
Infelizmente, a 30ª edição do Festival não se vai realizar em condições normais, com uma programação de espectáculos teatrais protagonizados por várias companhias nacionais e estrangeiras.
Várias são as razões:
os cortes nos apoios do Ministério da Cultura e a sua insensibilidade ao longo destes últimos anos para com a situação particular deste Festival Internacional.
A sucessiva deterioração das condições financeiras que o Festival vem acumulando ao longo das últimas edições.
A atitude hostil da Câmara Municipal do Porto que, além de não o apoiar financeiramente, deixou de disponibilizar o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett para a sua realização e, este ano, ainda nem respondeu ao nosso pedido (o primeiro feito a 6 Dezembro 2010) de autorizar a utilização dos Jardins do Palácio de Cristal...
Todavia, ainda achamos que este Festival não deve acabar: o número de espectadores que a ele acorrem anualmente, a disponibilidade das companhias nacionais e estrangeiras que sempre aceitam a sua participação de forma entusiástica e todo o seu longo historial e referentes artísticos continuam a dar-nos alento para não desistir.
Entendemos que estes trinta anos devem ser lembrados e festejados como uma edição evocativa
que permita ser, ao mesmo tempo, um momento de festa e de parabéns por todos quantos contribuíram para que o FAZER A FESTA tivesse tão longa vida, mas também um compasso de espera, um momento de reflexão para o repensar e encetar novos caminhos que permitam que o Festival se renove e continue a ser um marco incontornável da vida teatral...
Assim o “FAZER A FESTA” de 2011, na sua 30ª edição, será a sua própria evocação, ocupando o espaço público da cidade do Porto com intervenções artísticas em lugares icónicos do burgo, festejando e questionando o seu lugar na vida cultural e social portuense e apelando à participação de todos quantos tornaram possível esta realidade com trinta anos, três vezes mais os que gastou Homero no seu regresso a Ítaca, depois da guerra de Tróia.
As intervenções artísticas serão concretizadas pelos elementos e colaboradores habituais da companhia e por todos aqueles artistas, companhias, amigos e espectadores que já passaram pelo Festival e todos as demais companhias e artistas teatrais portugueses que se queiram associar a esta edição evocativa, que acontecerá entre os dias 14 a 17 Junho 2011.
Relembramos as fases principais porque passou o Festival ou, aproveitando o mote, dar um passo no passado e outro no futuro.
José Leitão (director artístico do Festival)
Na Primavera de 1982 organizámos a 1ª edição do “FAZER A FESTA - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO”.
A partir dessa data, anual e ininterruptamente, este Festival (o terceiro mais antigo Festival Internacional de Teatro que se organiza em Portugal e que, durante muitos anos, foi o único que dedicava a maior fatia da sua programação ao Teatro para a Infância e Juventude) foi cumprindo os seus objectivos bem como outros entretanto introduzidos, acompanhando a evolução teatral da cidade do Porto.
Relembrar alguns aspectos da sua história constitui um acto de resgate do olvido a que geralmente se vota a alguns aspectos da actividade teatral que, dada a sua efemeridade, facilmente se esquece se deles se não der notícia...
Ora, como sem memória não existe conhecimento e sem este não existe criatividade, o futuro alicerça-se também neste passar de testemunho dos que fizeram para os que vão fazer, ou melhor dizendo, nós não somos o princípio da história, ela já existia quando aqui chegamos e só se aprende sabendo...
de 1982 a l991 (da 1ª à 10ª edição): O Teatro à procura da Cidade ou aprendendo a andar, caminhando...
São anos de intensa actividade, aprendizagem, contactos e intercâmbios que nos permitem conhecer e ser aceites na comunidade teatral da cidade e do país. Lembre-se que a cidade do Porto só tem a 1ª edição doutro Festival Internacional de Teatro (o de Marionetas) em 1989, o Teatro Municipal Rivoli ainda não tinha programação, e o T.N. São João, como Teatro Nacional, só começaria e funcionar desde l984. Não havia na cidade salas de acolhimento de outras companhias e só nos dois festivais existentes (FITEI e FAZER A FESTA) se podia ver grupos de fora do Porto e do estrangeiro.
Em toda esta década o núcleo principal da programação do Fazer a Festa esteve sediado no Salão da Junta de Freguesia do Bonfim, que apoiou entusiasticamente o Festival até 1991.
de 1992 a 2002 (da 11ª à 21ª edição): A Cidade encontra o Teatro... Há Festa na Aldeia !
É nestes dez anos que o FAZER A FESTA dá o salto e se consolida como Festival de referência a nível nacional, principalmente porque passa a maior parte da sua programação para os jardins do Palácio de Cristal.
Os espectáculos são apresentados em tendas especialmente montados nos jardins e aproveitam-se outras estruturas edificadas no local. A programação vai desde as 10h da manhã até à madrugada, com espectáculos diurnos para a infância e escolas e aos fins de semana e espectáculos para a juventude e adultos às 21h30, às 23h30 e mesmo à 01h00 da madrugada... durante dez dias seguidos !
Começa-se a construir-se uma “Aldeia Teatral”: públicos e artistas partilham o mesmo restaurante e o bar, convertendo estes espaços em local de amena cavaqueira, conhecimento, aproximação e discussão entre os que fazem e os que viam os espectáculos.
Várias companhias nacionais já prestigiadas aceitam apresentar e mesmo estrear alguns espectáculos nestes espaços não convencionais e há momentos de intensa partilha teatral e artística entre todos os intervenientes. Companhias emergentes e projectos em nascimento apresentam-se no Festival e as companhias da chamada “província” encontram no Porto um espaço de apresentação dos seus espectáculos. Descobre-se que o País teatral não é só Lisboa e Porto...
Em 2001, a 20ª edição do Festival corresponde ao ano em que o Porto é capital europeia da Cultura e é inserida na sua programação. É neste ano que, pela primeira e única vez, é visitado por um Ministro da Cultura !
De notar que, em todas as suas edições nunca nenhum presidente das Direcções Gerais que o Ministério “inventa” ano sim ano não, nenhum secretário de estado da Cultura e nem mesmo qualquer Presidente de Câmara do Porto “ousaram” assistir ao Teatro nas tendas em que o Festival se realizava ! Talvez porque o FAZER A FESTA nunca teve gala de abertura, começando desde logo com Teatro... mas seria interessante saber quantos espectadores foram então conquistados para o Teatro por assistirem a este Festival !
de 2003 a 2011 (da 22ª à 30ª edição ?): O Teatro deixa a cidade...e o deserto aqui tão perto !
É a partir desta data que o Festival começa a sentir muitas dificuldades em se realizar.
Os apoios estatais não aumentam e o orçamento do Festival está englobado na actividade da companhia, não tendo contas autónomas. A Câmara Municipal com o novo executivo começa a hostilizar a cultura e o teatro e descem drasticamente os seus apoios numa primeira fase, para mais tarde acabarem com os mesmos.
Segue-se depois um tempo (2006) em que para obter apoio camarário é necessário assinar uma cláusula, comprometendo-se a companhia a não criticar a política cultural da edilidade. Quem não assina, não recebe apoio financeiro. Não assinamos: corte total do apoio financeiro.... que continua até hoje, 2011.
Esta última década tem sido penosa para a organização do Fazer a Festa e a sua programação tem andado “perdida” porque os apoios escassearam e o orçamento que o Teatro Art’ Imagem dispõe para o Festival não permite organizá-lo como achamos que merece. Tem sido a persistência da estrutura da nossa companhia e o apoio que tem vindo a ter de outras companhias de teatro portuguesas e também de algumas galegas, a única maneira encontrada para não acabar, esperando que melhores dias nos cheguem.
Olhando o futuro do Festival com muita apreensão mas não baixando os braços,
tudo faremos para que ele continue, se renove e encontre outros caminhos, colaborações e apoios !
( in página do facebook Art'imagem Teatro )
.
Várias são as razões:
os cortes nos apoios do Ministério da Cultura e a sua insensibilidade ao longo destes últimos anos para com a situação particular deste Festival Internacional.
A sucessiva deterioração das condições financeiras que o Festival vem acumulando ao longo das últimas edições.
A atitude hostil da Câmara Municipal do Porto que, além de não o apoiar financeiramente, deixou de disponibilizar o Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett para a sua realização e, este ano, ainda nem respondeu ao nosso pedido (o primeiro feito a 6 Dezembro 2010) de autorizar a utilização dos Jardins do Palácio de Cristal...
Todavia, ainda achamos que este Festival não deve acabar: o número de espectadores que a ele acorrem anualmente, a disponibilidade das companhias nacionais e estrangeiras que sempre aceitam a sua participação de forma entusiástica e todo o seu longo historial e referentes artísticos continuam a dar-nos alento para não desistir.
Entendemos que estes trinta anos devem ser lembrados e festejados como uma edição evocativa
que permita ser, ao mesmo tempo, um momento de festa e de parabéns por todos quantos contribuíram para que o FAZER A FESTA tivesse tão longa vida, mas também um compasso de espera, um momento de reflexão para o repensar e encetar novos caminhos que permitam que o Festival se renove e continue a ser um marco incontornável da vida teatral...
Assim o “FAZER A FESTA” de 2011, na sua 30ª edição, será a sua própria evocação, ocupando o espaço público da cidade do Porto com intervenções artísticas em lugares icónicos do burgo, festejando e questionando o seu lugar na vida cultural e social portuense e apelando à participação de todos quantos tornaram possível esta realidade com trinta anos, três vezes mais os que gastou Homero no seu regresso a Ítaca, depois da guerra de Tróia.
As intervenções artísticas serão concretizadas pelos elementos e colaboradores habituais da companhia e por todos aqueles artistas, companhias, amigos e espectadores que já passaram pelo Festival e todos as demais companhias e artistas teatrais portugueses que se queiram associar a esta edição evocativa, que acontecerá entre os dias 14 a 17 Junho 2011.
Relembramos as fases principais porque passou o Festival ou, aproveitando o mote, dar um passo no passado e outro no futuro.
José Leitão (director artístico do Festival)
Na Primavera de 1982 organizámos a 1ª edição do “FAZER A FESTA - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO”.
A partir dessa data, anual e ininterruptamente, este Festival (o terceiro mais antigo Festival Internacional de Teatro que se organiza em Portugal e que, durante muitos anos, foi o único que dedicava a maior fatia da sua programação ao Teatro para a Infância e Juventude) foi cumprindo os seus objectivos bem como outros entretanto introduzidos, acompanhando a evolução teatral da cidade do Porto.
Relembrar alguns aspectos da sua história constitui um acto de resgate do olvido a que geralmente se vota a alguns aspectos da actividade teatral que, dada a sua efemeridade, facilmente se esquece se deles se não der notícia...
Ora, como sem memória não existe conhecimento e sem este não existe criatividade, o futuro alicerça-se também neste passar de testemunho dos que fizeram para os que vão fazer, ou melhor dizendo, nós não somos o princípio da história, ela já existia quando aqui chegamos e só se aprende sabendo...
de 1982 a l991 (da 1ª à 10ª edição): O Teatro à procura da Cidade ou aprendendo a andar, caminhando...
São anos de intensa actividade, aprendizagem, contactos e intercâmbios que nos permitem conhecer e ser aceites na comunidade teatral da cidade e do país. Lembre-se que a cidade do Porto só tem a 1ª edição doutro Festival Internacional de Teatro (o de Marionetas) em 1989, o Teatro Municipal Rivoli ainda não tinha programação, e o T.N. São João, como Teatro Nacional, só começaria e funcionar desde l984. Não havia na cidade salas de acolhimento de outras companhias e só nos dois festivais existentes (FITEI e FAZER A FESTA) se podia ver grupos de fora do Porto e do estrangeiro.
Em toda esta década o núcleo principal da programação do Fazer a Festa esteve sediado no Salão da Junta de Freguesia do Bonfim, que apoiou entusiasticamente o Festival até 1991.
de 1992 a 2002 (da 11ª à 21ª edição): A Cidade encontra o Teatro... Há Festa na Aldeia !
É nestes dez anos que o FAZER A FESTA dá o salto e se consolida como Festival de referência a nível nacional, principalmente porque passa a maior parte da sua programação para os jardins do Palácio de Cristal.
Os espectáculos são apresentados em tendas especialmente montados nos jardins e aproveitam-se outras estruturas edificadas no local. A programação vai desde as 10h da manhã até à madrugada, com espectáculos diurnos para a infância e escolas e aos fins de semana e espectáculos para a juventude e adultos às 21h30, às 23h30 e mesmo à 01h00 da madrugada... durante dez dias seguidos !
Começa-se a construir-se uma “Aldeia Teatral”: públicos e artistas partilham o mesmo restaurante e o bar, convertendo estes espaços em local de amena cavaqueira, conhecimento, aproximação e discussão entre os que fazem e os que viam os espectáculos.
Várias companhias nacionais já prestigiadas aceitam apresentar e mesmo estrear alguns espectáculos nestes espaços não convencionais e há momentos de intensa partilha teatral e artística entre todos os intervenientes. Companhias emergentes e projectos em nascimento apresentam-se no Festival e as companhias da chamada “província” encontram no Porto um espaço de apresentação dos seus espectáculos. Descobre-se que o País teatral não é só Lisboa e Porto...
Em 2001, a 20ª edição do Festival corresponde ao ano em que o Porto é capital europeia da Cultura e é inserida na sua programação. É neste ano que, pela primeira e única vez, é visitado por um Ministro da Cultura !
De notar que, em todas as suas edições nunca nenhum presidente das Direcções Gerais que o Ministério “inventa” ano sim ano não, nenhum secretário de estado da Cultura e nem mesmo qualquer Presidente de Câmara do Porto “ousaram” assistir ao Teatro nas tendas em que o Festival se realizava ! Talvez porque o FAZER A FESTA nunca teve gala de abertura, começando desde logo com Teatro... mas seria interessante saber quantos espectadores foram então conquistados para o Teatro por assistirem a este Festival !
de 2003 a 2011 (da 22ª à 30ª edição ?): O Teatro deixa a cidade...e o deserto aqui tão perto !
É a partir desta data que o Festival começa a sentir muitas dificuldades em se realizar.
Os apoios estatais não aumentam e o orçamento do Festival está englobado na actividade da companhia, não tendo contas autónomas. A Câmara Municipal com o novo executivo começa a hostilizar a cultura e o teatro e descem drasticamente os seus apoios numa primeira fase, para mais tarde acabarem com os mesmos.
Segue-se depois um tempo (2006) em que para obter apoio camarário é necessário assinar uma cláusula, comprometendo-se a companhia a não criticar a política cultural da edilidade. Quem não assina, não recebe apoio financeiro. Não assinamos: corte total do apoio financeiro.... que continua até hoje, 2011.
Esta última década tem sido penosa para a organização do Fazer a Festa e a sua programação tem andado “perdida” porque os apoios escassearam e o orçamento que o Teatro Art’ Imagem dispõe para o Festival não permite organizá-lo como achamos que merece. Tem sido a persistência da estrutura da nossa companhia e o apoio que tem vindo a ter de outras companhias de teatro portuguesas e também de algumas galegas, a única maneira encontrada para não acabar, esperando que melhores dias nos cheguem.
Olhando o futuro do Festival com muita apreensão mas não baixando os braços,
tudo faremos para que ele continue, se renove e encontre outros caminhos, colaborações e apoios !
( in página do facebook Art'imagem Teatro )
.
1 comentário:
Olá passei para conhecer seu blog ele é notº10, show, muito maneiro com excelente conteúdo desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua familía
Um grande abraço e tudo de bom
Enviar um comentário