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quinta-feira, maio 14, 2009

O LEÃO E O GRILO

Não sei bem precisar com que idade me lembro de ouvir a estória do leão e do grilo pela primeira vez. Deve ter sido muito cedo pois as primeiras recordações da minha infância já incluem esta estória em jeito de fábula. Consigo recordar com exactidão o meu pai a contá-la, a minha euforia quando integrei o grupo de crianças que a representaram pela primeira vez e uma experiência deliciosa que foi a minha participação na representação em teatro radiofónico. Foram, porém, escassas as vezes em que foi representada, apesar da importância da sua mensagem e do papel que poderia desempenhar na formação do carácter de uma criança.
Este leão e o grilo são a representação dos valores em que o meu pai me educou, enaltecendo a paz e o diálogo em detrimento do conflito. “A guerra só traz a dor, as guerras são sempre más, para o mundo ser melhor temos de viver em paz” ou “Mais forte que a força bruta é a força da razão…”, frases como esta tornam tão actual uma história que já tem quase trinta anos e constituem um alerta para a necessidade de educarmos crianças diferentes, que tenham na sua infância algo mais que jogos de computador e desenhos animados repletos de violência.
Este leão personifica o orgulho e a incompreensão que são a causa de tantas guerras. O grilo é todo aquele que, apesar de uma posição vitoriosa, não perde a sua humildade.


Trinta anos depois esta fábula repete-se no nosso quotidiano. No entanto, ver em cena esta peça desperta-me esperança, pois as crianças que hoje a verão serão homens e mulheres amanhã, quem sabe com capacidade decisória para mudar o mundo. É verdade que, tal como o meu pai quando criou esta peça, também eu acalento um sonho… poder ver crescer as minhas filhas num mundo em paz.
Ao Francisco Santos e aos jovens do Grupo Desportivo do Sindicato dos Bancários do Norte o meu agradecimento, por me trazerem um manancial de memórias de tempos tão felizes vividos com um homem extraordinariamente especial como o meu pai mas, sobretudo pela coragem de fazer renascer esta mensagem de paz e fraternidade a um mundo entorpecido por tantas guerras.

Sabemos das muitas horas necessárias para levar à cena um espectáculo como este, da necessidade de persistência e do espírito de sacrifício para fazer vingar um projecto assim, para todos vocês o meu aplauso de pé.
Parabéns!

Helena Peixoto

3 comentários:

Branca disse...

E eu vou ver a peça amanhã, na Escola Dramática e Musical Valboense, no âmbito do 24º FETAV -Festival de Teatro Amador de Valbom, que recebe grupos teatrais de todo o país e onde esta companhia do Grupo Desportivo do Sindicato dos Bancários do Norte costuma participar.
Com esta leitura fiquei com o apetite aguçado para assistir a esta representação, embora já esperasse muito do que aqui nos é relatado.
Deixo uma dica aos residentes de Gondomar e arredores, que queiram asssistir a esta representação dia 16, às 21h45m na centenária Escola Dramática e Musical Valboense
R Escola Dramática 579, Valbom GDM.
Apareçam.
Beijinhos.

P.S. Obrigada Helena, pela emoção e pelo carinho com que nos oferece estas fotos tão bonitas e elucidativas e partilha connosco a sua experiência relacionada com esta peça de teatro.

Branca disse...

Magníficos os jovens do Grupo do BES!
Foi um espectáculo de emoção que hoje vivi, começando por reler no programa este texto de Helena Peixoto e sentindo durante o espectáculo que eu própria era uma menina, que pela primeira vez ouvia esta fábula teatral. Foi como se sentisse e ouvisse em alguns momentos o nosso amigo Fernando Peixoto falar-nos dos seus ideais para a construção de um mundo novo e a forma enternecedora como através desta peça o transmitiu ali a todas as criança, pela boca delas próprias, foi algo que me fez vir muitas vezes as lágrimas aos olhos durante o espectáculo.
Obrigada querido amigo, por nos ter deixado um legado tão valioso. E é tanto o que aprendemos em cada momento em que nos encontramos com as suas palavras!
Beijos.
Branca

Rita Vieira disse...

Fui ver na Escola Dramática de Valbom. Mensagem bonita. Bjos.