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terça-feira, março 21, 2006

DIA DO TEATRO ASSOCIATIVO


MENSAGEM

Encontrar numa folha em branco as letras certas que se transformem em palavras capazes de definirem a importância do chamado teatro de amadores em Portugal, não é fácil.
Para que essas palavras se transformem em frases capazes de definirem tudo o que nos vai na alma, ainda é mais difícil. Não por incapacidade da nossa língua, mas porque estamos a procurar falar de emoções individuais que se transformam em manifestações colectivas de prazer e felicidade.
Falar dum movimento artístico que de Norte a Sul mantém permanentemente uma actividade diária de produção cultural num meio dum mar de contradições, emoções, angústias, é falar da nossa história popular.

Não daquela das revistas cor – de - rosa, ou dos circos e companhias de gente, que faz da futilidade formas de anestesia dum país adiado.
Falar deste movimento teatral é falar de milhares de homens e mulheres que nas suas comunidades, ou nos grandes centros urbanos, ousam sonhar e fazem das dificuldades a sua matéria - prima de construção artística.

No tecido cultural Português o teatro associativo é uma realidade tão rica que em qualquer país civilizado mereceria o carinho, o agradecimento e o estímulo daqueles que através do voto se transformam em gerentes das nossas vidas.
Num País exigente hoje as nossas televisões não ocupariam as manhãs a explorar duma forma criminosa os dramas pessoais de muitos dos nossos cidadãos.
Hoje as televisões abririam com os rostos iluminados e contagiantes dos amantes do teatro. Faces anónimas que apesar de tudo continuam a lutar, sorrindo, sorrindo sempre, com a convicção de quem sabe que este é um dos caminhos da felicidade.
Encontrar um dia anual para reflexão sobre este movimento sempre foi uma preocupação de algumas organizações que em determinados períodos procuraram organizar e representar este imenso grupo de amantes e enamorados pela arte teatral.
Com o esvaziar da APTA, antiga Associação Portuguesa de Teatro de Amadores, a ideia mais original, interessante e talvez mais definidora da verdadeira identidade desta forma teatral, surgiu pela Companhia Teatral de Ramalde e por essa forma única de encontro teatral que é o Amasporto.
O Dia do Teatro Associativo é por isso um dia que importa colocar nas nossas agendas e espalhar por todo o País.
Unir este imenso movimento em torno de estruturas representativas, é uma tarefa difícil, pela diversidade de propostas dos Grupos, pelas suas diversas formas de organização, pela formação artística variada, pelos meios disponíveis, muitas vezes resultados do bom ou mau humor dos poderes locais.
O caminho mais curto para uma possível unidade de objectivos, é partir pela estrada dos Companheiros de Ramalde para que um dia nos possamos encontrar todos no mesmo cruzamento.
Organizar encontros como o Amasporto, encontros de afectos e de solidariedade, encontros de valorização e agradecimento a homens e mulheres do teatro, que se espalhem como o sangue por todas as veias artísticas do país. Estes encontros de afectos irão aproximar cada vez mais Grupos.
Pequenas acções de cada vez, consolidando-as e diversificando-as, estreitando cada vez mais laços, mais abraços, mais de desejos de reencontro.
Não vejo hoje outro caminho com o individualismo instalado em todos os sectores da Sociedade.
Façamos do dia do teatro associativo, uma verdadeira associação de ideias e propostas.
Mesmo que seja um simples passo, mesmo que este ainda seja simbólico, mesmo que este não seja notícia de primeira página, mesmo que não haja manifestações de rua, mesmo que nos sintamos pessimistas, estes primeiros passos são fundamentais, porque é o inicio dum andar seguro e com futuro.

A todos os companheiros do Teatro Associativo importa saudar, importa apelar para que continuem a ousar, importa pedir para que não desistam.

Continuemos a fazer de cada texto, de cada espectáculo, de cada desafio, de cada contrariedade, o estímulo suficiente que contagie cada um de nós.
O futuro teatral passa por aqui, por estes últimos resistentes do sonho e da utopia.


João Coutinho
Companhia de Teatro do Ribatejo

1 comentário:

Anónimo disse...

É impressionante... vindo de quem vem..