Eis um espaço de partilha para gente que se interessa por teatro e outras artes. Podemos e devemos partilhar: fotos, reflexões, críticas, notícias diversas, ou actividades. Inclui endereços para downloads. O Importante é que cada um venha até aqui dar o seu contributo. Colabore enviando o seu texto ou imagem para todomundoeumpalco@gmail.com

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

CALE-SE - FESTIVAL DE TEATRO 2008 na recta final


O Festival Nacional de Teatro “CALE-se”, na sua segunda edição, organizado pelo Cale Estúdio Teatro, com o patrocínio da Delegação Regional da Cultura do Norte, entra na recta final. Dos oito grupos participantes, faltam apenas três apresentarem as suas produções, duas delas a concurso pela disputa de um dos oito Prémios CALE. A apresentação dos espectáculos mantém-se na Associação Recreativa de Canidelo, em Vila Nova de Gaia, com início marcado para as 21.45 horas.Eis a agenda:

1 Março - 21.45 horas

Participação especial de Grupo de Teatro Contra-Regra (Escola Sec. Inês de Castro – V. N. Gaia)“A VERDADEIRA HISTÓRIA DE ANDREIA BELCHIOR”OPSIS em Metamorphose (Cabeção, Mora)

8 Março - 21.45 horas

“ROMEU & JULIETA”Grupo de Teatro Contra Senso (Lisboa)

15 Março - 21.45 horas

“UMA VIAGEM PARA LÁ DO FIM”Companhia de Teatro Poucaterra (Entroncamento)

SESSÃO DE ENTREGA DE PRÉMIOS E ENCERRAMENTO DO “CALE-SE 2”

VARIAÇÕES À BEIRA DE UM LAGO


TMA estreia
Variações à beira de um lago
de David Mamet
encenação de Carlos Pimenta
música original de Mário Laginha
com André Gomes e João Ricardo


A Companhia de Teatro de Almada estreia na próxima Quinta-feira 28, pelas 21h30, o espectáculo Variações à beira de um lago, de David Mamet, com encenação de Carlos Pimenta, música original de Mário Laginha, cenário de João Mendes Ribeiro, vídeo de Alexandre Azinheira, e interpretação de André Gomes e João Ricardo. O espectáculo estará em cena na Sala Experimental do Teatro Municipal de Almada até 30 de Março, de Quarta a Sábado às 21h30 e Domingos às 16h00 (à excepção de Sexta 21 de Março, em que não há sessão).

Variações à beira de um lago, escrita quando David Mamet era ainda um jovem dramaturgo de 28 anos, usa a mesma técnica dramatúrgica de Pinter — que consiste em esconder as sensações por detrás das palavras e usar a comunicação para pôr em causa o próprio acto de comunicar. Dois velhos judeus quezilentos sentam-se num banco em frente ao Lago Michigan e conversam tanto acerca dos hábitos dos patos, como de outros temas dos quais não sabem absolutamente nada, embora disponham de uma infinita capacidade de especulação cómica para discuti-los. O que acaba por prevalecer nesta peça de teatro é a evidência da amizade que une estes dois homens, o medo que têm da solidão, e a consciência do fim inevitável das suas vidas que se esgotam.


David Mamet nasceu em Chicago em 1947. No início da sua carreira foi actor e encenador. Enquanto escritor obtém os primeiros sucessos com a chamada “Trilogia de Chicago”: Variações à beira de um lago (1976), Sexual perversity in Chicago e American Buffalo. De entre os inúmeros prémios recebidos pelo seu trabalho enquanto argumentista, novelista, poeta e ensaísta destacam-se: o Society of West End Theatre Award (1983), o Pulitzer Prize (1984), o Dramatists Guild Hall-Warriner Award (1984) e o American Academy Award (Óscar), em 1986. David Mamet escreveu, até à data, vinte e duas peças de teatro, catorze argumentos para cinema, seis ensaios, duas novelas e um livro para crianças.

TEATRO ARADO apresenta

AS HISTÓRIAS DO SR. KAUNER

Comemorando o Dia Mundial do Teatro, o TEATRO ARADO vai apresentar no Cine-Teatro Brazão, em Valadares, Vila Nova de Gaia, de 27 a 29 de Março, pelas 21,45 h, a sua nova produção

AS HISTÓRIAS DO SR. KEUNER

Poema de E. E. CUMMINGS


“fundemos uma revista
que se lixe a literatura
queremos uma coisa com sangue na guelra
piolhosa com pura
fedendo com absoluta
e destemidamente obscena
mas deveras limpa
estão a ver
não estraguemos a coisa
façamos a coisa a sério
qualquer coisa de autêntico e delirante
percebem qualquer coisa de genuíno como uma marca
numa retrete
agraciada com gana e esganada
com graça”
apertem os tomates e abram a cara


E. E. Cummings

(originalmente publicado em no thanks, de 1935), na tradução de
Jorge Fazenda Lourenço para a edição bilingue xix poemas, da
Assírio & Alvim

Passe os olhos pela Revista OBSCENA, in http://www.revistaobscena.com/


MORREU RUBENS DE FALCO


Actor brasileiro, 76 anos, faleceu em São Paulo

O actor brasileiro Rubens de Falco morreu esta sexta-feira (22/02/08), aos 76 anos, em São Paulo, vítima de uma paragem cardíaca, divulgaram fontes hospitalares.


Rubens estava há cerca de dois anos internado no Centro Integrado de Assistência ao Idoso (CIAI), na sequência de um acidente vascular cerebral (AVC). Rubens de Falco teve diversas actuações na televisão, mas celebrizou-se com a personagem de Leôncio, na novela "Escrava Isaura" (1976), protagonizada pela actriz Lucélia Santos. No início da carreira, participou das actividades dos Jograis de São Paulo, ao lado de nomes como Armando Bogus e Ruy Affonso. De marcantes actuações no teatro, participou, entre outras peças, na montagem original de Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade, em 1963 no TBC). Rubens teve grande reconhecimento da crítica e do público ao começar a actuar na televisão, sendo frequentemente contratado para papéis em telenovelas. Leôncio, o senhor algoz da protagonista de Escrava Isaura, um dos maiores vilões de sempre da teledramaturgia, é considerado o maior papel de Rubens em TV. Na telenovela, Rubens foi por duas vezes imperador - Maximiliano em A Rainha Louca (1967) e Francisco José em A Última Valsa (1969) -, além de outros personagens de sucesso como o misterioso Agenor em O Grito (1975); Samir Hayala em O Astro (1978); Roberto Steen, o protagonista masculino de A Sucessora (1978); o poderoso Daniel em Gaivotas (1979) e o Barão de Araruna na primeira versão da novela Sinhá Moça (1986).



BABINE em digressão


«Uma narrativa escrita, mas também uma poderosa narrativa visual. Assim é a versão de "Babine, o parvo" que o teatro Art'Imagem leva amanhã ao público de Paredes de Coura. O texto de Lev Tolstoy foi encenado de forma a recriar a mítica alma russa, aliando ao trabalho dos actores suportes audiovisuais que permitem acompanhar a viagem da personagem central de uma forma mais próxima da realidade.Peça estreada em 2006, "Babine, o parvo" será também levada a São Paulo, no Brasil. É com este espectáculo que a companhia Art'Imagem participa na primeira edição do Festival Ibero-Americano de Teatro, a 3 de Março. Seguem-se apresentações em mais três cidades do Estado de São Paulo.Babine, um parvo que pretende correr a Rússia para ver o mundo e dar nas vistas, tem alguns problemas em fazer amizades. Não encontra as palavras certas e só se mete em complicações, mesmo depois de ser devidamente aconselhado por quem lhe é próximo. Babine é também um parvo que acaba por concluir que tem de pensar pela própria cabeça. E, no fim, continua vivo.Esta produção inclui duas narrativas audiovisuais que acompanham o texto uma com filmes e slides, outra que recorre às pinturas de Marc Chagall, Wassily Kandinsky e Kazimir Malevich. Desta forma, é dirigida tanto a crianças como ao público adulto. A sessão de amanhã, no auditório de Paredes de Coura, está marcada para as 15 horas.Com dramaturgia e encenação da responsabilidade de José Leitão, a peça é interpretada por Anabela Nóbrega, Ângela B. Marques, Pedro Carvalho e Valdemar Santos. O novo projecto da Art'Imagem, "Cantata para o honorável bandido chileno Joquín Murieta", estreia no dia 26 de Março, na Maia, por ocasião do festival "Primavera do Teatro". Será também um dos espectáculos do "Fazer a Festa", entre 25 de Abril e 4 de Maio, na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto».


ISABEL PEIXOTO, in JN 23 de Fevereiro de 2008

terça-feira, fevereiro 26, 2008

«ART'IMAGEM» NO PARQUE NASCENTE


TEATRO ART’ IMAGEM apresenta

“projecto 52 cenas in-visíveis” no C.C. Parque Nascente


No âmbito da programação idealizada pelo Centro Comercial Parque Nascente intitulada “365 dias de animação”, o TEATRO ART’ IMAGEM irá apresentar durante o mês de MARÇO, às quintas-feiras, pelas 20:30, na praça da restauração do centro comercial Parque Nascente

dia 6 Março: As Árvores também respiram !
Imagine que está a jantar ou a passear e é surpreendido ao ver árvores que se movem e respiram !... Imagine também que essas árvores, além de declamarem poesia e produzirem melodias silenciosas, lhe oferecem frutos !.... Esta performance só é possível acontecer no Parque Nascente, onde a imaginação e a criação não tem limites !
dia 13 Março: Salão In-Estética de Madame Gaby
Duas cabeleireiras tresloucadas e fofoqueiras invadem o Parque Nascente com as mais actuais criações estilísticas. É a oportunidade para os mais descabelados ficarem bem atados e os cabelos mais teimosos ficarem bem jeitosos ! O seu look irreverente não vai deixar ninguém indiferente...
dia 20 Março: Mulher Executiva que sonha ser Bailarina
Uma mulher opta por uma carreira de sucesso mas... o seu sonho sempre foi ser bailarina.
A sua cabeça vive dividida entre os negócios e a música que ecoa, levando o seu corpo a movimentos consecutivos pois a dança vive dentro de si. Ela vive num mundo muito próprio... de impulsos incontroláveis !
dia 27 Março: O Capuchinho Vermelho, a Avózinha, o Lobo e talvez o Caçador !
Uma divertida estória adaptada a partir de uma versão dos Irmãos Grimm de um conto transgeracional.
O Capuchinho Vermelho é assim representado por quatro actores numa criação muito livre, que valoriza essencialmente a plástica e a interacção com o público...

Relembra-se que o “projecto 52 cenas in-visíveis” é um formato in door que utiliza as mais variadas técnicas teatrais que vão do teatro físico, à pantomima passando pelo teatro invisível ou pelo teatro móvel, aliadas às técnicas de clown ou ainda à performance e instalação. Com esta palete de linguagens e estéticas pretende-se cativar, surpreender e divertir desde os mais novos até aos mais velhos ou o mais distraído dos espectadores, apostando no inesperado e no insólito, no cómico ou no dramático, no belo e no grotesco, no real e no imaginário. Neste projecto participam artistas de diversas áreas (actores, músicos, artistas plásticos e designers).

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

O TEATRO NA ANTIGUIDADE - 4 (continuação)

Mapa da Mesopotâmia
Primeiras manifestações teatrais nas civilizações da Antiguidade
Mesopotâmia




Foi graças à chegada dos Sumérios à Mesopotâmia, por volta de 4.000 a.C. que despontou a literatura naquela região. Por isso é comum dizer-se que A História começa na Suméria, precisamente o título da obra mais conhecida de Samuel Noah Kramer.
As múltiplas criações literárias sumérias indiciam uma preocupação clara de registo dos avanços do conhecimento obtido pelo seu povo e é na sua literatura que encontramos os primeiros paralelos bíblicos, como a luta entre dois irmãos, a crença na moldagem em barro do primeiro homem, a descrição de um Dilúvio que dura sete dias e sete noites e para o qual Utnapischtim, o «primeiro Noé», se precavê por ordem do deus Ea, construindo uma barca.
É também na literatura suméria que pode ver-se a primeira narrativa da ressurreição, a concepção de um paraíso e de um inferno de onde se não regressa, ou mesmo um código legislativo, as leis de Ur-Nammu,
Ur Nammu (2113-2095)

primeiro rei da 3.ª dinastia de Ur (2112-2003 a.C.), elaborado, portanto, antes do célebre Código de Hamurábi e igualmente anterior ao Decálogo de Moisés.
Nos muitos textos já descobertos e outros que continuam a aparecer ou a serem decifrados, podem ver-se imensos provérbios e fragmentos de textos épicos, bem como as disputas literárias, sobretudo estas últimas, pela forma dialogada que opõe os conceitos dos contendores, indiciando já o embrião de um desenvolvimento que mais tarde daria lugar à produção de obras poéticas de conteúdos mitológicos e épicos de grande envergadura estilística e intelectual.
A prova da imensa riqueza e diversidade criativa da sua literatura ficou bem patente após a descoberta da biblioteca do monarca assírio Assurbanípal (668-627 a.C.), na cidade de Nínive, na margem esquerda do rio Tigre, rigorosamente organizada, e que foi a mais antiga biblioteca da humanidade, tendo chegado até nós cerca de 25.000 placas e fragmentos.
Assurbanipal


Embora nada se conheça sobre a existência de teatro na Mesopotâmia, sabe-se que teve uma literatura muito desenvolvida, sobretudo em obras de culto religioso, onde aparecem já diálogos, tal como se pode ver na célebre epopeia de Gilgamesh.


Gilgamesh


São bastantes as afinidades entre lendas e versões dos deuses mitológicos sumérios e aquelas que mais tarde viremos a encontrar, tanto no Velho Testamento como na própria mitologia grega, revelando-nos a inegável influência e difusão da cultura suméria.
Os estudos e as descodificações da escrita encetadas por investigadores estão longe de estar concluídas, tal a profusão de vestígios arqueológicos que repousam ainda nos laboratórios além dos que continuam ainda hoje a ser descobertos, pelo que não é de admirar que mais cedo do que se pensa, venhamos a possuir novos e importantes referências. Tal como nada nos impede de pensar que trechos do Gilgamesh (e de outras obras) tivessem sido representados.


Fragmento da epopeia de Gilgamesh


FERNANDO PEIXOTO

terça-feira, fevereiro 12, 2008

ART'IMAGEM APRESENTA BABINE, O PARVO



Teatro Art’ Imagem apresenta Babine, o parvo na Quinta da Caverneira, Águas Santas

Maia de 16 a 22 de Fevereiro



Esta temporada de representações insere-se num protocolo de colaboração cultural entre a Câmara Municipal da Maia e o Teatro Art' Imagem com vista à dinamização do auditório da Quinta da Caverneira
Sendo um espectáculo para todos, a temporada contempla sessões para o público em geral e sessões para grupos escolares:
para o público em geral: dia 16, sábado, às 21h30 / dia 17, domingo, às 16h00 / dia 22, sexta, às 21h30
para grupos escolares: do dia 18 ao dia 22, com sessões diárias às 10h00 e às 14h30.
Inf e bilheteira: 22 208 40 14 ou 96 020 88 19

Localização da Quinta da Caverneira: perto da Escola Secundária de Águas Santas). Sentido Alto da Maia-Areosa, Rua D. Afonso Henriques, virar à direita para Rua João XXIII (Banco BPI na esquina) e depois virar na 1ª à direita (rua de sentido único que termina em frente ao portão principal da Quinta).

“BABINE, o parvo” é da autoria de León Tolstoi, com tradução de Luíza Neto Jorge, encenação de José Leitão, interpretação de Anabela Nóbrega, Ângela B. Marques, Pedro Carvalho e Valdemar Santos, música de Carlos Adolfo, vídeo de Paulo Martins e figurinos de Fátima Maio.
Sobre o espectáculo:
A encenação pretendeu recriar a atmosfera de uma mítica “alma russa”, desde a música às danças e guarda-roupa, criando-se uma variedade de jogos teatrais para acompanhar um texto minimalista e repetitivo, como sempre acontece com estas histórias de exemplo. (Um parvo houve por bem / Ir correr a Rússia a fundo / Para ver se via o mundo / E dar nas vistas também..)"
Em paralelo com o jogo de actores, desenrolam-se duas diferentes narrativas audiovisuais: a primeira, com pequenos filmes e slides onde desfilam cenários, lugares e situações por que passa Babine na sua viagem pela paisagem e história russas; a segunda, partindo das pinturas de Chagall, Kandinsky e Malevich, para se chegar à criação de um ambiente encantatório, levando os espectadores a acompanhar a acção como estivessem a vê-la através de um caleidoscópio. (E lá vai Babine de terra em terra, calcorreando os vastos caminhos da Rússia que, como todos sabem, não é só um país mas muitos países juntos, à procura de outros lugares e gentes passando pelas mais inesperadas situações).
O nosso herói quer fazer novas amizades mas nunca encontra as palavras certas para que os desconhecidos aceitem de bom grado a sua presença, dizendo sempre coisas inconvenientes e desadequadas ao momento. A sua mãe, mulher e irmã estão sempre a pregar-lhe sermões e a dar-lhe conselhos, depois de cada situação desagradável por que passa. Babine toma nota deles para segui-los mais tarde. Só que os utiliza em situações diferentes e que requeriam outros procedimentos, gerando novas complicações...
Mas, à sua custa, Babine, acaba por entender que tem de saber pensar pela sua própria cabeça. E ao contrário da história popular que acaba com a sua morte, pode dizer no final “ontem fui parvo, pois fui, não o serei nunca mais” e continuar vivo.
Para esta peça que vos apresentamos, convocamos León Tolstoi, um nome maior da Literatura Universal e Luíza Neto Jorge, uma voz singular da nossa poesia contemporânea. “Babine, o Parvo”, sendo de poucas palavras, é um espectáculo quase bilingue, com textos falados em russo, em homenagem à história, cultura, literatura e língua russa e também às comunidades imigrantes que connosco vivem e trabalham. Um pretexto também para falar de acontecimentos históricos, movimentos e personalidades artísticas do teatro e do cinema, da música e da dança, da pintura e da literatura, que influenciaram o mundo em que vivemos


Teatro Art' Imagem

Rua da Picaria, 89, 4050-478 PortoT. 22 208 40 14 - F. 22 208 40 21E

UMJ PORTO CAMILO


A Companhia Teatral de Ramalde, da Associação 26 de Janeiro, estreia no próximo Sábado, 16 de Fevereiro, pelas 21,45 h., na sua sala, à R. de Requesende, 194


UM PORTO CAMILO


Trata-se de uma espectáculo baseado na obra de Camilo Castelo Branco, O QUE FAZEM MULHERES, numa adaptação e encenação de Alfredo Correia.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

O TEATRO NA ANTIGUIDADE (Continuação - 3)




«O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel» - PLATÃO


O teatro primitivo


O problema das origens do teatro é uma questão ainda hoje polé­mica e para a qual se encontram múltiplas explicações, muitas delas no domínio da mera especulação, quer porque o teatro é bem anterior à escrita, quer porque se trata duma arte que usando embora o ser humano como veículo primeiro da emissão­-recepção do momento criador, utiliza como acessórios o instante e o material perecível.
Na fase que antecede a escrita, apenas nos é possível detectar o local ou locais onde ele seria representado, e mesmo neste caso, através da via da tradição oral, também ela um registo falível, mais tarde gravado em documentos escritos e, logo, redigidos em consonância com o que se ouviu e... com o que se imaginou.
Os historiadores do teatro contraíram, porém, uma dívida para com a Antropologia Cultural. É que graças a esta disciplina do conhecimento e aos estudos da Etnografia Comparada é hoje possível, com relativa garantia, perce­bermos como teria surgido o teatro.
Provavelmente teremos de remontar aos rituais do homem «primiti­vo» quando, em redor do fogo, dançando e gesticulando, implorava o favor das di­vindades totémicas para o êxito na caça, para os bons auspícios dos recém-nasc­idos, para uma «vida» tranquila após a morte. E mais tarde, colocando mesmo disfarces, usando máscaras, fazendo mímica, comunicando algo como expressão co­lectiva do clã ou da tribo, individualizando-se no seio da comunidade, «vestindo» uma identidade de circunstância tornava-se, sem o saber, o primeiro actor da história do teatro.



«Era uma vez uma época em que o mundo mergulhara num estado de torpeza moral. As pessoas tinham-se tornado escravas de paixões irracionais. Era preciso encontrar um novo meio (“não apenas edificante mas também agradável aos olhos e aos ouvidos”) capaz de resgatar a humanidade. Por isso Brahma, o Criador, combinou elementos dos quatro Vedas (textos sagrados) para criar um quinto texto, o Veda da representação teatral. Como os deuses não eram capazes de praticar a disciplina do teatro, o novo Veda foi transmitido a Baratha, um ser humano. E Baratha, com a ajuda dos seus cem filhos, bem como de vários dançarinos celestes enviados por Brahma, encenou a primeira peça. Os deuses concorreram entusiasticamente para dotar a nova arte de um máximo de expressividade.
A peça representada por Baratha narrava a história do conflito entre os deuses e celebrava a vitória final destes. Deuses e humanos ficaram encantados com o espectáculo. Mas os demónios, que faziam parte do público, ficaram profundamente chocados. Interromperam, pois, a representação teatral e utilizaram os seus poderes sobrenaturais para paralisar a palavra, os movimentos e a memória dos actores. Em resposta, os deuses atacaram os demónios e mataram alguns deles.
Seguiu-se uma luta violenta. Então, Brahma, o Criador, aproximou-se dos demónios para lhes falar. O Teatro, explicou ele, é a representação do estado dos três mundos. Incorpora os fins éticos da vida — o espiritual, o secular e o sensual —, suas alegrias e tristezas. Não há sabedoria, arte ou emoção que nele não se possa encontrar. (Templo de Baratha na Índia)
Depois pediu a Baratha para o espectáculo prosseguir».

(Excerto do texto que o dramaturgo indiano Girish KARNAD escreveu para o Dia Mundial do Teatro de 27 de Março de 2002).


FERNANDO PEIXOTO

ENTRE A PIEDADE E A INDIGNAÇÃO - UM CASO DE PLÁGIO !


Plágio ((do Lat. plagiu << Gr. plágios, oblíquo, indirecto, astucioso)
substantivo masculino
o m. q. plagiato; cópia fraudulenta do trabalho de outrem que um autor apresenta como sua>

Já fatigado, parei. Não, não estava cansado pela observação feita, mas pelo crescer de indignação que me invadia. Mas passemos ao cerne da questão.
Ao passar os olhos por uma pequena obra (cerca de 90 páginas) que se assumia como ajuda para a técnica do actor, assaltou-me a estranha sensação de déjà vu!
Esta obra era da «autoria» de um amigo meu!
Busquei, então, obras que tratavam da mesma matéria. E encontrei
Cerca de 30 anos antes, um notável poeta e combatente antifascista, que se vira obrigado ao exílio, (infelizmente já falecido) publicara uma obra sobre o mesmo tema e com título semelhante.
Fui lê-la: lá estava a explicação:
Grande parte da obra do meu «amigo» fora COPIADA daquela. E onde, na original, aparecem citações com aspas e mesmo referências a outros autores de que se serviu, nesta cópia grosseira e oportunista essas citações e referências foram simplesmente banidas. Páginas e páginas inteiras foram literalmente copiadas e só não as contabilizei porque cheguei a uma altura em que já não aguentava mais a DESILUSÃO e o DESGOSTO!
É que com amigos assim, que cobram publicações com o trabalho alheio, já não preciso de inimigos!
Perguntar-me-ão: então não divulgas os nomes?
Não. O plagiado já faleceu. O plagiador, já entrado na idade, felizmente está vivo e passeia-se por aí com o ar mais feliz deste mundo.
Ele que continue pavoneando-se. Talvez a consciência o morda, um dia.
Mas não mais voltarei a olhá-lo com os olhos de antigamente.

FERNANDO PEIXOTO





sábado, janeiro 19, 2008

CALE-SE - FESTIVAL DE TEATRO 2008



Vai decorrer entre 19 de Janeiro e 15 de Março a segunda edição do festival “CALE-se”, organizado pelo Cale Estúdio Teatro, por ocasião do seu 22.º aniversário.


Os espectáculos terão lugar aos sábados, pelas 21.45 horas, na Associação Recreativa de Canidelo (Rua do Meiral, 51 - junto aos 4 Caminhos), em Canidelo, Vila Nova de Gaia.


O festival, de carácter competitivo, tem a participação de sete espectáculos a concurso e um extra-concurso, que encerra o evento, antecedendo a sessão de entrega de prémios.


Na edição de 2008, o CALE-se terá como patrona a actriz Adelaide João, que estará presente na sessão de abertura.


PROGRAMA DEFINITIVO


19 de JaneiroAbertura do Festival com a presença da patrona 2008 – a actriz ADELAIDE JOÃO

“A CANTORA CARECA”Aquilo Teatro (Guarda)

26 de Janeiro“AS GUITARRAS DE ALCÁCER QUIBIR”ATA – Acção Teatral Artimanha (Pinhal Novo, Palmela)

2 de Fevereiro“CASAL ABERTO”TAL – Teatro Amador de Loureiro (Oliveira de Azeméis)

9 de Fevereiro“O ÚLTIMO BAILE DO SR. JOSÉ CUNHA”TAPE – Teatro Amador de Pedroso (V. N. Gaia)

16 de Fevereiro“O PAÍS DOS DECRETOS”Teatro Olimpo (Ansião)

1 de Março“A VERDADEIRA HISTÓRIA DE ANDREIA BELCHIOR”Opsis em Metamorphose (Cabeção, Mora)

8 de Março“ROMEU & JULIETA”Grupo de Teatro Contra Senso (Lisboa)

15 de Março“UMA VIAGEM PARA LÁ DO FIM”Companhia de Teatro Poucaterra (Entroncamento) - Espectáculo Extra-concurso
SESSÃO DE ENCERRAMENTO E ENTREGA DOS PRÉMIOS

CALE-ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE ACTORES

Rua do Meiral, 514400-501 V. N. GaiaTlm. 911 062 216 – 963 697 254

sexta-feira, janeiro 18, 2008

DO ANIMISMO À MAGIA ( ii )

AOS LEITORES DESTE BLOG
Dada a receptividade ao texto sobre a História do Teatro anteriormente publicado, informamos que iremos continuar a publicar esta temática, de forma mais sistemática.
A todos quantos nos incentivaram, um enorme abraço de reconhecimento.

Do animismo à magia
Ainda hoje, nas comunidades aborígenes, o Homem sente-se simultaneamente uma parte integrante da natureza, mas também sua vítima, quando ela, nem sempre pródiga, lhe lança os mais terríveis desafios.
Para o homem primitivo, as forças ocultas que pareciam manipular a natureza constituíam enigmas e ameaças que importava decifrar e atenuar. Daí a crença nos deuses ignotos que tudo controlavam e tornavam o homem indefeso perante os seus imensos e desconhecidos poderes, perante as suas «fúrias». A tribo buscava então aplacar essas «iras» através de rituais e sacrifícios que pudessem «acalmar a fúria dos deuses». Noutros casos, implorava mesmo os seus favores para caçadas ou batalhas.
Dos múltiplos mistérios da existência, a Morte era o maior de todos os inimigos (e enigmas) do Homem, parecendo espreitá-lo em cada sombra da floresta, em cada precipício, em cada predador. Mas eis que ele descobre o Fogo e com isso dá um passo gigantesco no seu desenvolvimento. Modifica substancialmente a sua dieta alimentar, com isso provocando significativos avanços no seu desenvolvimento. O poder do fogo permite-lhe ainda afastar os animais selvagens, defender-se das suas ameaças e até atacá-los, vencer o frio, partilhar em colectivo o ambiente agora mais acolhedor da caverna. Esta era, sem dúvida, a mais importante dádiva dos deuses a que ele tinha de responder com a gratidão de quem está consciente do bem que adquirira.
A religião terá nascido como consequência de tudo isto, do medo e da necessidade de o vencer, da consciência da existência de forças tão poderosas como desconhecidas e da imprescindibilidade de as aplacar, do apelo ao favor dessas forças, do apelo ao sucesso nas caçadas, do apelo à sobrevivência na luta constante para prolongar a Vida retardando a Morte.
Ele já está consciente de que isolado é frágil e vulnerável, mas em grupo pode ultrapassar muitas das suas fraquezas e dificuldades. E se isto é verdade na luta pela sobrevivência, torna-se igualmente verdade no culto às divindades. É importante que o grupo se proteja e por isso encontra formas de, colectivamente, gerir a sua comunicação com os deuses: nasce o ritual mágico, no qual ele mima o homem, os animais, os elementos, recorrendo ao gesto, à voz, ao corpo, à dança, pintando-se ou mesmo mascarando-se. Mima cenas do seu quotidiano, grita, gesticula, dança, canta, em suma: comunica com os deuses. Este ritual, que não é ainda teatro, irá mais tarde assumir contornos que o levarão posteriormente ao «espectáculo», em rituais que já possuem «coreografias», que já integram «personagens» representando diferentes papéis na comunicação religiosa.
Será, pois, com os primeiros actos de religiosidade que nascerá o espectáculo teatral. O teatro aparece pela via da representação gestual e oral de passagens dos livros sagrados. No Egipto como em Creta, na Mesopotâmia como na Palestina, na Índia como na Grécia, as primeiras manifestações teatrais terão nos mitos e nos deuses a sua primacial motivação. Mesmo na Idade Média, o teatro só logrará trilhar os caminhos do profano depois de se autonomizar das representações litúrgicas de cenas bíblicas.


Milhares e milhares de anos decorreram entre as primeiras comunidades e aqueloutras que se iniciaram na pintura das cavernas e das rochas. Muitos milhares de anos se passariam ainda até surgirem as primeiras manifestações teatrais organizadas. Em qualquer dos casos, no entanto, era a existência nas suas múltiplas facetas que, através do homem, se representava a si mesma.
«Não é também teatral a sociedade, e a existência não se revela desdobrando-se para se representar a si própria», como perguntou Jean Duvignaud?
FERNANDO PEIXOTO

quarta-feira, janeiro 09, 2008

O TEATRO É ANTERIOR À HISTÓRIA ? ( I )

Breve explicação: A partir de agora e correspondendo a diversos pedidos, iremos publicando pequenos excertos para uma História do Teatro, adaptados da nossa obra HISTÓRIA DO TEATRO NO MUNDO.



«A Arte é a ideia da obra, a ideia que existe sem matéria» -Aristóteles


Há milhões de anos, o antropóide, talvez para fugir do perigo ou apenas para procurar alimento, deixou a braqueação e desceu para o solo. Optou momentaneamente pela posição erecta. Os seus correligionários terão aberto as peludas bocas de espanto. Optando pelo bipedismo, o antropóide descobria de súbito infinitas possibilidades neste novo meio de locomoção. E os outros, ainda postados nos ramos, acabariam por imitá-lo.
A imitação terá sido então, com toda a probabilidade, o primeiro lampejo de inteligência desse ser que, via australopithecus, se tornou o homo erectus e, bem mais tarde, o sapiens que hoje somos.
Mas a evolução é um fenómeno de longa duração. Milhões de anos decorrerão até que surja o homem primitivo, já então detentor de imensos recursos comunica­tivos, sem os quais lhe teria sido impossível sobreviver. Sem esses mecanismos comunicativos, sem a interajuda que lhe é proporcionada pelos que com ele coabitam, a sua fragilidade face ao ambiente difícil em que se desenrolava a sua existência condená-lo-ia desde logo à extinção. Por isso, só poderia superar as dificuldades que se lhe deparavam mediante o apoio numa comunidade e na solidariedade do grupo. Mas a vivência em comunidade implica sempre a necessidade de comunicação e esta, por sua vez, obedece a regras, a uma «semântica» que é suposto ser dominada pelo grupo, sem o que a comunidade não subsistirá.
O nosso homem primitivo comunica ainda por sons e por gestos, utiliza primeiramente o seu próprio corpo, cria a «semiótica» do gesto, improvisa sons com o seu aparelho fonador, torna-se receptor às mensagens do grupo, através das mecânicas visual e audi­tiva.
É óbvio que nesta fase ─ quase instintiva ─ o homem primitivo repro­duz já emoções, reflecte, por imitação, os perigos circundantes, exorciza os medos, comunica com os deuses e tenta influenciá-los em seu favor. O rito do grupo ou do clã torna-se uma forma necessária para vencer as suas próprias fraque­zas, integrando a força e a dinâmica do colectivo na superação da fragilidade individual.
Pela via da mímica, do gesto, do canto, da dança, o sonho humano da auto-superação vai ganhando consistência e o homem aprende a conviver com o perigo, a enfrentá-lo e a vencê-lo. Graças, como vimos, a um conjunto de recursos que grosso modo podemos identificar como os alicerces da expressão dramática.
Dia após dia descobre novas potencialidades, recorre às mais variadas formas expressivas, interroga o espaço que o envolve e aprende lentamente a integrar-se no meio, com ele se solidariza e dele recebe a neces­sária contrapartida do conhecimento, através de um complexo fenómeno de so­ciabilização, sem o qual a evolução da sua espécie estaria irremediavelmente comprometida.





A expressão dramática: o «berço» do teatro

A História do Teatro confunde-se com a própria história da evolução do Homem.
Antes do aparecimento do Teatro escrito e com regras perfeitamente definidas, já o ser humano havia ensaiado acções dramáticas no seu quotidiano de itinerância, nas preparações das caçadas, na vivência em pequenas comunidades ou nos rituais com que exorcizava medos ou formulava desejos e apelos aos seres ignotos que «comandavam» o destino dos homens.
O desconhecimento dos fenómenos naturais (o dia e a noite, as chuvas e as tempestades, as secas e as glaciações, a vida e a morte) careciam de explicações e a imaginação humana era suficientemente criativa para encontrá-las: certamente eram forças poderosíssimas as responsáveis por estes fenómenos e havia que aplacar a fúria dos elementos, invocando o favor dessas entidades misteriosas.
Sabe-se que a tendência do homem para a imitação é algo de inato e as próprias crianças iniciam o seu desenvolvimento imitando o mundo que as envolve. O Homem primitivo não seria por certo muito diferente, e a comunicação que estabelecia com os outros seres da comunidade ter-se-ia iniciado pela linguagem gestual, balbuciando primeiro alguns sons, depois articulando-os num código que acompanhava o gesto e assim tornava possível codificar a mensagem que pretendia transmitir.
O som da sua voz e os gestos do seu corpo tornavam-se, pois, importantes ferramentas na convivência do clã.


Não será então correcto dizer-se, de forma simplista, que o Teatro nasceu com o próprio Homem. O que provavelmente terá acontecido, foi o aparecimento de formas de expressão dramática, como meio de comunicação, de comparticipação no grupo, em rituais ou mesmo no ensaio de estratégias de caça ou de luta, quiçá mesmo de práticas de exorcismo para espantar medos e perigos sempre à espreita do nosso homem primitivo.
Há pois que perceber que «Expressão Dramática» e «Teatro» não são a mesma coisa, embora a primeira possa ─ e é normal que assim suceda ─ conduzir à segunda. Se observarmos atentamente os primeiros passos expressivos de uma criança, apercebemo-nos sem dificuldade que as suas necessidades de comunicação e de exteriorização dos sentimentos passam por exibições expressivas a que, sem pejo, chamaríamos de «paradramáticas».
Também o homem primitivo terá «ensaiado» algumas formas de expressão e com elas terá «jogado» o seu destino, individual e colectivo, na luta pela sobrevivência.
As comunidades primitivas aprendiam a defender-se cada vez melhor da natureza, tantas vezes hostil, que os rodeava. Mas também da fúria predadora dos animais. Ou, ainda, da agressividade de outras comunidades que disputavam territórios ou frutos de caçadas. Esta aprendizagem passava já pela percepção da necessidade da coordenação de movimentos e de esforços ensaiados previamente.
O homem «mima», o homem «joga», o homem «ensaia» formas de se defender e de atacar.
A expressão dramática surge, assim, de forma natural e impulsionada pelo instinto. Depois veio a consequência natural dos resultados obtidos com estas aprendizagens.
É hoje reconhecido que a expressão dramática constitui realmente um veículo privilegiado de aprendizagem não apenas da arte dramática, mas igualmente dessa outra arte maravilhosa que é a da sociabilização.
Ora, a arte dramática é algo de imprescindível para consolidar a educação, como o reconheceu Leon Chancerel quando salientou a sua capacidade para «munir os seus participantes de um conjunto harmoniosamente distribuído de qualidades intelectuais, corporais e morais capazes de assegurarem um de­senvolvimento espiritual e físico no seio da grande comunidade humana».
Quem não reserva em si resquícios e recordações da infância? E nesses pedaços nostálgicos, quantas vezes não está também a necessidade da metamorfose, co­mo diria Nietzsche que, na infância, nos impelia com prazer para os jogos de faz-de-conta?
A expressão dramática, não sendo apenas um jogo de faz-de-conta, até porque nela entram também valores e exigências que não são somente as da atmosfera da infância, mantém desse jogo a característica essencial, ou seja, a transmuta­ção. E é precisamente aqui que reside uma das pedras angulares do jogo dramá­tico, precisamente aquela que, em termos educativos, melhor pode proporcionar o clima da aprendizagem.
Terá sido mais ou menos assim que terão nascido as primeiras manifestações, na caverna do paleolítico como, mais tarde, no povoado cercado das comunidades neolíticas.




O «jogo dramático», o mimar das situações de perigo, de defesa e de ataque, a invocação das forças poderosas do oculto através do ritual, terão conduzido à uniformização dos costumes da tribo, propiciando a convivialidade e a comunhão no ritual, impelindo o indivíduo a participar no colectivo, harmonizando as emoções, anulando ou exorcizando os medos, reforçando sentimentos de pertença e de partilha através da integração do indivíduo no meio social em que está inserido, reforçando os laços de solidariedade na comunidade. A comunicação no grupo facilita o sentimento de pertença ao mesmo tempo que proporciona a aceitação das diferenças sem perda da identidade de cada um. O homem entende que não sobrevive isolado e os «choques» iniciais cedo são ultrapassados pela via da consciencialização plena da tarefa cometida a cada elemento.
Embora acreditemos que o gesto precedeu a oralidade, parece-nos que o verdadeiro «jogo dramático» só se materializa de forma consciente e organizada quando o gesto surge como complemento intencional da oralidade e da comunicação. A mímica, a pantomima e a dança fariam o resto. E gradualmente se foi operando um desenvolvimento aos mais variados níveis: da expressão oral se passou à expressão corporal.
FERNANDO PEIXOTO

sábado, dezembro 15, 2007

TEORIA TEATRAL


SOBRE Konstantin Stanislavsky.

Por:CARLOS ROUEN MENARD.

La influencia de su "método" era y sigue siendo importantisima. Como el fundador del primer "sistema que actuaba", el co-fundador del teatro del arte de Moscú (1897 -), y médico eminente de la escuela del naturalista del pensamiento, Konstantin Stanislavski desafió inequívoco las nociones tradicionales del proceso dramático, estableciéndose como una de iniciar a pensadores en teatro moderno. Las frases acuñadas Stanislavski tales como "dirección de la etapa", puesta las fundaciones de la ópera moderna y dieron renombre inmediato a los trabajos de los escritores y de los dramaturgos talentosos tales como Maksim Gorki y Antón Chekhov. Su proceso del desarrollo del carácter, el "método de Stanislavski", era el catalizador para el método que actuaba discutible el sistema temporario más influyente en la etapa y la pantalla modernas. Tales escuelas renombradas de actuar y de dirigir como el teatro del grupo (1931- 1941) y los agentes Studio (1947 -) son una herencia de la visión pionera de Stanislavski. Como todos los pensadores pioneros sin embargo, Stanislavski estaba parado en los hombros de gigantes. Mucha del pensamiento y de la filosofía Stanislavsky se aplicó al teatro deriva de sus precursores. El héroe literario original de Pushkin, de Rusia y el padre de la tradición nativa del realista, escribieron que la meta del artista es proveer sensaciones veraces bajo circunstancias dadas, que Stanislavski adoptó como su lema artístico de por vida. - Polyakova, Elena; Stanislavsky Stanislavsky era Konstantin nato Sergeyevich Alexeyev en Moscú de enero el 5 de 1863, en medio de la transición del serfdom feudal de Rusia zarista bajo regla de Peter el grande, a la empresa libre de la revolución industrial. Más de cientos años de anterior, antepasado Alexei Petrov de Konstantin habían roto las cadenas del serfdom que limitan a familia y habían ganado estado y abundancia inmediatos como comerciante. Para el momento en que Konstantin fuera llevado, el negocio de Alexeyev de la producción del hilo de rosca del oro y de la plata había hecho el nombre de familia bien conocido a través del mundo. La plata y el oro no eran los únicos intereses de la familia de Alexeyev. Mientras que Konstantin seguía siendo muy joven, la familia organizó un grupo del teatro llamado el círculo de Alexeyev. A través de su subida a un papel importante en la etapa, Konstantin mantuvo obligaciones a su negocio de la familia, reuniones de organización del accionista y mantener las cuentas orden. Sin embargo, su preocupación con todos los aspectos de la producción de teatro eventual le hizo a miembro principal del grupo del teatro de su familia. Alzado por un padre rico y abundante, Konstantin nunca estaba brevemente del financiamiento en sus funcionamientos del primero tiempo. En última instancia, para escapar el estereotipo del hijo prodigal y ser atentos de la reputación de su familia, en la edad de 25, Konstantin tomaron el nombre artístico Stanislavski. En el mismo año él estableció la sociedad del arte y de la literatura como compañía del amateaur en el teatro de Maly, donde él ganó experiencia en el ética, la estética y el stagecraft. Mientras que él progresó independientemente, Stanislavsky comenzó a desafiar más lejos el acercamiento tradicional de la etapa. En 1898, en la cooperación con Vladimir Nemirovich- Danchenko, Stanislavski fundó el teatro del arte de Moscú, primer teatro del conjunto de Rusia. "El programa para nuestra empresa era revolucionario. Protestamos contra la vieja manera de temporario y contra theatricality, contra pathos y el declamation artificiales, y contra la afectación en la etapa, y las producciones convencionales inferiores y la decoración, contra el sistema de la estrella que había sido un malo afectan en el molde, contra el arreglo entero de juegos y contra el repertorio pobre de los teatros." - Stanislavski Usando el teatro del arte de Moscú como su conducto, Stanislavski desarrolló su propio sistema único del entrenamiento en donde los agentes investigarían la situación creada por la escritura, analiza el texto según las motivaciones de su carácter y recuerda sus propias experiencias, de tal modo causando acciones y reacciones según estas motivaciones. El agente haría idealmente sus motivaciones para actuar idéntico a los del carácter en la escritura. Él podría entonces jugar de nuevo estas emociones y experiencias en el papel del carácter para alcanzar un funcionamiento más genuino. El 17mo melodrama Tsar Fyodor del siglo era la primera producción en la cual estas técnicas showcased. ¿"Cómo un agente actúa? ... ¿Cómo puede el agente aprender inspirarse? ¿Qué puede él hacer para impulsarse hacia ése necesario con todo humor creativo maddeningly evasivo? Éstas eran las cribas simples, impresionantes Stanislavksi dedicado su vida a explorar. Donde y cómo buscar esos caminos en las fuentes secretas de la inspiración debe servir como el problema fundamental de la vida de cada agente verdadero ... Si la capacidad de recibir el humor creativo en su medida completa es dada al genio por la naturaleza ", Stanislavski preguntado," entonces las gentes quizás normales puede alcanzar a como estado después del trabajo duro mucho con sí mismos - no en su medida completa, sino por lo menos en parte." - un método a su locura: La historia del estudio de los agentes Usando este sistema, Stanislavski tenido éxito como ningún productor o a director antes de que él en traducir los trabajos de los dramaturgos renombrados tales como Chekov y Gorki, que escrituras fueron satisfechas conveniente a su método. Con su sentido y énfasis en la importancia de las imágenes y del tema más bien que diagrama sociales, eran los sondeos en blanco en los cuales Stanislavski podría ejercitar su mano ingeniosa. Stanislavski no podía separar claramente el teatro de su contexto social. Él vio el teatro como medio con la gran significación social y educativa. Durante el malestar civil que conducía a la primera revolución rusa en 1905, Stanislavski reflejó valeroso ediciones sociales en la etapa. Doce años más adelante, durante el octubre rojo de 1917, Bolshevism había barrido a través de Rusia y la Soviet-union fue establecida. En la violencia de la revolución, la protección personal de Lenin ahorró Stanislavski de la eliminación junto con el Czardom. La URSS mantuvo lealtad a Stanislavski y su método social consciente de producción y de su teatro comenzó a producir los juegos que contenían propoganda soviético. "La revolución tronó adentro e hizo sus demandas en nosotros. Comenzó un período de nuevas exploraciones, de la nueva estimación del viejo y de la búsqueda para las nuevas maneras. En un momento en que el nuevo para el motivo del nuevo y la negación de todo que había venido antes de que estuvo sostenida sacudimiento en el teatro, nosotros no podría rechazar fuera de la mano toda la que estaba muy bien en el pasado... Este acoplamiento con el pasado y la impaciencia a moverse a un futuro desconocido, las búsquedas que buscan del teatro nuevo - todo el esto ayudó a guardarnos de sucumbir a los encantos peligrosos del formalismo... No sucumbimos; en lugar comenzamos nuestra búsqueda para las nuevas maneras, cautelosomente pero doggedly." - Stanislavski En Stanislakski 1918 establecido el primer estudio como escuela para los agentes jóvenes y en sus años más últimos escribió dos libros, mi vida en arte y el agente y el suyo trabajo. Ambos se han traducido sobre a 20 idiomas. Con su profesional serio y dirección educativa, Stanislavksi separó su conocimiento a los understudies numerosos, saliendo de una herencia que no puede ser exagerada. "Estaba con una sensación de la emoción y de la alegría profundas que entramos en la casa de Stanislavski: un viejo hombre alto con el pelo blanco de la nieve se levantó de la silla del brazo para saludarnos. Era bastante para que conversemos con Stanislavski apenas 5 10 minutos para venir sensación ausente como una persona recién nacida, limpiado de todos que pudieron ser malo en arte." - Khmelyov En 1938, momentos antes de la Segunda Guerra Mundial, Stanislavski murió el aferrarse al ideal de un mundo pacífico, social responsable. Un mundo engullido totalmente en las experiencias y el intercambio de las obras de arte con las cuales la gente de cada nación identificaría y acariciaría. "Deje la sabiduría de la vieja guía la flotabilidad y la vitalidad de la juventud; deje la flotabilidad y la vitalidad de la juventud sostener la sabiduría del viejo." - Stanislavski

Extraído de

sexta-feira, dezembro 14, 2007

RECADO PARA QUEM TEM ORELHAS




BREVE COMENTÁRIO
Manter um blog como este, sobretudo quando:
- não se dominam técnicas e conhecimentos de informática;
- o tempo de que se dispõe é escasso para outras tarefas que também exigem atenção;
- adiamos tarefas (inadiáveis) para informarmos aquilo que nos parece útil;
- teimamos am actualizações porque não há muito quem fale do teatro que se vai fazendo;
- mesmo alguns dos que aqui se divulgam nem um comentário nos dão como retorno;
- a maior parte dos comentários surgem de quem está atento e percebe este esforço;
- o blog foi criado para alunos e professores da ESAP;
- e da ESAP desconhecemos completamente o que pensa sobre ele (o blog);
QUANDO ISTO ACONTECE
APETECE PERGUNTAR:
- Vale a pena continuar?
- Embora isto não sejam «pérolas» estamos a oferecê-las a quem?
- Não será preferível transformar este blog num «blog pessoal» apena dirigido aos amigos com quem estamos em contacto e nos têm presenteado com os seus comentários?
- E não estarão os próprios amigos já cansados, porque a falta de tempo nem nos tem permitido, ao menos, agradecer as suas palavras de incentivo?
PARA QUEM NÃO PERCEBEU ESTE RECADO
bastará ler os comentários daqueles que realmente se interesam por estas coisas e tenho a certeza de que ficará com as «ORELHA A ARDER».
nota: pode fazê-lo clicando nos comentários, no final de cada post.
FERNANDO PEIXOTO
(Presidente da Mesa da Assembleia Geral da CESAP
Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto)

DOIS NOVOS SUCESSOS DA CONTACTO - OVAR


O FESTOVAR, em 14ª edição, que decorreu entre 12 de Outubro e 1 de Dezembro, voltou a trazer à cidade de Ovar um conjunto de espactáculos de elevada qualidade.
Mais uma vez Manuel Ramos Costa e a fiel (e solidária) equipa que constitui a CONTACTO, não se pouparam a esforços para fazer de «OVAR, cidade Palco do Teatro».
Entre as cerca de dezena e meia de peças que se apresentaram no palco desta notável companhia, salientamos as duas últimas:
A FARSA DO MESTRE PATHELIN
e
O PRÍNCIPE E A ANDORINHA
Ambas encenadas por Manuel Ramos Costa, um dos mais criativos encenadores do Teatro de Amadores em Portugal, estes trabalhos contaram ainda com elencos de adultos e jovens que emprestaram a ambos os espectáculos uma qualidade notável. De resto, não é de estranhar, para quem, como nós, conhece de perto o funcionamento desta equipa que trabalha como um todo e onde cada um se sente como uma peça de uma complexa engrenagem como é, já hoje, a verdadeira máquina teatral de Ovar.
Se A FARSA DO MESTRE PATHELIN nos faz revisitar um dos mais belos textos (medieval e de autor anónimo) da dramaturgia mundial, O PRÍNCIPE E A ANDORINHA, inspirado no Príncipe Feliz, de Óscar Wilde (figura que Ramos Costa encarna maravilhosamente durante o espectáculo) remete-nos para um mundo de infância onde a ilusão se mistura com os mais ternos valores humanos.
Para quem assistiu ao espectáculo, foi delicioso ver como a crianças se mantiveram atentas e participantes ao desfilar das jovens actrizes e actores, representando personagens vestidas com extremo rigor e contagiando crianças e adultos com a sua alegria de representar.
É sempre gratificante constatar como grupos onde não abundam os meios que sobejam a outros conseguem, com a imaginação e o esforço de um trabalho continuado, erguer espectáculos com o nível dos que a CONTACTO nos apresentou.
EIS, POIS, DOIS TEXTOS QUE URGE DIFUNDIR POR OUTRAS COMPANHIAS DE AMADORES DESTE PAÍS TÃO CARENCIADO DE BOM TEATRO.
FERNANDO PEIXOTO





TEATRO NA ESAP




(Um apontamento de alegria e mágoa)



Os alunos do Curso de Teatro da ESAP -1º Ano


estrearam ontem, Quinta-Feira, 13 de Dezembro


AUTO DAS ESTRELAS


de autor desconhecido.


Foi um espectáculo adaptado por Roberto Merino, a partir de um texto de autor desconhecido
na velha tradição dos autos sacramentais, adaptados a uma nova era socrática.
O espectáculo decorreu no Auditorio da ESAP/ Rua do Comércio, no Porto, e contou com a colaboração da ARTUNA (Tuna da ESAP).
Para quantos viram esta trabalho de uma entrega e alegria absolutas, foi uma verdadeira surpresa, demonstrando que «temos gente para mais altos vôos».
Pena foi que, apesar do Auditório estar cheio (ou quase) a maioria dos (mais altos) responsáveis da Escola se ter pautado pela ausência.
Diga-se, em abono da verdade, que não houve a necessária difusão desta iniciativa (como sempre!) e que se continua a encarar as iniciativas dos alunos de Teatro da ESAP como se fossem resultantes do mais puro amadorismo. Contudo, aquilo que se vem verificando, sempre que há algo deste género, é que a qualidade das apresentações vai subindo gradualmente e lamenta-se que não haja o necessário diálogo interdisciplinar na Escola por forma a que outro cursos possam assistir e co-participar nestas coisas. Os nossos alunos bem o mereciam.
Exemplo do que afirmo numa apreciação ao mesmo tempo orgulhosa mas magoada, é que nem imagens temos para apresentar ( e temos cursos de fotografai e cine-vídeo) e aquela que encima este apontamento teve de ser colhida na NET. Ora, tratando-se de uma Escola de Artes, é tempo de envolvermos nestas iniciativas pelo menos grande parte da comunidade escolar e não, apenas, os fautores dos espectáculos.
Enquanto professor, sinto-me orgulhoso destas «queridas(os) que se esforçam por dignificar o nome da ESAP, como aconteceu ainda há pouco tempo na comemoração do aniversário da passagem do Porto a Património Mundial, quando apresentaram na Escola uma sessão de poesia denominada «O PORTO EM VERSOS».
Não posso, porém, deixar de registar aqui, com imenso reconhecimento, a presença de alguns (poucos) pofessores que quiseram marcar, com a sua presença, a solidariedade que une professores e alunos, apesar da indiferença de muitos outros.
FERNANDO PEIXOTO
(Presidente da Assembleia Geral da Cooperativa CESAP)

sexta-feira, novembro 30, 2007

TUNA REGRESSA AO «BOM» TEATRO




O Grupo de Teatro da


Tuna Musical de Santa Marinha


estreou a peça de Vicente Sanches


A BIRRA DO MORTO

Sinopse (do programa):
Toda a gente embirra ...Até os mortos. A Birra do Morto é uma comédia de Vicente Sanches e tem muito de real. Mostra um pouco da nossa sociedade, com o cinismo de uns, o interesse de outros e a falsidade da maioria. O certo é que mesmo contra a sua vontade, a sua morte era do interesse de todos, incluindo do próprio padre. Qual a maior birra? A do morto que se recusa a ser sepultado, ou a dos outros que querem que ele seja? Não devemos esquecer que o morto além de sofrer de claustrofobia e de ter medo de fantasmas, tem sérias duvidas sobre as causas das posições insólitas em que por vezes os esqueletos são encontrados, se resultam da simples pressão sobre os ossos, exercida pelos gases, ou se eles terão feito tentativas desesperadas para saírem dos caixões. Caríssimos irmãos: e nada mais vos tenho a dizer.


Elenco (por ordem de entrada em cena)

Margarida Mendes — Criada
Filomena Monteiro — Senhora 1
Ercilia Ferreira — Viúva
Júlio Pinto — Médico/1º Sacristão
Elsa Ribeiro — Senhora 2
Amélia Ribeiro — Senhora 3
Lina Pinto — Ti Camela
Marino Fernandes — Morto
Paulo Monteiro — Amigo/1º Soldado
Sérgio Oliveira — Dono da Agência Funerária/2º Soldado
Luís Trigo — Sargento/Sacerdote
José Faria — 2º Sacristão
Encenação: Jaime C. Soares
Contra Regra: José Faria
Ponto: Juliana Cruz
Assistência: Margarida Saraiva e Lisete Pinto
Construção de Cenário: Paulo Ribeiro e Marino Fernandes
Assistência de Luz e Som: Paulo Ribeiro e Bruno Vieira


COMENTÁRIO:


Ao fim de vários anos, a TUNA regressou ao TEATRO pelas mãos de um jovem mas já promissor encenador: Jaime Soares.


Com um elenco diversificado e aglutinando jovens, alguns dos quais da ESAP - Escola Superior Artística do Porto, Jaime Soares soube adequar esta farsa do absurdo às características de um público que tem estado arredado do moderno teatro português, servindo-se com mestria de um elenco que teve de mostrar todas as suas capacidades para erguer bons momentos de espectáculo.


Com limitações próprias de quem ainda não dispõe dos artifícios tecnológicos de que hoje se serve o TEATRO, nem por isso a proposta de Jaime Soares saiu prejudicada. Com efeito, a intensa comicidade da peça ressaltou, desde o primeiro instante, graças ao esforço dos actores e dos técnicos, mas também, é bom sublinhá-lo, graças a uma leitura metódica e justa da encenação.


É ainda de assinalar, além do mérito com que se apresentaram alguns estreantes, o aproveitamento que Jaime Soares fez da peça para lhe conferir uma nota final, «impondo» um baile farsesco em que o público é chamado a participar, assim transformando o que poderia terminar num tom lúgubre (como nas «pompas fúnebres» que há anos nos forneceu a TV), numa alegre paródia à morte, sintonizando o grotesco do «MORTO» (Marino Fernandes) com o clima de alegria e vivacidade que ao longo da peça foi contagiando a plateia que não regateou aplausos aos fautores do espectáculo.


A TUNA está, pois, de parabéns e o espectáculo está aí, vivo e RECOMENDA-SE!




FERNANDO PEIXOTO