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quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Poema de E. E. CUMMINGS


“fundemos uma revista
que se lixe a literatura
queremos uma coisa com sangue na guelra
piolhosa com pura
fedendo com absoluta
e destemidamente obscena
mas deveras limpa
estão a ver
não estraguemos a coisa
façamos a coisa a sério
qualquer coisa de autêntico e delirante
percebem qualquer coisa de genuíno como uma marca
numa retrete
agraciada com gana e esganada
com graça”
apertem os tomates e abram a cara


E. E. Cummings

(originalmente publicado em no thanks, de 1935), na tradução de
Jorge Fazenda Lourenço para a edição bilingue xix poemas, da
Assírio & Alvim

Passe os olhos pela Revista OBSCENA, in http://www.revistaobscena.com/


1 comentário:

Menina Marota disse...

Poeta mal compreendido por uns e amado por outros, é dele este poema que aqui deixo e, um dos que mais me encanta:

"Nalgum lugar em que eu nunca estive,alegremente além
de qualquer experiência,teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando subtilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa

ou se quiseres ver-me fechado,eu e
minha vida nos fecharemos belamente,de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade:cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre;só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas."

(Tradução:Augusto de Campos)