Eis um espaço de partilha para gente que se interessa por teatro e outras artes. Podemos e devemos partilhar: fotos, reflexões, críticas, notícias diversas, ou actividades. Inclui endereços para downloads. O Importante é que cada um venha até aqui dar o seu contributo. Colabore enviando o seu texto ou imagem para todomundoeumpalco@gmail.com

segunda-feira, março 31, 2008


Fernando Peixoto em entrevista ao Meia-Hora, publicada no Dia Mundial do Teatro (27/03/ 2008)

Teatro em Portugal foi sempre “parente pobre”


O investigador Fernando Peixoto explica circunstâncias históricas e evoca valor mundial dos dramaturgos nacionais.


Mestre em História, investigador, dramaturgo, encenador e professor na Escola Superior Artística do Porto, Fernando Peixoto tem várias obras publicadas nos domínios da História e do Teatro, entre as quais História do Teatro no Mundo e História do Teatro Europeu.
Foi sensivelmente no início dos anos 70 que começou a dedicar-se a estas temáticas, destacando entre os seus estudos “a constatação que temos, ao longo da nossa história teatral, de alguns dos melhores dramaturgos mundiais [no contexto das suas épocas]: Gil Vicente, Almeida Garrett, Raul Brandão, Luiz Francisco Rebello e Bernardo Santareno”.
Em entrevista ao Meia Hora, Fernando Peixoto não deixou, porém, de acrescentar uma outra evidência, segundo confessa, “bem dolorosa”. Destaca “a pouca importância que ainda hoje se dá ao teatro feito em Portugal e em português. Companhias, autores, actores, encenadores são muitas vezes melhor reconhecidos no estrangeiro”.
Uma situação que não é nova se se levar em consideração o facto de, no País, o teatro ter sido sempre aquilo que considera “um parente pobre”.


O poder deve convencer-se de que não pode estar divorciado do teatro


Asas cortadas. “Reconhecem-se, no entanto, alguns períodos importantes, como o séculoXVI, com GilVicente e seus seguidores, bem como os clássicos [António Ferreira, Sá de Miranda, Camões...]. Mas em1536 estabelecia-se a Inquisição e o teatro perderia muitas das asas que pudesse ter”, continua Fernando Peixoto, segundo o qual “foi preciso esperar pelo triunfo liberal para que Garrett se encarregasse de refundar o teatro português, conferindo-lhe uma dimensão como ele nunca conhecera, quer em termos de quantidade [autores e obras] quer de qualidade”.
Não obstante, e como os poderes em Portugal nunca se mostraram particularmente favoráveis às artes dramáticas, “o teatro acabaria por nunca se desenvolver como noutros países”. Com o Estado Novo, voltaria a censura e as medidas repressivas, sobrevivendo“ com custos imensos um teatro relativamente inócuo e a revista à portuguesa”.
Com o 25 de Abril, despontaram autores, companhias e encenadores, mas, defende ainda o autor, “é necessário que o poder se convença de que não pode estar divorciado do fenómeno teatral nem encará-lo como mero veículo de lucro comercial”.

4 comentários:

Isamar disse...

Tenho o prazer de também conhecer Fernando Peixoto numa outra faceta, não menos importante, que é, para mim, tal como o Teatro, uma paixão de menina: a poesia. O Fernando ( desculpa tratar-te assim, amigo) é um Dramaturgo, um Poeta, um Escritor, um Professor, um homem da Cultura que muito admiro. Com ele tenho aprendido muito, com ele, através da sua poesia, tenho passado momentos inolvidáveis. Em a Arca de Ternura ( ver link) e em Chave da Poesia, tenho podido apreciá-lo como poeta e é, quanto a mim, um dos grandes poetas contemporâneos. Como homem de Teatro tem aumentado os meus conhecimentos nesta arte que fui habituada a apreciar, pelos meus pais, desde muito tenra idade. Lamento que os apoios governamentais sejam escassos e que os actores portugueses não sejam acarinhados tanto quanto merecem. No entanto, acrescento, verifico , com prazer, que o número de espectadores de teatro, no que concerne às novas gerações, tem vindo a aumentar consideravelmente.
Bem hajas, Fernando, por tudo quanto tens feito em prol desta arte onde o espírito vai buscar a seiva de que se alimenta. E é uma necessidade vital tão importante como outras assim consideradas.
Beijinhossss

São disse...

Mesmo correndo o risco de ser acusada de plágio, subscrevo inteiramente o que a minha querida Brancamar escreveu aí atrás!
Tenho muito orgulho em fazer parte do teu círculo de amizades da Net!
E agradeço imenso todo o saber que tens partilhado connosco tão generosamente!
O meu fraterno abraço embrulhando os meus parabèns sinceros!

São disse...

Peço desculpa, enganei-me.
É Sophiamar a cara amiga que tão bem soube transmitir o que eu também penso.

Beijos para os três!

Branca disse...

Embora com algum atraso, agora sim é a Brancamar que vai comentar. A minha amiga São sabia que eu viria por aqui um dia qualquer porque na verdade não poderia deixar de comentar uma entrevista que põe em destaque as carências do teatro português e que nos mostra um homem de grandes conhecimentos e valor nessa área.
Obrigada pelo saber transmitido e como cidadã obrigada pela denúncia sempre tão pertinente e importante. Pode ser que um dia as autoridades deste país comecem a ouvir estes protestos e que acordem...vamos sonhando com isso.
Beijinhos