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segunda-feira, outubro 15, 2007

« O SENHOR DOS PALCOS »


Nome Completo: Paulo Paquet Autran
Natural de: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Nascimento: 7 de setembro de 1922
Falecimento: 12 de Outubro de 2007

Paulo Autran faleceu em 12 de outubro de 2007, vítima de parada respiratória decorrente de um enfisema pulmonar. Ele lutava contra um câncer e um enfisema pulmonar. Em 85 anos de vida, dedicou 57 às artes, com atuações em teatro, cinema e televisão. É considerado um dos gênios do teatro brasileiro. [...]
Paulo Autran nasceu no dia 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro. Aos 8 anos, mudou-se com a família para São Paulo. Nessa época, já cultivava um interesse pelo teatro, indo assistir a várias peças. [...]
O ator Paulo Autran diz que seu primeiro contato com o teatro foi aos 7 anos de idade, quando improvisou um figurino composto por calção e chinelos vermelhos e uns chifrinhos feitos por sua tia para interpretar um diabo, numa peça escrita por sua irmã mais velha. Autran conta que escreveu sua primeira peça aos 11 anos. Segundo diz o ator, aos risos, "As Onças da Jamaica" tinha uma avó muito velha, "mais de 30 anos, o auge da velhice na época".Apesar das brincadeiras de criança, em 1945, formou-se em Direito, pela Universidade de São Paulo (USP), tendo, inclusive, escritório próprio, mas abandonou a profissão em 1949 para dedicar-se ao teatro incentivado por Tônia Carrero. [...] A primeira peça da dupla, que sempre trabalhou em perfeita sintonia, foi "Um Deus Dormiu Lá em Casa", de Guilherme Figueiredo, que teve sua estréia em 13 de Dezembro de 1949. Logo em seu primeiro papel, Autran foi agraciado com o prêmio de melhor ator do ano de 1949. [...]

Nos primeiros anos de sua carreira, trabalha no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Em 1955, forma com Tonia Carrero e Adolfo Celi a sua própria companhia que durou até 1961. A estréia é triunfal com a montagem de "Otelo", de Shakespeare, traduzido especialmente para a ocasião. Algumas de suas interpretações de clássicos, como "Antígone", "Édipo Rei", "My Fair Lady", "Seis Personagens em Busca de um Autor", "A Morte de um Caixeiro Viajante", "A Viúva Astuciosa" (de Goldoni), "Sem Saída" (de Sartre), "Visitando o Sr. Green", e "Adivinhe quem Vem para Rezar". marcam a história do teatro brasileiro. Em 1962, o musical "My Fair Lady" fez grande sucesso, permanecendo dois anos em cartaz. [...]

Com a instauração da ditadura militar, o seu público passou a ser basicamente de jovens e universitários. Em diversas ocasiões, Autran teve de sair de uma apresentação diretamente para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) para prestar depoimento. A peça "Liberdade, Liberdade" (1965) foi assistida por milhares de estudantes, que a encararam como uma forma de protesto contra o regime vigente no Brasil. Em 1970, a montagem de "Brasil e Cia" foi censurada. Autran teve de representar toda a peça para o chefe da Polícia Federal, para que ela fosse liberada. [...]Atuou, ainda, em várias outras peças aclamadas pelo público e pela crítica. Destacam-se "Vida de Galileu" (de Brecht, 1989), em 1995, obtém grande sucesso com a peça "As Regras do Jogo", de Noel Coward, "Rei Lear" (de Shakespeare, 1996) e "O Crime do Doutor Alvarenga" (de Mauro Rasi, 1998). Em mais de 50 anos de carreira no teatro, atuou em mais de cem montagens. Aos 73 anos, realiza a antiga ambição de um ator shakespeariano, interpretando o infeliz e ancião protagonista de Rei Lear. Dirigiu algumas peças, como "Pai" (1999), um monólogo com a atriz Beth Coelho, e "Dia das Mães" (2001). [...]

"O Avarento" foi sua 90ª montagem teatral aos 83 anos de idade. Clássico do teatro francês e mundial, a peça de Molière foi traduzida e adaptada por Felipe Hirsch. Obcecado por dinheiro, Harpagon é um personagem egoísta, interesseiro e cruel, que enterra uma caixa no jardim com suas adoradas moedas. Autran tinha planos de levar a comédia a Portugal em 2007. [...]

Na televisão: Gabriela, Cravo e Canela (1960); Pai Herói (1979); Os Imigrantes (1981); em Guerra dos Sexos (1983) protagonizou ótimos momentos com Fernanda Montenegro; Sassaricando (1987); Brasileiras e Brasileiros (1990); Hilda Furacão (minissérie, 1998).

Filmografia: Veneno (1952); Apassionata (1952); Uma Pulga na Balança (1953); É Proibido Beijar (1954); Destino em Apuros (1954); As Sete Evas (1962); Crônica da Cidade Amada (1964); Terra em Transe (1967); Mar Corrente (1967); O Menino Arco-Íris (1983); Vertigens (1985); O País dos Tenentes (1987) quando recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília; Fogo e Paixão (1988); Felicidade É... Sonho (1995); Tiradentes (1998); Oriundi (1999). Recentemente esteve em "A Máquina" (2005) e "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" (2006). [...]

Segundo o crítico Sérgio Salvia Coelho (A Folha de São Paulo), "Paulo Autran era culto e estudioso, intérprete, foi modelo para a profissão e atravessaria o novo século sem se esgotar. Paulo Autran será sempre a referência do ator brasileiro. [...] Sua técnica, apurada ao longo de décadas, em uma dedicação constante, guardava um selo de qualidade inconfundível. Mas Paulo Autran não era apenas um nome nem mesmo um rosto: era uma paixão em cena. [...] Deixa assim um modelo inequívoco de como deve ser um ator: culto, estudioso, capaz de traduzir os textos estrangeiros que encena, capaz de dirigir seus colegas sem impor seu estilo pessoal, sempre atento ao que acontece nos palcos do mundo, seja na Broadway ou na praça Roosevelt. [...]
A vida de Paulo Autran sempre foi o teatro. Então, Paulo Autran não morrerá nunca." [...]


Fontes de Informação:


2 comentários:

A.S. disse...

Meu caro Fernando Peixoto:

"A vida de Paulo Autran sempre foi o teatro. Então, Paulo Autran não morrerá nunca." [...]


Como todos os grandes Homens!...


Um abraço
Albino Santos

Anónimo disse...

Cher Fernando
L'envelope corporel peut disp�raitre,mais le souvenir de la personne,ainsi que de ces ouvres ne dispar�itront jamais...
Gros bisous.
Rosa