"Estados eróticos imediatos de Sören Kierkegaard”, de Agustina Bessa-Luís, estreou no Teatro do Campo Alegre, no Porto. Uma história que cruza o protagonista, o filósofo dinamarquês Sören, com o rei D. João.
A peça, da companhia Seiva Trupe e que vai estar em cena até 31 de Outubro (amanhã), desenrola-se em Copenhaga, capital da Dinamarca, durante o século XIX. Roberto Merino, professor na ESAP, encenador, define a peça como um “encontro fictício entre D. João e Sören”. O rei de Portugal descobre a obra do filósofo por mero acaso e coloca-a em questão. No entanto, o tema central da peça é uma das fases mais marcantes da vida de Sören - o seu amor, entrega e renúncia da sua amada Regina Olsen.
“É um excelente exercício de diálogo teatral, mas, ao mesmo tempo, um desafio conseguido”, disse Roberto Merino. O encenador confessou mesmo ter tido algumas dificuldades na transposição do texto para a acção. “A Agustina é romancista e não tem todas as ferramentas teatrais que um dramaturgo tem”, disse. Uma obra de época que abre ao espectador a vida de Sören, com alguma ironia à mistura. O encenador salientou ainda a importância de “conhecer o outro lado do filósofo, o lado mais humano”. Um homem que na obra de Agustina é classificado como “um génio numa cidade de província”. Na realidade, apesar de ter estado fortemente ligado à filosofia, à teologia, à psicologia e à literatura, Sören Kierkegaard teve um único e grande amor, Regina Olsen, que conheceu aos 22 anos e por quem se apaixonou de imediato. Chegaram a ficar noivos, mas foi o próprio Sören quem acabou com o noivado, sem haver, até hoje, uma razão conhecida para tal decisão.
O cenário, marcado pela quase ausência de luz, contêm quatro prateleiras, com vários objectos de diferentes significados. “Representam ideias, o erotismo, a infância, objectos criados para estarem ali, enquanto o diálogo está a decorrer e que nada têm de realistas”, explicou Roberto Merino.
Agustina Bessa-Luís comemora o 86º aniversário a 15 de Outubro, pelo que, a partir desse dia e até ao final do mês, a Seiva Trupe promove uma homenagem à escritora portuense. Antes de cada exibição, serão lidos excertos das suas obras. Até ao momento, foram convidadas algumas figuras públicas do Porto, mas não há ainda confirmação.
O livro “Estados eróticos imediatos de Sören Kierkegaard”, lançado em 1992, é a primeira obra de Agustina Bessa-Luís que a companhia Seiva Trupe faz chegar ao teatro.
O professor Fernando Peixoto recomendaria, com certeza, este espectáculo Teatral a todos vocês..
P.S - quem tiver fotos do espectáculo que avise..
2 comentários:
Gostei imenso da adaptação ao teatro desta obra de Agostina Bessa Luís, dirigida por Robero Merino e da excelente interpretação com que os actores brindaram o público.
Um grande aplauso para todos e uma referência especial para as ex-alunas da ESAP que integraram o elenco.
Deixo um abraço.
Branca
Embora goste muito de teatro,não tenho a oportunidade de assistir a representações teatrais,devido a que não moro em Portugal,mas quando meu primo me enviava as atualizaçoes sempre visitei e continuo a visitar vosso blog.
Mesmo se ele atualmente não está presente,acho que seria muito feliz de ver que este blog continua a viver...
Com amizade.
Rosa Peixoto
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