prémio reflecte o voto do público para a escolha do "Melhor Espectáculo". Para tal, votaram os espectadores mais assíduos da terceira edição do festival, cujos votos foram distribuídos da seguinte forma:

33% - conjunto dos cinco espectáculos menos votados
15% - 3.º classificado - "Nem tudo começa com um beijo" – Sol d'Alma
22% - 2.º classificado - " Da ocidental praia lusitana…" – AJITAR
VENCEDOR: 30% - "A BIRRA DO MORTO" – Kaspiadas Grupo Cénico da Casa do Povo de Pontével

AOS AMANTES DE TALMA...

Mensagem do Dia do Teatro Amador

“ Amigo, maior que o pensamento. Por essa estrada amigo vem. Não percas tempo que o vento. É meu amigo também”.
Em terra, em todas as fronteiras. Seja bem vindo quer vier por bem. Se alguém houver que não queira. Trá-lo contigo também.
Se pudesse comprar palavras, estas, seria por certo dono delas. Mas, o seu a seu dono, são palavras de José (Zeca) Afonso, da cantiga – “Trás um amigo também”

E no ano que completo 40 Anos de Vida no Teatro, que a minha memória me leva ao ano de 1969, no Grupo dos Modestos (extinto em 1988), na peça “TODO O MUNDO E NINGUÉM”, de Gil Vicente, no papel de Dinato, com encenação de Leandro Vale, a ANTA trouxe-me até aqui, depois de tanto intervir no seu sítio, umas vezes, com palavras certas, outras vezes, com palavras a passear…
Mas, como não somos donos das palavras, nem tão pouco as podemos comprar, somos às vezes, (muitas vezes), escravos da palavra. E, é por isso, que o “Meu Dom da Palavra” me diz para dizer:
-O Teatro de Amadores das Associações tem de facto um “papel principal” no Desenvolvimento Cultural dos Locais e Regiões onde está inserido.
E tal como no Ensino Básico, é uma “Escola” necessária, no Desenvolvimento Social da população, por isso, os Amadores de Teatro das Associações, devem ser responsáveis e terem orgulho de pertencerem à Grande Região, que produz Teatro no nosso País.
E, se atendermos à importância que o Movimento Associativo tem na Sociedade através das suas mais diversas actividades, mais orgulhosos podemos estar.
Daí, que devemos, TODOS E CADA UM, com a dignidade que o Teatro nos merece, sermos (nos ensaios, nos espectáculos, todos os dias) responsáveis, pelo que significa o Teatro de Amadores das Associações, ou como digo: (expressão que criei) o Teatro Associativo.
E quando se falar na “reforma artística”, devemos antes, (e por isso é prioritário) saber, o que significa a RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.
A criatividade, o espírito de sacrifício, a solidariedade, quando aliados a uma saudável aprendizagem associativa, são verdadeiramente bases socioculturais importantes, que o Teatro coloca à disposição da sociedade, substituindo em grande medida o “papel principal” dos governantes.
Então, chegados a este conhecimento, sabemos que, com a nossa “mão de obra barata” colocamos à disposição da grande maioria da população, o nosso trabalho técnico/artístico, mas conscientes, que prestamos um Serviço Sociocultural à Sociedade.
E, não é pelo facto de sermos compulsivamente apaixonados “AMANTES DE TALMA “, que a nossa paixão é cega. Sabemos, que hoje, e cada vez mais, é necessário saber “suar a camisola”.
Todos sabemos o que temos feito, mas, o que muitos não sabem, é o significado da RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.
Sabemos que a tarefa não é fácil, pois infelizmente, ainda há muito “boa gente”, que julga que o Teatro de Amadores das Associações, é uma actividade de recreio, ou de lazer, e pior, é quando pensam, que pelo facto de ser AMADOR... é desculpa!
E mais, não se importam nada de ouvirem dizer “P’ra amadores não está mal” , e até considerem um elogio.
É urgente dizer, a quem assim pensa, o que significa a RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.
Companheiros
Não é minha intenção” meter o nariz no pó do palco dos outros”, mas é meu entendimento, o quanto é prioritário, alterar esta forma de estar e pensar o Teatro produzido nas Associações.
Todos nós já recebemos muitas manifestações de apreço de Organismos, de Instituições e Personalidades, que nos dizem, que estamos no caminho certo, e que o serviço que prestamos e colocamos à disposição da população, é uma Mais Valia Sociocultural, Associativa e Artística, mas, apesar de todos estes incentivos, temos que, (peça a peça) ano após ano, melhorar o nosso trabalho, para que não considerem os nosso pedidos de apoio, uma exigência fútil, mas sim, uma pretensão que nos assiste, quando queremos melhorar as condições do nosso trabalho, e servir com melhor qualidade as populações.
Também sabemos, e temos disso consciência, que a pretensão que temos para com o “Nosso Teatro”, só é possível com o apoio indispensável de parceiros interessados no crescer cultural da nossa terra.
E quando digo “crescer”, refiro-me particularmente ao crescimento cultural das crianças, dos jovens, e por que não, dos adultos.
Todas as Artes são importantes e neste caso particular o Teatro, para a formação dos cidadãos, e, quanto mais pequenos melhor.
Podemos não saber o que é que queremos que eles aprendam, mas, que devem aprender uma Arte, isso devem.
Com esta aprendizagem, vão ter por certo uma melhor visão da vida e do mundo, e como sabemos, as crianças expressam-se naturalmente. Faz parte da sua descoberta do mundo que as rodeia. Experimentam coisas através de um jogo permanente com a realidade.
Tal como as crianças, os jovens e os adultos, têm no Teatro esse prazenteiro jogo do
« fazer - de – conta », que possibilita conhecer melhor as humanidades.
Claro que não será por isso, que todos serão técnicos ou intérpretes, mas serão por certo cidadãos com princípios éticos, e capazes de saber partilhar e ter conceitos mais ricos e diversificados.
E se pensarmos, que primeiro aprendemos a falar, e depois mais tarde, na escola, aprendemos o abecedário. Podemos ter em conta, que no Teatro se pode e deve aplicar esta verdade como princípio.
Primeiro aprender a Cultura e a Ética Teatral, ter urbanidade para e com a Arte, e depois, mais tarde, na “escola”, aprender a Formação Técnica /Artística.
Se quiserem ter a compreensão, de que, esta base ética é fundamental, o Teatro de Amadores das Associações, é, (deve e pode ser), uma boa escola da vida.
Estar ou Ser do Teatro, é um confronto permanente com a realidade.
Os primeiros contactos devem ser de forma lúdica e divertida, o que, os torna mais tarde, activos e com sentido crítico e participativos.
Aprende-se com todos os sentidos e fica-se mais aberto àquilo que desconhecemos.
É bom que se entenda que o Teatro tal como as outras Artes, são espaços de liberdade e criatividade, onde existe a possibilidade de criar uma mudança de atitude.
Como diz Kant:- «apenas os gostos se discutem»
Mas no Teatro, discutir, é procurar estabelecer pontes, é falar das emoções e vivências partilhadas, tendo por base, experiências de vida muito diferentes.
O papel do Teatro é esse mesmo:
- Proporcionar um sonho de comunidade entre indivíduos distintos.
Estar no Teatro, é muito mais do que se imagina, ou aquilo que se pode encontrar nos livros.
Ser do Teatro, é saber que há objectos inúteis, mas contêm em si, os mais elevados valores.
O Teatro é um curso que nem uma vida inteira chega para o concluir. Por isso se diz :
- “o que custa mais ,são os primeiros 30 anos”
No Teatro, nada é mais importante do que proporcionar a possibilidade de ser cada vez melhor, com a certeza saudável, que nunca se atingirá a perfeição.
E assim, será muito mais possível, acreditar num futuro melhor.
Num futuro, onde hajam Mulheres e Homens com motivação para investirem, não só no seu crescimento social, e na sua qualidade de vida cultural, mas também, contribuir para o Desenvolvimento do Local onde estão inseridos.
Mas para isso, não chegam só as boas vontades, o voluntariado, ou até, ter gente com mais ou menos capacidades técnicas e artísticas, pois sabemos, que cada vez mais, a tecnologia é indispensável nos meios de produção.
Hoje, mais do que nunca, a utilização de meios técnicos, faz parte da formação e do trabalho de cada um. Hoje, a qualidade de vida, tem que passar pela utilização das novas tecnologias.
Cabe por isso, aos Dirigentes Artísticos e Associativos, aos Agentes Culturais, aos Patrocinadores, às Juntas de Freguesia, às Autarquias, (já que o Governo Central não aceita pedidos de apoio, dos Amadores de Teatro), um maior esforço nos apoios, e na contribuição para o crescimento sociocultural das Artes dos Palcos Associativos.
Enquanto isso não for possível, com mais ou menos dificuldades, continuaremos, com “a “mão de obra barata ” que somos, e A LEVAR O TEATRO À PORTA DOS FREGUESES.
Valha-nos, a muita paixão que sentimos pelo Teatro, valha- nos a muita preseverança que temos em querer melhorar a vida cultural do País Que Somos, que aliadas a alguns apoios públicos, e à solidariedade de personalidades e organismos, que acreditam no trabalho dos Amadores de Teatro, vai sendo possível, levar por diante esta maravilhosa tarefa artística e sociocultural , chamada TEATRO. Valha-nos isso.
Mas, não nos devemos esquecer, o quanto é importante saber o que é A
RESPONSABILIDADE DE SER AMADOR DE TEATRO.

O Teatro de Amadores das Associações, é de facto, e sem demagogias, uma Grande Escola de Humanização para a Vida Social, Cultural e Associativa.

Com um abraço companheiro
Sempre
ALFREDO CORREIA
CTR/AMASPORTO

20 de MARÇO DE 2009 - DIA DO TEATRO ASSOCIATIVO (instituído em 1996 pelo AMASPORTO - Encontro de Teatro Associativo)


Estou em crer que, por si só, o Teatro de Amadores não teria dado tão
grande passo nem teria alcançado tamanha importância no desenvolvimento cultural e social, não fora, o estar integrado no Movimento Associativo.
No caso vertente, o Teatro Associativo, que o Amasporto instituiu, em 1996.

Falar do Teatro de Amadores sempre mexe comigo, sempre me desperta emoções
fortes, ora de regozijo e contentamento,ora de desalento e de tristeza.

De regozijo e contentamento que mal cabem no peito, e que, por vezes extravasam numa ou noutra lágrima disfarçada de sorriso e que se perde por entre luzes e aplausos quando levamos a cabo e a bom termo o que nos propusemos - a Arte de Talma na sua versão mais integra possível.
De desalento e tristeza,daquelas que nos aperta o estômago,arrefece e magoa o peito, sempre que não conseguimos vencer uma das infindas batalhas em cruel desigualdade, que constantemente combatemos pelo amor ao nosso teatro, ao teatro de amadores.

E um desses combatentes, que nos deixou inúmeras lições é o amigo comum- Fernando Peixoto – e certamente que iremos triunfar com a força de quem teimosamente insiste que as injustiças sociais, se podem vencer pelo Teatro.
Gente como os Amantes que se agarram desesperadamente ao amor...

Este texto também é teu, obrigado.

Há,felizmente cada vez menos, a tendência de considerar o Teatro de Amadores como a parte pobre do teatro, daquele teatro apoiado, de grandes cartazes e patrocínios, mas ,sem desprimor para esse teatro, o teatro que hoje e aqui comemoramos, - o Teatro Associativo – O Teatro das Associações - ,tem a intensidade do apego, do sacríficio,da dedicação de todos , quanto por ele lutam.

Sem grandes ajudas,a maior parte das vezes sem nenhuma, galgam por cima de espinhosas atitudes,muitas vezes, com o sacrifício das suas famílias.


Quantas vezes, meu Deus,o último autocarro já partiu e o regresso a casa é feito a pé,quando já toda a gente ri e descansa juntos dos seus, e o que nos acompanha é apenas o som dos nossos passos na noite já calada e fria...
Quantas vezes meu Deus,mal dormidos,mal comidos,e o que é pior, mal compreendidos, iniciamos um novo dia de trabalho,que não se compadece com a noite anterior.
Mas, os Amadores, trazem sempre com eles uma carga impressionante de amor ao teatro. Doloroso é certo. Dorida paixão é certo, mas...AMADOR... que AMA, com a dor, de Amante de Talma.

Dizem ,que por vezes, das mais difíceis árvores se colhem os melhores frutos, ou na mais espinhosa roseira desabrocham as mais lindas rosas. Pois bem, este difícil palco, estes espinhosos bastidores têm dado belos frutos e maravilhosas flores, em tons de coração, orvalhada com risos e lágrimas e que têm enfeitado a arte do teatro, à cobiça de quantos, os que içados e apoiados se ficam pela mediocridade ou pelo mínimo exigível...
Ao Teatro de Amadores, além do amor e da dor, a minha vénia... pela posição que, com todos os sacrifícios conquistou no mundo do teatro.
Tenhamos presente a simples definição de Associativismo: "reunião de pessoas e de esforços para o fim comum".
Precisamente o que caracteriza o Teatro Associativo, é a reunião de inúmeras e boas pessoas, de inúmeros e enormes esforços, por vezes titânicos, para um fim comum, que, sendo obra do Teatro de Amadores, tem consequências muito mais abrangentes.

O fim comum é precisamente toda a comunidade. É a comunidade que usufrui de uma dinâmica sócio-cultural de grande responsabilidade que é o serviço prestado pelo Teatro de Amadores das Associações.
Nos ombros do Teatro Associativo, nos ombros de cada amador de teatro está alicerçado o desenvolvimento social e cultural de uma região, de uma localidade, de um país, numa enorme e orgulhosa percentagem.

É por isso que, de mãos dadas com o Teatro Associativo, e com, cada um de nós, Amadores de Teatro, estão: o Orgulho e a Responsabilidade.
Aos Amadores... a minha vénia pelo contributo que prestam à Arte de Talma , e o meu agradecimento, pelo que me fez crescer, como pessoa, enquanto Amador de Teatro.

VIVA O TEATRO DE AMADORES DAS ASSOCIAÇÕES


Francisco Santos 20/03/2009

domingo, março 22, 2009

Saudades de Fernando Peixoto - Manuel Córrego


PRAGANAS


Lembro-me de que há alguns anos percorri boa parte das livrarias do Porto em demanda não do santo Graal mas de um simples livro de poesia. Apesar do lastro do nome da autora e da saída recente, os meus esforços foram baldados e não encontrei rasto do livro.
A páginas tantas, já cansado de tanta recusa, mas não suportando a ideia de desistir, pedi a um último livreiro o precioso obséquio de mandar vir os “Sonetos”, de Natália Correia –pois desse último fôlego da grande poetisa se tratava. O homem mediu-me de alto abaixo e disparou à queima-roupa, mal-humorado, que não mandava vir livro nenhum. A atitude era de quem, lá para consigo, não percebia por que capricho, entre tantos livros ali expostos, eu havia de querer logo o que ele não tinha.
O tempo passou e hoje as coisas não melhoraram nada. Pelo contrário, quase se pode dizer que as livrarias são cada vez mais o lugar onde não se vendem livros. Ainda há dias António Lobo Antunes, do alto da tribuna que lhe advém de ser um dos mais reputados escritores do mundo, não se fez rogado para dizer que o trabalho de edição de livros não existe no nosso país. Hoje quase se reduz tudo aos best-sellers – que é exactamente o tipo de livro pensado e executado para quem não gosta de ler.

O problema é que, como neste espaço já deixei dito, muitos dos meus amigos, alguns deles bem principais, eu quase os não conheço pessoalmente. Sim através do trato diário com a sua obra. E desses, santa paciência, não posso nem quero desistir. É o caso de Fernando Peixoto, que apenas vi no palco e das leituras interpretadas que Magalhães dos Santos em boa hora se lembrou de organizar – e que todavia conheço de longa data. Professor e investigador, dramaturgo e encenador, Fernando Peixoto tem produzido um importante trabalho de divulgação, enriquecido agora uma por uma obra fundamental como é a sua História do Teatro Europeu.
Para que nos possamos aperceber da importância desta obra, teremos de levar em conta que a última obra existente data dos começos do século vinte (uma outra tentativa foi ensaiada nos meados desse século, mas apenas alguns fascículos viram a luz do dia). Por aqui se vê o prodigioso trabalho de investigação investido pelo autor neste livro.
A História do Teatro Europeu de Fernando avança desde os primórdios do teatro aos nossos dias, detendo-se com visível deleite nos períodos grego e romano, a idade média e a renascença, o barroco e o neoclassicismo, o poderoso século dezoito, o romantismo e o naturalismo, concluindo com um capítulo sobre o caso português e o período contemporâneo.
Mais do que um rol de nomes ou repositório de dramaturgias, esta obra detém-se dedicadamente sobre o empolgante exercício de viver, assim como da epopeia do povo e do seu arauto – o actor de todos os tempos e de todas as épocas. A História do Teatro Europeu é uma obra suculenta e de uma grande modernidade. Estou seguro de que para os leitores em geral será uma fonte de prazer e ensinamento, e para os amantes do teatro uma experiência apaixonante e indispensável.
Lembro, como quem desfolha um festivo ramos de cravos, um poema inserto no belíssimo prefácio de Roberto Merino Mercado, ele que sempre chamou ao homem antigo, ou antiga divindade, o primeiro actor da humanidade, o primeiro que, parafraseando Herberto Hélder:


“Acendeu os pés e as mãos.
Falou devagar.
Se difundiu aos bocados.
Bocado de estrela.
Bocado janela para fora.
Outro bocado gruta para dentro.”

Separata de “O Regional”, S. João da Madeira

sábado, março 21, 2009

As Abelhas e as Vespas na Colmeia do Teatro


No dia do Teatro Amador...


FERNANDO PEIXOTO - AS ABELHAS E AS VESPAS NA COLMEIA DO TEATRO – Comunicação proferida em 9 de Janeiro de 2003; na Mesa-Redonda «Teatro e Ensino», no Mercado de Ferreira Borges, no decurso das comemorações dos 20 anos da ESAP/CESAP)



Há o mel e a cera; há as abelhas e as vespas. Uns espetam para estimular a produção; outros para destruir o que foi produzido. Assim acontece na colmeia do teatro; assim se passa na comédia da vida.
Sarah Kane pertencia à geração dos filhos de Margareth Tatcher e suicidou-se aos 28 anos. Miguel Rovisco era o fruto da geração dos anos 60 e pôs termo à vida aos 27. Será que alguém sabe, verdadeiramente porquê?
Um e outro, contudo, deixaram-nos obras não só importantes como promissoras do que poderiam ainda criar se, para tão vasto talento, não tivesse sido tão curta a vida.
Ricardo Pais tem recebido do poder político as condições que lhe têm permitido montar espectáculos pujantes de grandiosa espectacularidade.
Jorge Silva Melo foi despejado e ignora ainda se poderá contar com um espaço tão residual como aquele que ocupavam os Artistas Unidos, afinal o «mínimo denominador comum» que lhe possibilite acalentar novos sonhos para a sua imparável capacidade criativa.
Ricardo Pais tem amplos bastidores, sofisticada maquinaria, um espaço de luxo, gabinete próprio e outras «mordomias» que o poder entende imprescindíveis. Jorge Silva Melo é quase um sem-abrigo, em Braço de Prata, não tem casas de banho, nem lá cabem os 22 actores que presentemente tentam erguer Baal de Brecht.
Será que alguém sabe, verdadeiramente porquê?
No Parque Mayer ensaia-se uma ressurreição com dinheiros provindos do jogo e o poder parece estar contente e feliz com isso.
Há dias fui a um leilão: gente endinheirada disputava quadros que queria levar para casa por milhares de contos; alguns batiam-se por adquirir uma escultura; outros ofereciam lances inimagináveis por pequenas peças de cerâmica. Ninguém adquiriu uma colecção de primeiras edições de peças de teatro de um conhecido autor português que custava cerca de 200 euros!
Será que alguém sabe, verdadeiramente porquê?
O Teatro é uma criação que usa as palavras, as paixões e os corpos como arma.
Se as palavras, no dizer de Stendhal «são sempre uma força que procuramos fora de nós», e Eurípides aconselhava mesmo «fala se estás na posse de palavras mais fortes do que o silêncio, senão mantém-te calado», então o Teatro, que as utiliza mais que ninguém, é a arte que mais estilhaça os espelhos do silêncio, é o canhão que dispara contra os muros do medo e do conformismo, é a trovoada que rasga as veias das fontes do sonho com que se alimenta o Futuro.
Mas o Teatro não existiria se lhe fosse impedido respirar a aragem das paixões, porque «as paixões ensinaram a razão aos homens», como escreveu William Shakespeare, n’A Tempestade, antecipando de alguns séculos as conclusões científicas de António Damásio.
Esta arte, que Téspis divulgou na sua itinerância pelos caminhos gregos da descoberta do Homem, constitui um corpo complexo, que não vive apenas da pele que o reveste (o cenário), dos ossos que o sustêm (os adereços), dos nervos que o impelem (as emoções), mas do sopro de Vida que as mulheres e os homens que o fazem respiram, no quotidiano das ruas, nos palcos, nos bastidores, em qualquer local onde haja seres humanos dispostos ao diálogo, à reinvenção do real e à recriação do mundo que os envolve.
O criador teatral sabe bem da importância do seu acto e, muitas vezes, dos perigos que corre. Mas insiste, porque «criar é matar a morte», como dizia Romain Rolland. E, a propósito da criação, o grande Jean Genet sabia muito bem o que dizia quando afirmou que «criar não é um jogo mais ou menos frívolo. O criador meteu-se numa aventura terrível que é a de assumir ele próprio, até ao fim, os perigos que enfrentam as suas criações».
Por tudo isto o Teatro é perigoso: é que ele aponta, grita, mostra, apela, denuncia, esclarece, descobre, desafia, inventa e renova, transforma-se noite após noite porque não há dois espectáculos iguais, experimenta, interroga, agride e abraça, cospe e beija: é a Vida, em suma, no seu continuum dialéctico.
Louis Jouvet, definiu-o como uma colmeia «onde se transforma o mel do visível para fazer dele o invisível». E desse invisível da Vida se alimenta o sonho, como maravilhosamente nos fez compreender Calderón de la Barca.
A teimosia do sonho e a capacidade de materializá-lo, deverão constituir sempre o horizonte perseguido pelos criadores teatrais: os autores, os actores, os encenadores e todos quantos constituem o exército indómito dos obreiros do combate pela dignificação do Teatro. Por isso, é frequente depararmos com aqueles cuja paixão pela arte dramática supera as mais incríveis limitações. E frequente é também ver autores e actores transformados em Pigmaleões apaixonados pelas Galateias-personagens que eles próprios esculpiram sobre o palco.
Por tudo isto o Teatro foi sempre uma espécie em vias de extinção, mas que vem resistindo porque enquanto houver um homem e uma mulher que se recusam a ser fósseis — e ser fóssil, aqui, significa deixar de sonhar — o teatro há-de levantar-se sempre, como fénix renascida das cinzas em que os inquisidores tentam «assá-lo» há milénios.
É que a imortalidade da criação e da arte teatral provoca ainda em alguns um medo pavoroso. E poucas artes possuem, como o Teatro, a possibilidade de despertar as consciências.
Num estudo recente, que serviu de base a Vítor Rodrigues para a sua dissertação de doutoramento em Psicologia, aquele investigador chegou à conclusão de que os textos de Gil Vicente são os preferidos dos alunos do 10.º ano de Português B, a que se seguiam Os Lusíadas. Apesar destes resultados, já a partir de Setembro deste ano, estes textos vão ser retirados do programa do 10º ano, como consequência da revisão curricular!
A notícia veio no Público de 3 de Janeiro deste ano e entre as várias conclusões a que chegou aquele psicoterapeuta, salienta-se a de que os alunos manifestam um maior grau de atenção frente a um docente que lhes fala de forma clara, melodiosa, expressiva, aconselhando mesmo os docentes a recorrerem a «uma linguagem mais metafórica e emocional» como forma de potenciar uma maior motivação dos alunos.
Mas será isto que acontece na generalidade dos casos? Há, por acaso, formação a este nível, dada aos docentes nas célebres cadeiras pedagógicas das Faculdades que formam os futuros professores? Sabem eles colocar a voz? Utilizam o rosto, as mãos, o corpo, como complementos expressivos?
Formam-se professores de Letras e de Ciências sem a mínima preocupação de os preparar para os difíceis percursos da comunicação oral, e ignora-se mesmo a enorme importância da comunicação corporal, como se isso fosse matéria exclusiva para uns pobres-diabos que não têm que fazer e por isso mesmo se dedicam ao estudo incipiente do Teatro em alguns (poucos) cursos das ESE’s.
Mesmo ao nível do ensino básico, faixa etária em que as crianças carecem de mecanismos diversificados de descoberta que a expressão dramática potencia, como a experiência no-lo tem provado, o recurso àquela forma de expressão tem sido sistematicamente ignorada.
Um exemplo, apenas. Numa escola do 1º ciclo do ensino básico de Gaia, foi dado a ler aos alunos um texto sobre a lenda de Gaia. Dos que o leram — e não foram muitos — poucos o entenderam e nenhum se entusiasmou particularmente com a lenda.
Fomos convidado a contá-la oralmente a um grupo de cerca de centena e meia de crianças, algumas portadoras de diferentes níveis de deficiência motora e intelectual. A estratégia que adoptámos foi a de reunir todas as crianças num recreio térreo e distribuí-las de acordo com as suas preferências: uns eram os cristãos, outros os mouros, alguns reis, outros rainhas ou princesas, cavaleiros, etc. Introduzimos lentamente pequenas porções da história que eles iam mimando. A cena da batalha entre mouros e cristãos, com o rapto da princesa Gaia, constituía o desfecho da lenda. Todos as crianças se envolveram numa «luta» coreográfica, na qual as espadas eram os próprios braços com os dedos indicadores esticados. Um ligeiro toque no colega bastava para simular a sua «morte».
O resultado foi verdadeiramente entusiástico. Durante dias aquele «jogo» foi não só o tema das conversas como serviu de pretexto para composições escritas, desenhos e pinturas. E, curiosamente, muitas quiseram ler posteriormente aquela mesma lenda numa versão que existe em banda desenhada.
É certo que os planos curriculares dos alunos do 1.º ciclo contemplam espaços para as expressões artísticas como a educação musical, plástica ou dramática. Mas quantos docentes estão habilitados a leccioná-las? Nos ciclos seguintes o panorama não é mais animador.
O teatro, pela versatilidade dos meios que emprega, pelos recursos de que se serve, pela abrangência cultural que suscita, constitui — quanto a nós — o veículo privilegiado de acesso ao conhecimento pela via do lúdico. Ele influi e exercita as capacidades motoras, organiza o raciocínio lógico, fortalece a «musculatura» da memória, melhora a articulação das palavras e orienta as necessidades respiratórias; serve-se da Literatura, da História, da Filosofia, da Música, das leis da Física, das Artes Plásticas, utiliza os recursos do meio e provoca a imaginação; questiona mais do que afirma, bebe profundamente nas águas da Psicologia, cria tensões e promove solidariedades, em suma: provoca um amplo e harmónico desenvolvimento humano.
Apesar de tudo isto e do muito mais que poderia ainda acrescentar-se, continua a ser o parente pobre do Ensino.
Será por acaso? Não haverá por aqui algum maquiavelismo escondido com o «príncipe» de fora? Será por ignorância ou ingenuidade dos políticos que o desenvolvimento do teatro se processa sempre de forma lenta e em contra-corrente?

Sabiam que o Teatro é irmão do Político e quase nunca estão de boas relações? Porque, filhos ambos do mesmo Pai (o Homem) e da mesma Mãe (a Natureza Humana), ambos intervêm no quotidiano e os seus objectivos entram frequentemente em conflito.
O Político sabe perfeitamente do grande amor que o Teatro tem pela Liberdade e como quer, casado com ela, despertar os homens e o mundo. É a velha vingança de Zeus contra Prometeu: o Político, enamorado, apaixonado pela Ambição, busca um casamento de conveniência que lhe permita decidir, juntamente com a esposa, da vida e do destino dos humanos, sem ser perturbado pelo fogo do conhecimento que o Teatro pode levar às massas.
Ao longo dos séculos temos assistido a sistemáticas tentativas de fratricídio, com o Político (vestindo trajos de tirano ou de religioso) a tentar amordaçar ou mesmo apunhalar o irmão Teatro. Primeiro na Grécia, onde se tentou calar os dramaturgos; assim foi em Roma, porque Nero não logrou ser o actor de fama que ambicionava; assim foi, durante séculos, nos primórdios do cristianismo. Mas, viajando de carroça ao longo dos tempos, mais tarde entrando de carruagem nos palácios dos mecenas e dos próprios reis, hoje viajando de carro, de comboio ou de avião, tendo já um lugar cativo na própria NET, o Teatro sobreviveu sempre.
Crucificado e recrucificado, o Teatro soube sempre erguer-se do túmulo onde o Político pretendeu sepultá-lo e de cada vez partiu com uma nova mensagem, com um novo sorriso, com uma nova vontade, com uma nova esperança, com um novo sonho, com um novo projecto de Futuro.
Num palco convencional ou numa barraca improvisada, na arena de uma praça ou no espaço estreito de uma rua, no interior de um supermercado ou num recanto de um qualquer centro comercial, o Teatro acontece, pode acontecer, e em todas essas ocasiões é o Homem, o Homem autêntico que se procura a si mesmo para construir o seu próprio itinerário, para criar o seu próprio Futuro. Aí reside a sua força. Aí habita a verdadeira Fé que só os crentes da religião teatral cultivam: um Amanhã diferente com um Homem diferente. Porque, como escreveu Elsa Triolet, «o futuro não é uma melhoria do presente. É outra coisa».
«un pueblo que no ayuda y no fomenta su teatro, si no está muerto, está moribundo». — FEDERICO GARCÍA LORCA

Rompamos o silêncio! Apedrejemos a ignorância! Expulsemos o oportunismo! Matemos a morte! Façamos Teatro!


FERNANDO PEIXOTO

quinta-feira, março 12, 2009

CALE-SE - FESTIVAL DE TEATRO 2009


O "CALE-se" Festival Internacional de Teatro apresenta, no próximo sábado, o último dos oito espectáculos a concurso, na sua edição de 2009.


Já a 21 de Março, Dia Nacional do Teatro de Amadores, terá lugar a tão esperada cerimónia de entrega dos Prémios CALE, uma espécie de "Oscar" do teatro não-profissional, que visam premiar as melhores prestações nas diferentes categorias (8) a concurso.


Além dos galardões atribuídos segundo a apreciação do júri – este ano constituído por Salvador Santos (administrador do TNSJ), Fernando Rodrigues (presidente da Contacto) e Cândido Xavier (director do festival) – lembramos que o público também vota, tendo à sua responsabilidade a atribuição do Prémio do Público, para a escolha do Melhor Espectáculo.
Contamos consigo!



8º ESPECTÁCULO – SÁBADO, 14 DE MARÇO – 22 HORAS
ASSOC. REC. CANIDELO (V. N. GAIA)


CALE-se 3


FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO"OS OUTROS"


Drama de Jaime Salazar Sampaio

Pelo CEGADA Grupo de Teatro (Alverca, V. Franca de Xira)


Dois homens, colegas numa oficina e essencialmente amigos, pintam cacos num outeiro, longe da cidade, longe dos sonhos, quase do outro lado da vida, do outro lado do mundo. Cada um tem uma perspectiva do mundo, cada um confronta o outro à sua maneira.

Num percalço da vida chega outra, uma rapariga… novas perspectivas se desvendam… E tudo se transforma, tal como na natureza, tal como os outros da nossa vida nos transformam quando aparecem.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

CERIMONIA DE ENCERRAMENTO DO AMASPORTO

Dia 08 de Fevereiro – 16 horas
CERIMÓNIA DE ENCERRAMENTO-Auditório Paroquial da Igreja de Ramalde

Entrega das Placas Associativas aos Grupos Participantes
Atribuição dos “PRÉMIO TALMA”
TRIBUTO A FERNANDO PEIXOTO
Actor,Encenador,Historiador,Teatrólogo,Escritor, Dramaturgo,Professor e Poeta-Prémio Talma 2000
(N.25 Julho 1947 –F.03 OUT.2008)

Colaboração de Helena Peixoto (filha), Manuel Ângelo, Roberto Merino, Sérgio Marques,Francisco Santose do músico/actor, da C.T.Ramalde – David Ferreira

Encenação do Poema “A LOUCURA DO POETA” – excerto de uma cena,da peça “BAR DOS LILAZES” (2008, enc. Alfredo Correia),pelo Grupo de Teatro ACGITAR-Jovim/Gondomar

quinta-feira, janeiro 22, 2009

HOMENAGEM A FERNANDO PEIXOTO



No próximo dia 31 de Janeiro, pelas 21.45, a Tuna Musical de Santa Marinha, com o apoio do Curso Superior de Teatro da Escola Superior Artística do Porto, do Teatro Arado, da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Gaianima e da Junta de Freguesia de Santa Marinha, homenageiam o Poeta e Homem de Teatro, Fernando Peixoto, numa noite de evocação, com a presença dos seus amigos, colaboradores e alunos. Através da poesia e das palavras evocarão a obra literária e pedagogia deste cidadão do mundo que entregou a sua vida á obra social, politica e cultural de Vila Nova de Gaia e da Freguesia de Santa Marinha.
Estará patente na sede da Tuna Musical de Santa Marinha uma exposição biográfica do autor.
Contamos com a sua presença.


Gilberto Albuquerque (Presidente da Tuna Musical de Santa Marinha)







segunda-feira, janeiro 19, 2009

TEATRO

TEATRO
Para o Marcelo Romano, com a admiração do autor

Fazer teatro, não é
deixar a vida correr,
cruzar os braços, viver,
deixar correr o marfim;
e se às vezes se diz sim,
muitas vezes se diz não.
Embora custe ao actor
manter o direito ao pão,
não hesita em dizer NÃO
quando um NÃO é a verdade,
e mantém a liberdadede
dizer que não, que sim,
por questão de dignidade,
porque o Teatro é assim.
Porque o Teatro é a vida
e a verdade é o seu norte,
o actor desafia a sorte
e a mentira é vencida.

Mas na luta desigual
entre a verdade e a mentira,
se nuns despoleta a ira,
noutros reforça o Amor,
e nesta dicotomia
que é o Teatro, afinal,
vence o Bem, que é a Verdade,
cai a Mentira, que é o Mal.
E a máscara da ilusão
com que o homem se disfarça
fica prostrada no chão
ante o humor de uma farsa.

Sempre assim foi e será
(é essa a nossa certeza)
porque o Teatro é a manhã
que dá vida à natureza,
porque o Teatro é a alegria
de saber que vale a pena
transferir o dia-a-dia
para o âmago da Cena.
E repleto de esperança,
sereno, firme e seguro,
o actor é uma criança
que acredita no futuro.

E faz da crença um Amor
tão largo, grande e profundo,
que mesmo pobre, o Actor,
é o mais rico do mundo!

FERNANDO PEIXOTO

P.S - Nunca nos esqueceremos de si professor Peixoto..

M.