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segunda-feira, março 23, 2009

CALE-SE 3


(Mensagem lida no espectáculo de encerramento do Festival CALE-SE)

Boa noite.
Chegamos ao fim da terceira edição do festival CALE-se com a satisfação de ter cumprido os objectivos a que nos propusemos: a divulgação de trabalhos de teatro não profissional, incentivando a sua qualidade através da atribuição de prémios de mérito – os Prémios CALE, que começam a ser a referência nacional que almejamos desde a primeira hora.
Conscientes da importância que o Teatro tem no desenvolvimento cultural e social dos jovens, também este ano insistimos na colaboração das escolas do concelho. Infelizmente essa colaboração ainda não foi se realizou nos moldes que idealizamos, apesar de destacar e agradecer a presença neste festival dos alunos de turmas do 8º ano da Escola Secundária Inês de Castro. Para muitos desses alunos, terá sido esta a primeira vez que pisaram um palco e esperamos, sinceramente, que isso possa marcar o seu caminho cultural, de preferência ligado ao Teatro. É nosso objectivo criar e fomentar o aparecimento de novos públicos, de nada melhor do que envolver os jovens para atingir tais premissas.
As falhas que lamentavelmente não conseguimos ultrapassar – e há sempre falhas! – vamos encará-las como um novo desafio, que, esperamos vencer na próxima edição do CALE-se. Tal como no palco, as dificuldades da vida e concretamente as dificuldades na organização de um evento destes só se podem ultrapassar com determinação e trabalho. E isso, nós orgulhamo-nos de ter…
Falando em dificuldades, uma semana antes do arranque desta edição, escrevi no texto de abertura do programa de sala, que a crise que Portugal atravessa poderia ser de bom agoiro para o Teatro de Amadores... mal sabia eu que, dois ou três dias mais tarde me comunicavam que tinha sido despedido, juntamente com 120 colegas. Peço desculpa por estar a falar disso, mas se o faço é porque quero realçar que, hoje, com a minha vida virada a 180º, não mudaria uma linha sequer desse texto e dessa convicção, de que a crise – em muitos casos, como sabem, uma “pseudocrise” – pode ser uma alavanca para o despertar de uma nova consciência do que deve ser o associativismo, cultura onde se insere o Teatro de amadores.
Tentamos trazer ao “Cale-se 3” uma selecção de espectáculos que, dentro das 35 candidaturas recebidas, nos pareceram ser o mais adequados ao espírito deste festival; quero, desde já, deixar uma palavra pública de agradecimento aos grupos participantes e dizer-lhes que, foi com muito agrado que os recebemos. Estamos num festival competitivo e sabemos que todos gostam de ganhar, mas queríamos que encarassem a vossa participação como um ganho, assim como foi para nós, uma mais-valia termos assistido aos vossos espectáculos, permitindo-nos conhecer diferentes maneiras de ver e de interpretar o Teatro. A decisão dos prémios, tenho dito repetidamente, é sempre uma escolha subjectiva, pois depende de quem está a fazer a avaliação dos espectáculos. E, concordemos ou não, são as escolhas de três pessoas destacadas para o efeito.
Premiados ou não, o fundamental é os grupos reflectirem sobre a importância da qualidade das produções que apresentam a público, pois quem está desse lado, assim o exige. E nós devemos isso ao público que escolheu sair de casa para estar aqui, que escolheu ver Teatro, que escolheu ver os vossos espectáculos. Se essa reflexão for feita, estará cumprido talvez o objectivo mais importante deste festival e todos sairão vencedores.

Não posso acabar sem fazer os devidos agradecimentos a quem nos ajudou e apoiou. E todas as ajudas são imprescindíveis para realizar o “Cale-se”: os apoios das várias lojas comerciais, dos restaurantes e dos nossos parceiros, que, apesar do muito pouco que às vezes possa parecer a sua ajuda, são no seu conjunto contributos fundamentais para tornar tudo isto possível. A todos, sem excepção, o nosso profundo obrigado.
Por fim, obviamente, devemos um caloroso agradecimento a todos vós, público, pois de nada adianta o nosso trabalho, actores e técnicos ou organizadores destes eventos, se vocês não estivessem aqui.
Passaram por esta sala desde 17 de Janeiro, 1260 pessoas, traduzindo-se numa média de 140 espectadores por sessão.
Obrigado.

Cândido Xavier (21 de Março 2009)

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