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sexta-feira, outubro 03, 2008

Para si... Amigo


Ainda agora partiu e já sentimos tanto a sua falta.
Ainda ontem falamos de si, o professor que tanto nos ensinou, não só História do Teatro, mas a ver o mundo com outros olhos. O amigo que sempre foi e SERÁ, que sempre esteve lá quando foi preciso e nos ajudou a vencer.
Muitas vezes nos rimos... Demos gargalhadas tão alto que as pessoas que passavam deviam-se perguntar o que é que se estaria a passar dentro daquela sala de aula. Eramos felizes ali dentro... Também tivemos os nossos momentos de angústia, de raiva, de tristeza. Mas ultrapassamos isso tudo e passado um bocado já nos estavamos a rir outra vez. É com um sorriso que o recordo. É com um sorriso que o levo no coração. É com um sorriso que o vou ter, meu amigo, para sempre na memória.
Adeus meu amigo. Adeus. Com uma lágriama a escorrer-me pela cara... Adeus

EM NOME DE TODOS AQUELES QUE TE AMAM, CADA UM À SUA MANEIRA

Miguel

33 comentários:

Anónimo disse...

Eu, tive o prazer de ter conhecido o Professor Fernando Peixoto. Foi Prof. do meu irmão. Era uma excelente pessoa. Apredia-se muito com ele. O teatro ficou mais pobre. A familia, os meus pêsames. Sr. Fernando Peixoto, não direi um adeus, mas um até já.

Anónimo disse...

Meu querido amigo e colega Fernando Peixoto, ainda agora partiu e já nos deixou a todos na mais profunda consternação. Tive o privilégio de lhe dizer, em vida, como prezava a sua amizade, a sua cultura, a sua poesia, o seu profundo humanismo.
Os ensinamentos que nos transmitiu, os grandes traços da sua personalidade marcarão, certamente, o resto da existência de cada um de nós e ele ficará sempre gravado no nosso coração. Como dizia Santo Agostinho, "Ninguém morre quando fica no coração de alguém". O Fernando desapareceu fisicamente, mas vai encher a nossa memória e as nossas experiências pela vida fora.
A vida é mesmo um "palco", de que os bastidores (a morte) também fazem parte.

Fernando, um saudoso abraço e... até um dia destes.
José M. Couto

Anónimo disse...

Sem dúvida que agora continua a ser uma estrela...que ilumina do céu todos os palcos... Ate sempre... :(

Vera Barbosa

Jorge Palinhos disse...

Só o encontrei algumas vezes, mas impressionou-me o amor genuíno que dedicava a toda a actividade teatral.

Os meus sentimentos à família e aos amigos.
Jorge

Anónimo disse...

Tive o privilégio de o ter conhecido e a minha vida ficou mais preenchida. Depois ... bem ... depois, a imensa ternura que dedicava aos seus alunos era algo que me comovia. A sua dedicação e entrega às causas, a sua irreverência, o sorriso rasgado, a amargura disfarçada, o calor que usava nas palavras e a forma primorosa como as dizia, as sentia, são traços inapagáveis.
Tenho a certeza de que a sua presença será, sempre, um farol para todos os que consigo aprenderam, riram e se tornaram, por isso mesmo, melhores pessoas.
Nos palcos que continuamos todos a pisar, o da arte e o da vida, a sua presença continuará porque a separação física em nada se compara ao conforto da sua eterna presença junto de nós.
Até sempre Professor!

Isabel Santos

Anónimo disse...

A saudade ficará no coração, de todos aqueles que, como eu, lhe tinham apreço e admiração.

Filomena Barreira

Anónimo disse...

Mais uma vez nos surpreendeste, tu, que hoje extirpaste o cordão que, sei, te ligava a todos nós: teus admiradores, teus amigos, teus discípulos, teus colegas nos braços de Talma, teus iguais nos braços de Orfeu a quem sempre soubeste cativar com a tua cultura, a tua generosidade e, quantas vezes a tua emotiva razão
Eu teu amigo, recordar-te-ei com saudade e envio-te o abraço que gostaria de poder ter-te dado nestes últimos dias.
Até sempre…
David Barreira

Anónimo disse...

Meu caro Peixoto

pudesse eu ter mais que esta caixa de comentário e ter antes o tempo de volta e havia de dizer o orgulho que sentia e sempre senti em fazer parte da mesma escola que tu;

pudesse eu ter estes últimos meses de volta e havia de te dizer que renovavas a minha fé no teatro porque eras a história e a erudição e a pujança e isso inspirava-me tanto de respeito quanto de satisfação;

pudesse eu ter tido mais uma das reuniões em que todos nos víamos e haveria de te dizer que tinhas razão na "norma portuguesa", que tinhas razão em mudar o termo do "estado de arte" e que tinhas razão em tudo porque eras das pessoas mais razoáveis que conheci - aparte o Luiz Francisco Rebello que muita razão teve em te elogiar a tua História do Teatro Europeu.

Temos os teus livros - que estão bem escritos - mas acredita, não te fazem justiça porque não nos fazem ouvir outra vez a tua voz sonante.

A História reclamou mais um herói.

Um grande bem-haja amigo.

Nuno Meireles

Filipe Santos disse...

é com muita tristeza que o vejo partir... falamos poucas vezes, convivemos poucas vezes, mas entre a nossa amizade existiu sempre uma admiração pelo caracter, pelo carisma e pela maneira como escrevia através dos seus poemas a vida... a minha beira-rio hoje está mais pobre... um abraço e um dia quando também partir espero o encontrar e colocarmos a conversa em dia...

Filipe Santos

Branca disse...

Conheci-o há dois anos ou nem tanto, mas foi o suficiente para me marcar profundamente, como professor e como homem humanitário, por tudo o que transmitia nas suas aulas e me chegava a casa pela voz da filha. Conheci-o também aqui e nos seus blogues de poesia muito antes de o conhecer como professor e homem do teatro. Li o seu livro "A linguagem do Silêncio" que generosamente me ofereceu e conheci mais profundamente o homem marcado pela guerra. Contactamos algumas vezes no último ano e lamento que o afecto que já tinha por si tenha sido tão curto no tempo físico, porque na memória será eterno. Recordo de me ter dito quando esperava um diagnóstico que já tinha vencido muitas batalhas e também venceria esta. Quero recordá-lo com essa força que sempre teve.
Estranhamente sonhei consigo na noite de 2 para 3 como o costumava ver no meio dos alunos, pelos corredores do teatro e a minha vontade de me aproximar para lhe perguntar como estava. Há muito queria perguntar por si, mas sentia nos seus e-mails uma tamanha dignidade que só conseguia aflorar subtilmente a sua doença, transmitindo-lhe a força que me parecia poder transmitir pela amizade.
Fui ao lançamento do livro de Maria Mamede em Gondomar, na esperança de o encontrar, uma vez que o prefácio era seu e o indicavam como apresentador, logo aí entristeci ao saber que piorara.
Gostava de dizer tanto, mas não sou capaz, neste momento todos se despedem de si, tenho pena de ter sabido a triste notícia em cima da hora e não ter podido dizer um último adeus, mum dia em que estou sózinha com uma idosa em casa e em que por triste coincidência a filha tinha um exame médico marcado na mesma hora.
Mas, ainda passarei hoje ou amanhã por si seja onde fôr que se encontre e estarei lá sempre...
Adeus professor Fernando Peixoto, querido amigo, até sempre.
Branca

Rita Vieira disse...

Saudades de um homem bom de olhos tristes, de uma pessoa de carácter, de sensibilidade e de ternura.
Saudades de um homem lutador, de valores como há poucos.
Resta-me esperar que se multipliquem homens assim, erguidos em generosidade, compreensão e humanidade.
Saudades de um homem por quem tinhamos um especial carinho.

Desejo serenidade e força à família e a todos os que tiveram a felicidade de passar algum tempo com "O Peixoto".

Anónimo disse...

A vida é injusta, porque tudo o que fazemos não chega para não partirmos...mas o Professor, é daquelas pessoas que toda a gente gostava e mesmo quem não gostava tinha por ele um grande respeito, porque se havia coisa que marcava o Prpfessor Peixoto, era a segurança e a convicção que tinha quando falava...
Nunca se diz adeus mas sim até já...agora deve estar a dançar junto dos Deuses, precisavam lá de alguém para mexer e para ensinar...escolheram a pessoa certa...
Até já amigo, companheiro e actor...obrigado pelos grandes ensinamentos
Luís Trigo

José Gomes disse...

Ainda não me refiz do choque, meu amigo!
Pairas agora no reino das caçadas eternas, no meio dos bravos, dos poetas e da poesia.
Ficou-me a saudade de ter perdido o Amigo e o companheiro de tantas lutas.
Até sempre, Fernando!
José Gomes

Isamar disse...

Tive o privilégio de ser sua amiga e de ter alguns dos seus livros. Hoje, sinto uma dor profunda e estou sem palavras.
Bem hajam, amigos!

ErreCê disse...

As palavras que aqui escrevo apenas marcarão o vazio que neste momento me invade. Se um dia pensei que amava a arte, que amava o teatro, foi nas aulas de hist. teatro e nas tertulias no café e em cada palavra transmitida pelo Prof. Peixoto que percebi um Amor verdadeiro. O sentimento que me impele e que não me deixou afastar do curso de teatro! Ao Prof. Peixoto devo esta minha nova forma de ver o teatro e a escrita. Um encorajador sem dúvida, de valores nobres e sabedoria rara.

Tanto fica por dizer e tanto ainda por me ensinar Professor!

Um até sempre...

Rita Isabel

A.S. disse...

Meu caro Fernando... apenas te digo:

ATÉ SEMPRE!!!


Albino Santos

Unknown disse...

Saudade de um amigo... Saudade de quem me ensinou que na vida as coisas fazem sentido quando feitas com determinação, luta e verdadeira vontade. Saudade de um sorriso amigo, como sempre foi. Saudade das tuas palavras.
Saudade de Ti!
O Mundo ficou triste... Grande Mestre e Amigo!

Anónimo disse...

Caro Fernando Peixoto, tato-te assim porque ao que me disseste num dos teus mais recentes e-mail's, os Amigos só tem nome, não tem titulos, mas deixa que te diga uns quantos, "titulos", que ninguém te tirará: Pai. Esposo, Avô, Actor, Professor, Ensinador, Historiador, Poeta, Lutador... tudo sempre exercido com Hombridade, Exigência, Clareza, Nobreza, Carácter e Amizade.
Aprendi contigo, muito do que sei e do que sou, felizmente pude dizer-to em vida. Mas como ainda tenho tanta coisa para tu me ensinares, fica desde já encontro marcado para uma próxima oportunidade, para pormos em mais uma conversa, receber os teus ensinamentos e incentivos.
Até sempre!

Abraço Amigo deo Eduardo Roseira

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

O meu respeito e o sentimento de perda do Homem, do Poeta, do Professor, do Cidadão consciente.

Sentidos pêsames à Familia.

Nuno Meireles disse...

Faço um apelo aos alunos, à comunidade académica da esap e demais colaboradores deste blogue: esta foi uma porta que o Fernando Peixoto abriu, é de divulgação, ensaio, opinião, é de uma profundo amor ao teatro e às artes, não deixemos que páre. Este blogue, que pela mão do Fernando Peixoto ligava continentes, pessoas e saberes tem que continuar, continuar com as discussões, com as opiniões aos posts, às novidades, aos "fazedores de teatro", porque - a verdade é esta - e vocês saberão do que falo - nós, agora, somos aqueles a quem se destina o aviso "a quem tem orelhas".

um abraço a todos
Nuno Meireles

Branca disse...

Muito interessante o comentário anterior do professor Nuno Meireles. Embora não esteja integrada na comunidade académica da ESAP e só esteja ligada ao teatro como espectadora, vinha frequentemente a este blog aprender e foi a partir daqui que comecei a ser uma espectadora mais informada com os textos de Fernando Peixoto sobre a História do Teatro e a divulgação do que se fazia e faz na área, um pouco por todo o lado.
Das últimas vezes que falei com ele ouvi-o referir-se com tristeza ao facto de a comunidade escolar não comentar muito o blog.
Li em tempos o recado a que o professor Meireles se refere.
Continuar com este espaço é a melhor homenagem que podem prestar ao Professor Fernando Peixoto e eu como outros amigos, também de outros continentes, poderemos continuar a aprender convosco.
Um bom início de ano escolar, mesmo que emotivo.
Sinto muito a vossa perda e desejo-vos o melhor, a todos os alunos e a todos os professores, funcionários, todos quantos eram amigos de Fernando Peixoto,
sinto à distância quanto ele vos faz falta, mas deixa-vos um grande legado humano, um grande exemplo.
Um forte abraço.
Branca Pinto

Anónimo disse...

Amigo e caro Prof. Fernando Peixoto,

foi um privilégio ser sua aluna, de partilhar experiências e vivências dos palcos do teatro e da vida. Não deixo aqui um ADEUS, mas sim um ATÉ LOGO... As lembranças essas, são muitas e fazem com que jamais esqueça a pessoa que foi e que esteja sempre presente na minha vida.

Para o Prof. Fernando Peixoto, um grande beijinho e um até logo...

Diana Morais

Anónimo disse...

Caros amigos...

Um singelo obrigado a todos que escreveram palavras de tanta ternura no blog... Mas sobretudo a todos que fizeram com que o meu Pai sentisse tanto prazer em ensinar e em ver-se rodeado de amigos...
Sei que um dos maiores desejos dele era que este blog não morresse... isso sim iria enchê-lo de tristeza...
Quando tiver coragem para vasculhar alguns escritos prometo publicã-los aqui e retribuir a amizade de todos, que durante vários anos nos acompanharam e fizeram pintar de azul o céu do dia-a-dia...

Um beijo grande para todos e não se esqueçam... Só morrem aqueles de quem nos esquecemos...

Helena Peixoto

Branca disse...

Um grande beijinho Helena para si, para a mãe e para toda a família.
Senti-me enternecida de a ver por aqui hoje.
Obrigada pela sua coragem e por nos trazer um pouco do seu pai.
Abraço-a com ternura.
Branca

José Manuel A. Couto disse...

Helena, bem-vinda. O seu pai continua a unir-nos e a desencadear conversas, como se estivesse aqui mesmo ao nosso lado.
Vamos manter vivo o blog, como ele quereria. Vamos continuar a obra do entusiasta Fernando peixoto.
Quanto a "Arca de Ternura", por que não coligir os poemas e publicá-los, por exemplo sob a égide da ESAP?
Um fraternal abraço
José Manuel couto

José Manuel A. Couto disse...

Deixo aqui um breve artigo que publiquei no jornal "Audiência", semanário de Vila Nova de Gaia, no dia 8 de Outubro de 2008.

Adeus, Peixoto, até um dia!
“Morrem cedo aqueles que os Deuses Amam”. Assim se referia Fernando Pessoa a Mário de Sá Carneiro, por ocasião da sua morte. Uma frase, um pensamento que se ajusta na perfeição ao meu querido amigo e colega Fernando Aníbal Peixoto.
Nascido a 25 de Julho de 1947, na freguesia de Santa Marinha, na passada Sexta-feira, dia 3 de Outubro de 2008, deixou-se abraçar pelo eterno abraço das densas brumas que arrefecem os dias e abrem as espessas cortinas dos bastidores deste ilusório palco da vida.

Historiador, Investigador, professor, escritor, encenador, actor, político, aqueles que com ele privamos sempre o vimos como o Poeta, o Poeta do Amor. Na sua poesia manter-se-ão vivas a sua extrema sensibilidade, a sua capacidade de luta, o seu amor às artes teatrais, o inefável carinho pela esposa, pela filha e pelas netas, que preenchiam os seus dias e as suas conversas, junto dos amigos.

Vila Nova de Gaia e o Teatro perderam um Homem de cultura, um verdadeiro fazedor de laços, generoso, compreensivo, disponível, lutador, profundamente humano, um sonhador de um mundo novo.

A sua tese de doutoramento, a aguardar defesa, será apresentada perante o Juiz supremo, que lhe dará, estou certo, a nota máxima, pela sua entrega à vida, pelos dias e noites de entrega generosa às colectividades por onde passou, aos seus alunos, à história do teatro europeu e nacional, à família, aos muitos amigos que dele guardam já a saudade de quem É e Será Sempre, enquanto for memória.

Os amigos poderão continuar a visitá-lo em www.todomundoeumpalco.blogspot.com/ e em http://arcadeternura.blogspot.com/, espaços onde verteu muitas das suas reflexões, das suas paixões, da sua vida. Ficarão connosco, como um precioso tesouro que, a qualquer hora, nos trarão de volta aquela voz inconfundível, o aconchego da presença vertical de um amigo, de um verdadeiro “ensinador” da arte de viver.
Em “Eu Quero Ser D. Quixote”, poema escrito em no último dia do ano 2007, versejava assim Fernando Peixoto:

"Vou desfiando o rosário
dos anos que vão passando.
Viro a folha ao calendário:
doze meses me esperando
acalentam novos sonhos
com dias bem mais risonhos
que os que se foram gastando
na escalada da Vida
em que sempre fui teimando".

(…)

"Rocinante há-de ensinar-me
nessa doce pacatez
a caminhar devagar:
- cada passo em sua vez.
E nessa sabedoria
que só a idade acrescenta
descobriremos a via
de que a Vida se alimenta".

Fernando, obrigado pelo que és em cada um dos teus amigos e amigas. Aqueles e aquelas que te conhecemos e amamos, já guardam de ti a mais profunda saudade. Ficarás em nós como uma estrela polar que guiará os nossos passos neste que é, apenas, mais um dia do resto da nossa vida.
Adeus, querido amigo, até um dia destes.
Saudosamente,

José Manuel Couto

Anónimo disse...

Helena
Todos os dias tenho vindo ao blog, comovo-me ao ver a fotografia do pai e ao ler os seus escritos, mas, ainda mais comovida fiquei, quando vi o seu comentário.
É verdade,“só morrem aqueles de quem nos esquecemos” e, ao pai, por tudo que ele foi, dificilmente alguém conseguirá esquecer, a mim marcou-me, particularmente a sua voz, parece que ainda o ouço, um poema dito por ele entrava-me na alma, saudade…
Desejo que a união de todos os amigos, ajude a atenuar a vossa dor.
Filomena Barreira

Anónimo disse...

Sempre


Olho para ti
E vejo…
A mesma imagem de sempre
Carisma, alma, voz
Ao sabor do tempo
Nas ondas frémitas do mar
Que os dias moldam nas marés…
Os anos parecem não passar
Tudo parece na mesma
E, no entanto,
Tanta coisa mudou
Ou talvez não…
Nesta condição humana
Não é fácil semear
Quanto mais colher…
Mas é fundamental
Saber aprender
E reconhecer
Que mesmo na distância
A ânsia por te ver
Irá sempre permanecer…
Custa aceitar
Não consigo entender
Mas desejo que aqui, lá
Ou onde for
Me possas sentir
Ou julgar
Mas sempre ver…
Como explicar
Não sei, desconheço,
Ignoro e sinto-me despido
Nessa areia movediça
Que tanto atrai e retira.
Sinto-me sentido
E triste…
O espectáculo, esse
Continua… tenaz
Capcioso, determinado
Na languidez atroz
Da luz encandeante…
Perdi um sonho
Que nunca julguei
Perdi um modelo
Que sempre admirei
Perdi um pouco de mim
Mas ganhei muito mais
Do que aquilo que dei…
O carisma, a alma e a voz
Permanecem para sempre
No legado patrimonial
Da memória selectiva.
Por isso e
Por muito mais
Não há guilhotinas que cortem
A raiz ao sentimento…
Por isso e
Por muito mais
Não há fronteiras que afastem
Duas margens entre iguais…
Por isso e
Por muito mais
Não há vozes que vociferem
Contra a ponte que nos une…
Por isso e
Por muito mais
Deste teu sempre amigo e fã
Obrigado por tudo, meu querido Pai!

Fernando Peixoto (filho)

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

O "Beja- Dando voz aos Poetas" tb se associou às homenagens prestadas ao Professor e publicou o poema:

TEATRO

Para o Marcelo Romano, com a admiração do autor


Fazer teatro, não é
deixar a vida correr,
cruzar os braços, viver,
deixar correr o marfim;
e se às vezes se diz sim,
muitas vezes se diz não.
Embora custe ao actor
manter o direito ao pão,
não hesita em dizer NÃO
quando um NÃO é a verdade,
e mantém a liberdade
de dizer que não, que sim,
por questão de dignidade,
porque o Teatro é assim.
Porque o Teatro é a vida
e a verdade é o seu norte,
o actor desafia a sorte
e a mentira é vencida.

Mas na luta desigual
entre a verdade e a mentira,
se nuns despoleta a ira,
noutros reforça o Amor,
e nesta dicotomia
que é o Teatro, afinal,
vence o Bem, que é a Verdade,
cai a Mentira, que é o Mal.
E a máscara da ilusão
com que o homem se disfarça
fica prostrada no chão
ante o humor de uma farsa.

Sempre assim foi e será
(é essa a nossa certeza)
porque o Teatro é a manhã
que dá vida à natureza,
porque o Teatro é a alegria
de saber que vale a pena
transferir o dia-a-dia
para o âmago da Cena.
E repleto de esperança,
sereno, firme e seguro,
o actor é uma criança
que acredita no futuro.

E faz da crença um Amor
tão largo, grande e profundo,
que mesmo pobre, o Actor,
é o mais rico do mundo!


FERNANDO PEIXOTO

Portugal

Todo o mundo é um palco disse...

Cara Helena..
Fui eu quem iniciou este Post. Fui eu que ajudei a criar este blog, que era para se chamar "a religião matou o génio" juntamente com o seu pai, o professor Fernando Peixoto, mas ele achou que devia, e muito bem, dar este nome, "todo o mundo é um palco" por isso tenho a password deste blog, assim como do mail que lhe pertence! Se por acaso não tiver essa password e quiser diga-me algo que faço todo o gosto em partilhá-la consigo..

Abraço Miguel

Anónimo disse...

Nos últimos tempos aprendi mais de ti!nunca me esquecerei o teu timbre de voz nem a postura de um Peixoto!O mesmo sangue corre nas veias e fala mais alto soa mais alto acima de tudo e de todos! Bem haja a quem com o Fernando conviveu e com ele sofreu a a toda a familía inclusive o seu filho que herdou o mesmo carisma e tom de voz o mesmo sangue dos Peixotos que corre nas veias desta familía imensa!

Anónimo disse...

O tempo passa, a angústia fica...
Quantos obstáculos entre nós se tentaram instalar mas, com efeito, o sangue dos Peixoto (o genuíno) permanecerá imutável ao longo dos tempos. A cumplicidade que, desde sempre, existiu entre mim e o meu Pai jamais será percepcionada,compreendida (quanto mais descodificada) porque entre Pai e Filho três valores imperaram nesta vida muito mais do que terrena, a saber: Respeito, Admiração e Honra.
E, a estes valores, acresce um princípio transversal a qualquer relação - o AMOR.
Mais do que o carisma, os olhos ou a voz, agradeço ao meu querido Pai os genes que hoje me orgulham de ser o Homem que sou.
Mais do um simples princípio escatológico ou meras palavras circunstanciais, orgulho-me de poder ser um Peixoto de corpo e de alma (não pontual nem circunstancial) e, garanto-vos caros amigos, tudo farei para honrar e perpetuar esse Homem que, perdoem-me, acima de tudo e de todos foi um grande Pai em todas as fases da minha vida.
Por isso e por muito mais...

OBRIGADO MEU QUERIDO PAI !

Fernando Peixoto (filho)

Branca disse...

Querido amigo,

Hoje estou particularmente saudosa de si, dos seus valores, da sua estatura humana, da sua sensibilidade e da sua simplicidade, porque os homens de maior valor são sempre os mais simples, genuínos e sinceros.
Hoje estou particularmente emotiva, faz-me tanta falta saber que o encontraria por aí num qualquer dia e teria um momento de amizade rico e feliz ou teria sempre e tão sómente um momento rico, como qualquer pessoa que se cruzasse consigo.
Sinto-me orfão dessa amizade, mas sei que numa cidade como a nossa o encontrarei ainda em muitos momentos, nos seus trabalhos, nos seus livros, nas associações por onde passou e que têm algumas delas a sua marca criadora, nos seus poemas, nos seus filhos, não deixarei de estar presente onde quer que sinta que o posso encontrar.
Hoje senti de forma muito particular saudade da sua voz, do seu ar de sensatez, dos seus silêncios atentos e plenos de sabedoria.
Hoje sinto-o na minha alma, talvez porque ontem ao ler aqui o seu filho o senti mais perto e mais presente.
Um abraço eterno.
Branca